
Na última semana eu fui repassando vários mini vídeos do TikTok com piadas e situações engraçadas. Ariano Suassuna, Chico Anísio, Costinha, Ari Toledo, um ou outro menos conhecido, também um ou outro manifestou que achava engraçado.
Não olho para os grupos grandes, pois ele são muito heterogêneos, mas para os grupos pequenos, dois deles, quando eu faço a transmissão fico observando, o bom humor não tem espaço.
É tempos de coisas muitos sérias, Muitos se enojam com as coisas da política, Muitos reagem agressivamente a favor de certas coisas da política, mas, a percepção, é que tais coisas, apenas mascaram o sentimento forte de que estamos em um avião sozinho, sem piloto, sem a pista à vista, com o tempo enevoado, sem saber pilotar e sem ter a menor ideia de quanto combustível há nele.
A putaria que tinha uma boa frequência sumiu, a leitura começou a ser mencionada, postagens de notícias alvissareira cresceu. A acidez que temperava o espírito de alguns foi dando espaço ao silêncio.
Silêncio, este é um silêncio diferente, não é desligar a tv, não ligar som, deixar de lado o celular por algum tempo, é um silêncio que toca no nosso espírito. O silêncio que trás a incerteza da hora seguinte, do outro amanhecer. É aquele estado de ensimesmamento de quando estamos precisando recorrer a tudo que temos dentro de nossa alma. Pode ser a fé, a oração, a experiência, ao auto controle, as raivas expurgadas.
As vezes esse tal silêncio não dura muito, alguns minutos apenas, alguns segundos, em um flash, mais que ligeiro.
Hoje eu acordei pensando naqueles diagnósticos de quando trabalhava: Você está tendo vontades súbitas? (Estou); Tudo que que vê parece urgente? (Mais que urgente); Muda de ideias várias vezes em pouco tempo? (Demais). Eram as perguntas do Exame Periódico de Saúde para medir o nível de estresse.
Tem tido tontura? (Ontem quase caio ao acordar, tive até que mijar sentado); Tem tido vontade de chorar? (Não, mas me emociono ainda com maior facilidade). Certo, não se esgota tais sentimentos nesta quadra de nossas vidas. AQUI CABE NOSSAS VIDAS, MESMO.
Pois bem, tudo isto cabe, em cinco segundos desse Silêncio da Alma.
Ontem foi um dia de excessos. Dormi pouco, acordei extremamente tonto, me demorei para ir lavar os pratos. Tomei um pouco de sol na varanda, li logo cedo, meia hora do romance Agá, de Hermilo Borba Filho e aí me deu àquele urgência dos fim dos tempos. Sentei-me na frente do computador e dei vazão a dois de pensamentos fixos. Criei uma marca para colocar nos meus livros: Galo Prosador Books. Fui no site no INPI, entrei no site do Canva e passei a manhã toda criando uma marca para essa pseudo editora.
Quando me dei por satisfeito fui nos três livros colocar a marca, atualizar as capas com a marca, alterar o resumo da quarta capa, depois colocar no site da Amazon, de autopublicação. Só consegui dormir nesta madrugada, depois da uma hora.
E agora a minha mente esvaziou, olhei para meu pequenino caderno de poemas, vi nele, cujos poemas, na maioria foram escritos há vinte anos, um poema: Só Saudade. Foi escrito para um amigo que foi nos visitar no natal de 1999, viajou 3 mil quilômetros e algum tempo depois a sua esposa questionou a minha, por causa do meu silêncio.
SÓ SAUDADE
Pensei em um
amigo,
amigo sinto saudades,
nunca ligo,
não é por maldade,
tem descaso,
mas não é maldade,
é por saudade.
Amigo,
a saudade enternece,
quando cresce,
entristece,
acredite
no meu coração,
na alma
seu lugar é muito grande.
Amigo,
não ligo, mas
ligo aqui dentro,
sei que não
advinhas.
Imagine, amigo!
Querer que de tão longe
saibas disso,
de longe e ainda
mais
se nem ligo,
mas digo,
a saudade diminui,
quase rui
quando estas palavras
vão para ti,
só faltam chegar,
verdade.
Verdade!
Amigo,
eu sou só saudade.
(Araruna, 26/8/2000)
Bem, abraço apertado. Bom final de semana.
Marconi Urquiza