
Você já parou para refletir como as atitudes não éticas, como sonegar informações ao cliente ou o induzir a comprar um produto ou serviço para cumprir uma meta ser tão comum que parecem normais a muitos profissionais?
Hannah Arendt ao analisar o nazista Adolf Eichmann disse que em sua defesa que "estava apenas cumprindo ordens", semelhante as declarações de outros líderes nazistas no Julgamento de Nüremberg.
Segundo Phil Zimbardo (p. 404) Arendt se surpreendeu integralmente ao dizer que Eichmann parecia absolutamente comum:
"Meia dúzia de psiquiatras havia atestado a sua 'normalidade' - 'Ele é, pelo menos, mais normal do que eu fiquei depois de examiná-lo', teria exclamado um deles, enquanto outros consideraram seu perfil psicológico, sua atitude quanto à esposa e aos filhos, mãe e pai, irmãs e amigos, 'não apenas normal, mas inteiramente desejável (p.37)".
Então Arendt nos trouxe uma grande lição:
O problema com Eichmann era
exatamente que muitos eram
como ele, e muitos não eram pervertidos, nem sádicos, mas eram e ainda são
terrível e assustadoramente normais. Do
ponto de vista de nossas instituições legais e nossos padrões morais de
julgamento, essa normalidade era muito mais apavorante do que todas as
atrocidades juntas, pois implicava que [...] esse era um tipo de novo criminoso
[...] que comete seus crimes em circunstâncias que tornam praticamente
impossível para ele saber ou sentir que está agindo de modo errado (p.299). Foi
como se naqueles últimos minutos [da vida de Eichmann] estivesse resumindo a
lição que este curso da maldade humana nos ensinou - a lição da terrível
banalidade do mal, que desafia as palavras e os pensamentos (p.274).
Para Phil Zimbardo, Arendt foi a primeira a negar a orientação que a maldade vem dos traços de loucura dos malfeitores e a violência despropositada dos tiranos como traços constitutivos de seu modo de ser pessoal. Ela observou que isso muitas vezes decorre da fluidez com a qual as forças sociais podem levar pessoas normais a realizarem atos terríveis (p. 405) e menos terríveis, mas atos no mínimo não éticos.
Aqui fica um alerta, dita por C. S. Lewis:
[...] que uma poderosa força de
transformar o comportamento humano, empurrando pessoas para além dos limites
entre o bem e o mal, advém do desejo básico de estar 'dentro' e não 'fora"
e segundo isso nos arma uma armadilha que quebra os freios da moralidade e da
ética para ser aceitos em um 'Círculo Interno', pois segundo ele 'um palpite
virá. [...] Será o palpite de algo, que não está bem de acordo com as regras
técnicas do jogo honesto, algo que o público, o ignorante e romântico público,
jamais compreenderia. Algo ante o qual até os de fora da própria profissão
estariam propensos a fazer um rebuliço, mas é algo, diz seu novo amigo, que
'nós' - e com a palavra 'nós' você tenta não corar de puro prazer -, algo que
sempre fazemos. (Zimbardo, 2007, p. 365)
Abraço e ótimo final de semana,
Marconi Urquiza
Referências:

Links:
http://www.prisonexp.org/book/
http://www.socialpsychology.org/




