Nesta semana adquiri um novo livro. Depois de muito ensaiar a leitura de alguns dos livros de Clarice Lispector eu comprei, CORREIO PARA MULHERES. Este eu estou lendo.
Há no livro centenas de conselhos e opiniões que ela escreveu para o Diário da Noite do Rio de Janeiro, entre 1960 e 1961. Li algumas, duas, três por vez, para que o livro não acabe muito rápido e eu possa aprender alguma coisa.
Alguns dos conselhos são tão pueris para os dias atuais, que se aparecesse hoje em um jornal ou um blog seria imediatamente detonado pelas próprias mulheres.
Depois de ler cerca 12 conselhos eu fiquei matutando, aliás, venho matutando desde que li as primeiras crônicas.
Como seria um Correio para Homens para os dias atuais em que, até paquerar, enche muitos barbudos de cautela ou de medo?
Medo de não saber se a mocinha está a fim de um flerte ou vai olhar com a cara feia. O cara mesmo, por cautela, não sabe se estar paquerando ou assediando. É um perigo em cada olhar.
E, em tempos de Cialis, de Viagra, Levitra e da catuada reforçada onde há muito novinho tomando essas vitaminas por pura insegurança, sem necessitar. Pois um rapaz, com quase 800 nanogramas de testosterona por decilitro de sangue, é capaz de mijar para céu.
Pois bem, alguns que tomam, ficam com o pinto doendo, capaz de ter um priapismo e ir parar em um hospital para aliviar a angústia e a vergonha. Quem sabe ele irá ser atendido por uma enfermeira, que com muita técnica enfia uma agulha e retira o sangue.
Só imagino ... só estou imaginando: O cara vai ter um trauma tão medonho, ondex tudo que for azul ele vai refugar por muito tempo.
Como chegar com um Correio para Homens e dizer para os que se parecem gigantes, imensos, que não conseguem se portar bem nas relações com uma mulher e a agride. O Correio para Homens chegaria para eles assim: meu velho, você tem tanta energia, não gaste ela a toa, vá gastar com quem pode te amar.
O que dizer em um Correio para Homens quando ele passou dos cinquenta, o mercado já não o quer e as mulheres parecem ter se cansado de vê-los todo santo dia. O que dizer? Não sei, não achei a resposta.
Talvez achemos um consolo, talvez achemos uma apoio neste poema de Fernando Pessoa:
AUTOPSICOGRAFIA (*)
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Abraço, Marconi Urquiza