Estava sem assunto, nas últimas duas
semanas ando tão voltado para esse novo trabalho que não sobra espaço no pensamento
para criar textos significantes. Pode-se dizer que estou em uma seca criativa.
Mas essa semana ocorreu algo, comum
para muita gente e forte para nosso pequeno grupo de amigos. 9 pessoas. Um se
irritou e saiu.
Desde a saída dele, dentro do grupo
de Whatsapp, ninguém havia postada nada e nem comentou sobre a sua atitude. Poderia
entrar no detalhe e traçar um longo histórico de postagens, onde expressa a sua opinião
sobre o momento político. Em outros instantes, tentando dissimular,
usou o argumento que portador não merece pancada. Aqui e ali, alguém dizia algo
que o contrariava e à sua visão de mundo. Eu fui um. Várias
vezes.
Ontem, quando me deslocava de casa para a AABB Recife, lembrei de uma frase, que era mais sonora que a que vou escrever:
"Não se argumenta com radical, não peça calma a cliente irritado. Ambos vão
explodir".
Aí, ao abrir o Whatsapp do grupo e vi que um dos amigos postou uma frase de Fernando Pessoa, linda, que lida com espírito calmo, pode
trazer o bom senso e a conversa para um tom de ser apenas opiniões diferentes.
Olha que coisa maravilhosa:
“Encontrei hoje em ruas,
separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado. Cada um me contou a
narrativa de por que se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me
contou as suas razões. Ambos tinham razão. Ambos tinham toda a razão. Não era
que um via uma coisa e outro outra, ou...”
Estimulado por ter lido tanta
sabedoria, corri e fui procurar no mesmo site algo significativo, nem pensei, peguei
uma frase de Millôr Fernandes e postei:
“Ninguém sabe o que você ouve, mas todo mundo ouve muito bem o que você fala”.
Onde as duas se complementam?
Foi isso que me levou algumas horas, o caso batendo cabeça nas minhas lembranças.
Amigos ou ex-amigos que se prezavam.
Bons de conversa, os vi conviver com papos alegres, encontros felizes.
O
que ou por que opiniões reiteradas e divergentes provocaram tal conflito?
Sabe,
a frase de Fernando Pessoa me levou a recordar de uma quase briga, física, aos murros, pois dois homens
se irritaram a um ponto, que um, para não se esmurrar com o outro foi embora. Não
houve nenhuma agressão, apenas divergência de opinião e "um deles queria ser o
dono da razão", e o outro, "tinha certeza que estava com a razão".
Muito tempo depois, eu ouvi essa frase, em resposta a uma grosseria dita:
"Você diz o
que quer e, ouve o que não quer!"
Tal
frase me acompanha desde então. Se expresso um ponto de vista, devo estar preparado
para ter pessoas que vão dizer a sua opinião. Pode ser a favor, neutro ou contra o que se pensa naquele momento.
Então,
é assim. Os dois amigos têm razão em opinar, só falta o que saiu do grupo querer
conversar.
Não subestime uma amizade, nem superestime uma divergência. Em qualquer circunstância, se apoie na humildade.
Abraço, Marconi Urquiza