
Diz-se da melhor companhia: a sua conversa é instrutiva, o seu silêncio,formativo. Johann Goethe
Na semana passada eu estava na minha terra natal. Em uma das conversas com meu cunhado eu perguntei por Luiz Clério, editor do jornal A Gazeta, e também quis saber a que horas eu poderia vê-lo, pois desejava discutir o projeto de transformar em livro parte das centenas de crônicas escrita por tio Florisbelo Vila Nova.
A resposta de Washington foi que ele, mais meu primo José Tenório Neto e o amigo do meu pai, Naduca, se encontravam para conversar toda tarde. Como uma mágica da imaginação, explodiu em minha mente o título desta crônica e minutos depois a história começou a nascer.
Bem, o primeiro, mais famoso e prestigiado escritório das conversas avulsas da minha terra natal deve ter sido o cafezinho do Coronel José Abílio Ávila de Albuquerque, cuja tradição resistiu por muitos anos após sua morte.
O cafezinho, se a memória não falha, se iniciava com a pontualidade britânica às cinco horas da tarde. Eu não sei o que conversavam, eu era criança e depois adolescente. A sensação que eu tinha quando via aqueles homens mais velhos sentados na varanda da casa do Coronel era de pompa e circunstância.
Não era o único, havia outros escritórios. O mais mundano foi o da "esquina da fofoca". Este escritório ficava na rua e defronte de uma antiga barbearia situada na esquina das praças Pedro II e com a João Pessoa e por esta descia para o Corredor, apelido da rua Agamenon Magalhães. Segundo as boas e, também as más línguas, ali só se conversava dos escorregões e putarias que rolavam na cidade.
O cafezinho, se a memória não falha, se iniciava com a pontualidade britânica às cinco horas da tarde. Eu não sei o que conversavam, eu era criança e depois adolescente. A sensação que eu tinha quando via aqueles homens mais velhos sentados na varanda da casa do Coronel era de pompa e circunstância.
Não era o único, havia outros escritórios. O mais mundano foi o da "esquina da fofoca". Este escritório ficava na rua e defronte de uma antiga barbearia situada na esquina das praças Pedro II e com a João Pessoa e por esta descia para o Corredor, apelido da rua Agamenon Magalhães. Segundo as boas e, também as más línguas, ali só se conversava dos escorregões e putarias que rolavam na cidade.
Meu pai também tinha o seu escritório das conversas avulsas, mas, me parece, que era um misto da jocosidade da "esquina da fofoca" com o cafezinho do Coronel.
Este de papai também começava no final da tarde, ele era meio escondido. Ocorria na velha Farmácia Confiança. Cinco, seis, sete amigos entravam e sentavam na parte de trás, onde ficava o estoque de medicamentos. Nessa parte do prédio havia sofás, várias cadeiras individuais e a escrivaninha de papai.
Era um encontro de amigos. Amizade celebrada quase diariamente com muita conversa. Às vezes quando a risada era grande eu chegava mais perto para escutar. Por ser uma conversa de adultos, papai sempre dava um jeito de me manter longe.
Muitos escritórios das conversas avulsas começam na mesa de um bar, houve época que eu dizia para a minha esposa: O bom lá não é a cerveja, bom mesmo, é o papo.
Em um desses eu peguei carona. Ele já existia. Quase toda sexta-feira um happy hour ocorria em um dos locais no qual trabalhei. No início as palavras eram muito agressivas, depois foram amenizando e tivemos muitos bons momentos.
Muito tempo depois daqueles escritórios da minha juventude, um escritório foi se formando espontaneamente após os expedientes no Banco do Brasil e ele me deixou saudades.
Nem sei quando começaram as nossas conversas avulsas. Com muita frequência a gente acabava o trabalho diário, com a agência fechada a gente parava na rampa de entrada do prédio do Banco do Brasil em Surubim e ficava batendo papo. Não sei quanto tempo, 10, 20 minutos e a conversa rolava solta, menos sobre o banco, creio.
Ali, na boquinha da noite, na vazia Rua João Batista, tão frenética pela manhã e parada às 18 horas, uma amizade foi se formando. Foi nela onde: eu, Negri, Jan e Ronaldo fizemos o nosso escritório de amizades.
Pois bem, um escritório das conversas avulsas que se preze é um encontro de amigos e não há só um assunto, qualquer assunto vale para se conversar. Ninguém lá quer ter razão, pois todos têm razão.
Abraço, Marconi Urquiza.