Gaudêncio, Hélio,
Mocó,
Bode, Milton,
Bacurau...
Na véspera do grande
encontro
Com estilo de sarau
Nos bares de
Afogados
Quantos casos
relembrados...
Pinga e cerveja no
grau.
Do Poeta Ademar Ferreira Rafael
Amiga leitora, amigo leitor, agora você vai passear por 390 quilômetros de memória, em uma viagem física, no tempo e no afeto.
No dia 01 de fevereiro de 2020 foi realizado um grande encontro dos ex-funcionários do Banco do Brasil de Afogados da Ingazeira, naquela querida cidade.
Nas minhas contas eram 26 anos sem ir à cidade, a última vez em 1994. Nem posso falar da lindeza que a cidade havia sido transformada.
Como motorista que tenta decorar cada curva do caminho, não tenha dúvida, tentei advinhar os buracos de mais de 30 anos antes. Não é que achei alguns! Achei, ixe! Quando nós (Eu e Cida) viramos em Cruzeiro do Nordeste ou Placas, indo à direita na direção de Sertânia, comecei a ver antigos e novos buracos no asfalto que parecia se esfarelar.
Pegamos uma parte da rodovia estadual em Sertânia no sentido de Custódia e ela parecia um tapete, saímos dela e pegamos uma rodovia federal com os buracos antigos, mas o que esse trecho tinha de especial foram duas recordações.
Já havia anoitecido no sábado de 09 de janeiro de 1982 e me sentia perdido quando passava no povoado de Albuquerque Né, vindo de Recife. Naquele início de noite eu dirigia devagar com o Chevette branco, 1978, olhei para o lado direito e vi uma bodega. Parei e desci para perguntar como iria para Afogados da Ingazeira, para tentar disfarçar meu constrangimento pedi uma Coca Cola. Corri com olhar as prateleiras em busca de algum biscoito. Nada tinha, quer dizer: tinha muita cachaça e cerveja.
No último copo perguntei como chegaria em Afogados. Recebi a orientação e saí guiando como se tivesse andando de salto alto.
Uns 10 minutos depois achei a estrada para o meu destino de mais de 5 anos.
Naquela volta em 2020 essa lembrança veio forte, com olhar ávido tentei achar a casa onde funcionou a bodega. Não a reconheci, andamos mais um quilômetro e vi o campo de futebol. Nesse ano parecia estar abandonado.
Encostei o carro na beira da estrada e fiquei olhando-o, também olhei para dentro e a lembrança me levou a vê-lo em um domingo à tarde, um domingo qualquer na década de 1980. Nesse dia a gente voltava de Bom Conselho, no campo corria solta uma partida de futebol.
Um time atacava para o norte e outro para sul. O time que atacava para o norte, fez uma jogada pelo lado esquerdo e a bola foi cruzada para dentro da área e um jogador que corria da direita para o centro dela acertou o gol de primeira. Nem vi direito a comemoração, dei partida no carro e me concentrei nos 48 km que restavam até Afogados da Ingazeira.
Naquele entardecer de 2020, sexta-feira, após dar uma volta em Afogados vi três colegas aposentados tomando cerveja. Parei o carro e fui até eles.
Izac, Bode, Joãozinho Mocó e Bacurau já haviam vertido várias garrafas. Com gosto pela cerveja, me encostei e comecei a também verter. Não é que de repente recebi o aviso fatal. Não sei se mensagem ou um telefonema.
Eis a mensagem crucial:
"Marconi eu conheço essa turma, você não vai aguentar beber com eles".
Foi o amigo Alberto Belo encarecidamente me avisando. Quem avisa amigo é. Dei uma desculpa, já meio tungado e fui para o hotel.
A questão é que nesta semana recebi do amigo Negri a imagem de abertura desta crônica. Pois bem, naquele 31.01.2020, segui duplamente à risca o mandamento de Mussum, primeiro para beber, depois para não ter uma ressaca braba.
Então! Foi tudo pela Amizadis.
Por hora é só, ótimo final de semana.
Marconi Urquiza
