quarta-feira, 28 de março de 2018

Tempos Sombrios

       

       A forma inteligente de manter as pessoas passivas e obedientes é limitar estritamente o espectro da opinião aceitável, mas permitir um debate intenso dentro daq... Frase de Noam Chomsky.

      A filósofa Hanna Arendt escreveu um livro cujo título remete ao quadro que veio se criando desde a segunda eleição de Lula. Este livro analisa a situação de pessoas célebres nas circunstâncias críticas que o envolviam em suas vidas perante eventos como o Totalitarismo.

     "Homens em tempos sombrios", pego emprestado Tempos Sombrios para refletir, minimamente, sobre os tempos de 2018 no Brasil.

      De início quero trazer uma pequena recordação de um professor que um dia disse que ao se trabalhar com inteligência (empresarial) se deve prestar atenção aos sinais fracos.  Só que agora não há mais sinais fracos do risco de ruptura institucional e social no Brasil. 
     
     Atirar ovos é prosaico, mas um sinal, atirar pedras, uma violência grave mas que passou sem a devida importância da sua gravidade, mas atirar com arma de fogo em uma caravana politica é uma circunstância tão crítica quanto o que ocorre no Rio de Janeiro.  É uma semente capaz de abrir a porta do inferno.

     Em 1982 meu pai era candidato a prefeito em Bom Conselho.  A campanha naquele ano já começou com ruptura entre amigos, correligionários de longa data. Em poucas semanas a cidade estava em pé-de-guerra.  Os sinais daquele tempo estão como o do presente.  Violência verbal que se transformou em violência de fato, capangas andando armados e provocando, cidadãos andando armados, na velha aura da "macheza" dos homens "valentes", massa de manobra para alguns "líderes". O resultado desses sinais, que o poder público não atuou a tempo e hora, implicou em duas mortes antes daquela eleição, entre elas a do meu pai e criou um bando que tomou conta da cidade e matou mais alguns após o fechamento das urnas.

     Nesta terça-feira os fatos atropelaram a retórica e o direcionamento de uma Televisão quando começava a divulgar, na última segunda, as ameaças que chegaram aos familiares do ministro do STF Edson Fachin. Na segunda-feira mesmo, esta TV, na primeira inserção da entrevista, já insinuava que a ameaça vinha dos simpatizantes de partido político.

      Na terça-feira, quem leva bala? 

    Um ônibus cheio de jornalistas que acompanhavam a caravana do PT no Paraná e os fatos mataram a estratégia de insinuar que as ameaças contra  Fachin tinha nome e sobrenome, os "radicais" inconformados com a Lava Jato. Matutando, senti o power soft, que persistiria dias a fio, até criar a percepção no público que era o desespero diante da iminente prisão do seu líder motivando  as ameaças, iniciando a manipulação da opinião pública às vésperas da eleição e apontando: Este grupo é o culpado pelas ameaças. 

   Pelo episódio da última terça-feira tudo indica que o radicalismo tenha feito muitos adeptos das várias correntes de crenças do "eu estou certo" e quem "pensa diferente, está errado". Situação amplamente observada nas redes sociais e aproveitada por quem pode manipular a opinião pública.

    As duas situações merecem uma apuração isenta e profissional, mas será que vai ocorrer ou teremos sempre informações filtradas?

   Parece que o caminho atual no Brasil leva ao ditado: dois bicudos não se beijam, se bicam.

     O Brasil está repleto de bicudos prontos para tirar o couro do outro.

 "Homens e mulheres em tempos sombrios".

Abraço,

O poder revela ou transforma uma pessoa?

  imagem: Orlando/UOL.            Um papo na última segunda-feira entre aposentados do Banco do Brasil que tiveram poder concedido pela empr...