Hoje é uma pequena história que as festas juninas fizeram sair do sono das memórias adormecidas. Estava fazendo uma pesquisa sobre a origem das festas juninas quando um estalo me fez lembrar desse episódio.
Eu tinha de 16 para 17 anos. Já sabia dirigir. Papai nesse tempo tinha dois veículos, um Corcel I e uma Rural 1971, cujo apelido era Sofrida. Ela tinha passado pelas mãos de um primo e quando papai a comprou estava muito maltratada.
Papai era festeiro e eu um adolescente para lá de tímido, fugia das festas e só me entrosava fácil ao jogar futebol.
Um dia papai colocou como meta, imagino, me estimular a participar das festas e do meio festeiro.
Na época em Águas Belas (PE) havia uma baile de São Pedro que atraia gente das cidades vizinhas. Sei que papai e mais alguns amigos fizeram uma caravana para ir nessa festa. Era meados dos anos 1970.
Na véspera do São Pedro os homens adultos e casados foram para esse baile sem as esposas e fui junto, convidado por papai.
Sabe, passei a noite sentado vendo papai e seus amigos dançando e bebendo. Só não beberam eu e os motoristas.
No dia de São Pedro, amanhecendo o dia, a banda acabou o baile e papai saiu na Rural com o outro carro atrás, onde estavam seus amigos, acompanhando a Rural Sofrida.
Tudo ia tranquilo, carro saindo da cidade devagar, já distante do centro, bem pertinho da rodovia, papai resolveu ter a última comemoração daquele São Pedro.
De surpresa ele abriu o porta luvas e pegou o revólver e deu vários tiros para o alto, em uma estranha comemoração de final de festa junina e; não sei foi o eco dos disparos, ou se foi a memória reproduzindo, mas eu ouvi mais disparos do que os feitos por pai, não sei se algum amigo no outro carro o imitou com esses estranhos de fogos de São Pedro.
Abração, Marconi
