quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

2018

                                     Resultado de imagem para política
                                        Fonte: www.uai.com.br
 

    As vezes decidir o assunto de uma crônica gera uma enorme indecisão, melhor é quando acordo já com uma ideia definida, me sento ao computador e ela já sai pronta, quentinha como o pão da primeira fornada da padaria.

     Mas não é assim, fácil. Há pouco olhei uma pequena estatística deste blog, das 21 crônicas publicadas outras 18 outras são rascunhos. Acho que a autocrítica me impediu de publicar a maioria delas.

    Uma das crônicas, particularmente, foi apreciada por 1740 leitores (O silêncio de uma doença), outras, menos de 40 acessos.  A campeã de leitura trata de uma situação insidiosa, que é a perda de um amigo por suicídio, uma pancada tão grande como um assassinato, da qual tenho experiência.

     O suicídio, uma condição humana extrema. Antes de redigir esta crônica li que o suicídio é uma situação de extremo narcisismo que afeta quem fica vivo. Não sei, achei um conclusão afetada.

    Por estímulo de um grupo de Whatsapp no ano passado passei meses lendo muitas matérias sobre a Lava Jato. Do que a grande mídia empresarial nos queria impingir, da tentativa de ler outras visões da mídia autofinanciada, com poucos recursos, mas que ousava fazer análises mais aprofundadas envolvendo os protagonistas, os fatos e as contradições propositalmente ignoradas pela mídia dos grandes veículos. Queria fugir dos conteúdos tendenciosos e busquei, como ainda busco comparar o que leio com umas poucas matérias jornalísticas mais equilibradas, que comentam os aspectos jurídicos, éticos e fáticos que envolvem as ações da Lava Jato e suas derivações.

    Ocorreram muitas Brasil afora. Conforme vasto noticiário há disseminação do uso dos mesmos métodos da Lava Jato: a condução coercitiva de surpresa; a espetaculização das operações; a convocação de contingente imensos da Policia Federal para atuar contra uns poucos investigados e os enormes vazamentos, seletivos, que parecem ter diminuído.  Por fim, o mais famoso dos métodos: a prisão preventiva para força o acusado a aderir a delação premiada, situação muito criticada pelos juristas. 

     No conjunto uma estratégia nova  no Brasil, um método novo para atingir os encastelados no poder e na força do dinheiro, de reais resultados, tanto pelo lado bom, o da punição, quanto pelo questionável: as reclamações de abuso de poder, com os questionamentos do risco de abrir brechas para o arbítrio. 

     Esta é uma situação típica dos dilemas do tamanho do universo: se pune sob o objetivo de não deixar criminosos sem serem sentenciados, utilizando métodos não agasalhados pelo direito do Brasil e com um processo mais rápido ou segue os trâmites e as filosofias tradicionais e torna o processo mais lento?

     Há muitos a favor da celeridade e outros que veem risco institucional em se quebrar o arcabouço jurídico. 

    Mas uma das operações com aplicação dos métodos da Lava Jato tem me rondado a cabeça desde que li a notícia: O caso da operação (Ouvidos Moucos) que prendeu o falecido reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier. Após a prisão, em 18 dias ele se suicidou. Vergonha, humilhação extrema, revolta, culpa, abuso das autoridades, culpa fática. Quais desses vetores provocou a decisão extrema?
    
    Chegamos a 2018. 

    Ele já iniciou com algumas conjecturas em cima do julgamento de Lula no TRF 4, as análises se repetiram durante o dia de ontem. Mônica Bérgamo, da Folha de São Paulo, colocou que o STJ já discute se a votação for 3 x 0 o destino de Lula estará sacramentado, se for 2 x 1, o recurso poderá ser analisado e ele ter alguma chance de ser candidato neste ano. 

     Eu fiquei parte de ontem matutando, seria uma análise legítima? Seria o desejo de passar recado? Seria uma prévia ou premonição do julgamento ou seria o desejo de influenciar os magistrados do TRF 4?

     Tudo que envolve Lula é cheio de certezas, incertezas, verdades, não tão verdades, tudo tem um quê de dubiedade muito extremo. Qual verdade marcará a história dele? A verdade dos autos? Ou uma pós-verdade garimpada por algum historiador corajoso e uma editora igualmente corajosa?

     Você acredita que ela vá ser candidato? 

     Eu sinto que não será. No entanto,  estou muito curioso como vai se desenrolar a eleição presidencial deste ano se o TRF 4 condenar Lula por 3 x 0. 

 

 
 

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