sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Leituras rápidas

 


        Ando com uma preguiça de escrever e se for extenso, é quase impossível iniciar um texto. Hoje acordei pensando um assunto, na falta de algo profundo, vão umas palavras sobre a leitura. 

        Por falta de grana não viajei em um final de semana de Afogados da Ingazeira para Recife, isto ocorreu em 1984. Como ajuda para ficar o final de semana sozinho na república, literalmente, pois todos os moradores, exceto eu, viajaram, eu ganhei emprestado o romance Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marquez. Comecei a ler no final da sexta-feira e fui me empolgando, me empolgando e na boca da noite do domingo terminei a leitura.  Nunca havia lido um livro daquele tamanho com tanta gosto e tão rápido.

        Dois anos depois me peguei lendo Xogum, um livro sobre o Japão medieval. Havia assistido a série, mas como parte dela era falada em japonês, sem legenda, fiquei carente e quando a Editora Abril lançou o livro em dois volumes o comprei e o li nas férias do trabalho em 1986. Dez dias de leitura, um livro de mais de 1.000 páginas. Mas como a história foi bem contada, fluída, terminei.  

        Em uma conversa me perguntaram se havia deixado de ler algum livro pela metade, respondi muitos. Lembro de três livros, um de um autor norte americano, um livro extenso, quando perto do final perdi o gosto de continuar o lendo, outro exemplo foi o romance de Ariano Suassuana, Romance da Pedra do Reino. Neste tenho até detalhes, já passado da página 600, parei a leitura, terminei cansando. Recente, tentei ler Viva o Povo Brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro, logo no início parei,  o meu momento pedia outro tipo de leitura.

        20 anos após ler Cem Anos de Solidão passei na frente de uma livraria no Shopping Center Recife e vejo na vitrine vários livros, aquela ilha vermelha dos exemplares do Código Da Vinci. Fui atraído pelo que falavam do livro. Era uma sexta-feira. No sábado seis da manhã comecei a ler, e fui lendo, e fui me empolgando, e fui tendo uma compulsão que só terminou quando conclui a leitura dele às 10 horas da noite e ganhei por causa disso, uma tremenda enxaqueca. 

        Ler Cem Anos de Solidão em dois dias foi uma descoberta do prazer de ler, mas o Código Da Vinci, ler em 16 horas continuas deu-me arrependimento. Foi um exagero. Embora saiba que por experiência própria que para ler precisa de rítmo, se o leitor se afastar três, quatro dias do livro, dificilmente terminará.

        Mas teve um romance que o li propositalmente lento, poucas páginas do livro por dia, levei quase trinta dias para o ler. Foi Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Não queria acabar a leitura deste livro em um dia, um dia e meio, pois entendia que o livro merecia ser lido com respeito a ele e ao autor. É uma obra de arte para ser cuidadosamente apreciada. Considerando um livro de 128 páginas, bom de ler, foi a mais demorada leitura.

        Recentemente li Ainda Estou Aqui, de Marcelo Rubens Paiva. Toda vez que veja um livro que fala de algo biográfico familiar procuro ler. É um livro leve, ao mesmo tempo profundo, traz emoções contidas, como disse o autor em várias entrevistas, não tem nele melodrama. Após o ler o meu momento de leitura virou, entrou o interesse por livros com análises do momento atual do Brasil e comecei a assistir cortes de entrevistas no You Tube, até que peguei Jessé Souza sendo entrevistado sobre seu último livro: Pobre de Direita - a vingança dos bastardos - o que explica a adesão dos ressentidos à extrema direita?

        Pouco posso comentar sobre ele, o início ele traz explicações como "o consentimento da massa ocorre vinda do alto (elites) para baixo", sendo imposto através da comunicação, do convencimento por meio dos sentimentos regressivos (coisa de psicanálise) que as mensagens afloram nas pessoas. Mais não posso me aprofundar mais, pois nem cheguei ao um terço do livro.

        Posso adiantar que tem sido um leitura interessante, algumas descobertas e a compreensão como podemos ser manipulados como se tivessemos decidindo que hoje, em vez de comer feijão carioca, escolhemos comer feijão preto.

        Bem, por hora é só. 

        Abração, Marconi Urquiza.

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