Como o jardineiro prepara o jardim
para a rosa que se abrirá na primavera.
para a rosa que se abrirá na primavera.
A frase é de Paulo.
Lá no início dos anos 1990 se iniciou uma jornada na busca para ser educador, logo de cara fui apresentando a um livro, dos mais difíceis que li e um dos mais profundos também.
A filosofia era uma disciplina distante, só conhecia de ouvir falar, ainda assim, em sussurros. Era tão estranha quanto era escassa a bagagem intelectual para compreender textos que arranhassem uma reflexão mais profunda.
Tal livro foi tão difícil e demorado de se ler, tanto quanto foi Um Ensaio sobre a Cegueira.
O que eles têm em comum? Não se pode os ler com pressa, se houver tal tentativa, ou o leitor abandona a leitura, ou volta para o início na busca da compreensão.
Na leitura de Ensaio sobre a Cegueira foi assim, depois de quase 100 páginas de uma leitura com zero de compreensão, ir ao início foi a saída. Isto depois de duas tentativas leituras de livros de José Saramago: O Evangelho segundo Jesus Cristo e O Homem Duplicado.
Vamos para o livro inicial. A sensação ao ler era que estava diante de um redemoinho ou de uma escada em caracol em que os degraus se sucediam interruptamente frase após frase. A vontade de abandonar era imensa, a teimosia equilibrava tamanha força, no final, foram quase 90 dias de um esforço como se caminhasse 20 subidas à serra de Santa Teresinha.
Não é por nada, não. É subida dela é íngreme, até carro pia.
A leitura fruiu penosa, sem entender a realidade que o escritor buscava me fazer, como leitor, refletir. A compreensão, parcial, apenas ocorreu nas últimas páginas, ainda assim, descontextualizada pela minha história de vida até então. Que vivia dentro de uma realidade bem distinta da situação circunsdante nas cidades nordestinas nas quais vivi até 1995.
Muitos anos, muitos se passaram, chegou o Tik Tok, o YouTube já era realidade, até que em 2020 assisti no Instagram Sérgio Cortela falando desse autor em uma das suas apresentações. Comecei a ver alguns vídeos, pequenos trechos selecionados. Em um deles, aquele ancião, de cabelo grande, barba imensa, completamente grisalha. Com um modo de falar suave atraiu meu interesse.
Vi um vídeo, outro, outros e passei a semana pensando nele, naquele domínio de pessoa que é Senhor de Si, do seu saber. No entanto, com tanto saber ele não era arrogante, como parece ocorrer com muitas pessoas de elevado saber intelectual. Ele era diferente, de uma serenidade pacificadora por compreender que o seu saber servia a muitos.
Já pensou em alguém, assim, top, mas que é humilde? Foi assim que tive uma admiração, não de ouvir dizer, mas da compreensão da sua mensagem.
Não sei se já desconfiam quem é ele. Lá vai. O livro é Pedagogia do Oprimido; O mestre: Paulo Freire.
Para encerrar, trago uma frase dele para refletirmos:
Quando a educação não é libertadora, o sonho do Oprimido é ser opressor.
Já pensou a respeito? Amplie a reflexão para outros pontos da "liberdade doutrinada" em que vivemos. * Noam Chomski
Por hora, é só.
Abraços, Marconi Urquiza
Frase de abertura, siga o link: Paulo Freire
