sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Adultização (Felca)

 

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               Nesta semana, bombou nas redes sociais o vídeo em que o youtuber Felca denuncia o esquema da Adultização de crianças por pedófilos. A primeira frase que me veio à mente foi: "Entrei de gaito em um navio, entrei...", como uma indicação que muitos pais não se deram conta desse problema ao liberar acesso irrestrito das crianças à internet. 

        Tem um termo comum no direito para dizer que é culpa da empresa por não vigiar, acompanhar, monitorar: culpa in vigilando. Para os pais, pode não ser diferente, pois eles têm o dever de saber o que os filhos, ainda crianças, fazem e evitar que caiam em armadilhas.

        Vídeo de enorme repercussão, mobilizou vários deputados federais, o presidente da Câmara Federal, Hugo Motta, para pautar o assunto e colocar os projetos em votação. Aqueles homens e mulheres têm filhos e netos; poderiam se preocupar com eles, mas o cálculo é sempre "causar" nas redes, aparecerem agora como defensores da família é ótimo para se "dar bem" nas redes e nos futuros votos. A questão maior, é como o ex-deputado federal Maurício Rands denominou em programa de rádio, eles são os projetos de finais de semana, feitos para aparecer e param por aí.

        E na próxima sexta-feira, esse clamor que ocorreu nesta ainda motivará os parlamentares?

        A acusação de Felca, na minha opinião, é contra a submissão do Brasil aos interesses das Big Techs, e toda manifestação a favor de evitar isso é acompanhada por uma ofensiva ao estilo dos gangsters, mafiosos. Primeiro, vem a cooptação com dinheiro, influência, apoio e facilitação para o nome ganhe proeminência perante o eleitorado. Se não funcionar, vem a chantagem branda; se isso não transformar o parlamentar em apoio às Big Techs, as armas de guerra são utilizadas.

        Tem outra estratégia: atuar de dentro contra tais medidas, minando qualquer iniciativa contrária, cooptando outras pessoas e passando informações que possam ser utilizadas para acabar qualquer iniciativa parlamentar que restrinja as Big Techs.

        Lembrei-me de alguns livros que li quando planejava escrever um romance de ficção, e eles esmiuçam como o caos foi causado pelas Big Techs ao redor do mundo. Entre eles estão: Os engenheiros do caos e A máquina do caos. Nesse contexto, há um exemplo do que aconteceu com o caos político em Mianmar, originado por postagens no Facebook que viralizaram; a empresa foi avisada e não tomou providências. Também recomendo este livro: Mercado sombrio - Cybercrime e você, que trata dos crimes provenientes do submundo da internet, a denominada Dark Web.

        Quase finalizando, tem uma parte de pessoas que vêm tais empresas atuando para serem os supra-governos mundiais, submetendo os países aos seus modos de pensar, principalmente querendo transformar nações inteiras em fantoches para seus interesses e vontades, cooptando-nos através dos algoritmos. Isso extrapola o aspecto econômico e financeiro, para ser uma força política permanente. Nesta semana, li algo que me deixou mais atento às ações dos Estados Unidos contra o Brasil; a mensagem dizia literalmente: o caso não é sobre economia, é sobre política. POLÍTICA.

        Muitos de nós, de tão politizadas estão as coisas, rejeitamos a política. Negamos a política, abandonamos a política e quem dela gosta e quem dela tira vantagem, adora a falta de vigilância dos cidadãos eleitores.

        Vou usar como analogia do termo 'A Economia da atenção', que o que move as redes sociais, sequestrar a nossa atenção por qualquer meios.

        Um sociológo, o qual não lembro o nome, comentou que o que faz muita gente parecer anestesiada perante tantos conflitos, brigas e escândalos divulgados Brasil afora é que estamos submetidos a uma defesa psicológica que implica cansaço, podendo ser uma estratégia eficaz: cansar a sociedade para que não reaja. Sem reação, a estrada fica livre para se fazer muitas das barbaridades que vemos todos os dias.

        De certo modo, creio que vivemos sob um experimento psicológico que deu certo. Nos dominar pelo likes e cliques do que gostamos individualmente de ver. Essas empresas têm sob seu controle uma enorme quantidade de informações sobre cada um que lhes acessa às suas redes e com tais dados podem desenvolver estratégias de algoritmos que nos influenciam permanentemente.  

        Por fim, para quem puder, vamos cuidar para que as crianças da família não sofram com a Adultização, às vezes sem que nos demos conta.


        Por hora, é só. Marconi Urquiza.


(*) Imagem disponível em https://www.blogdotiaolucena.com/abra-o-olho/

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