sábado, 6 de abril de 2019

Estou obsoleto

Foi assim que me senti há  cerca de três meses quando pensava a respeito da tecnologia da informação: estou obsoleto.

Nesta época eu completava três anos e meio de aposentadoria.  Foi uma contastação ruim, pois durante grande parte da vida profissional eu era  capaz de discorrer com propriedade sobre vários temas.

Eu estava, sem perceber, entrando em uma síndrome que acomete os aposentados, a perda de sua relevância relativa no seu entorno e a pior de todas, a sua auto referência nesta sociedade que acelera constantemente.

Leitura, faço, leio sobre economia, sobre política, sobre eventos literários, vejo documentários, entrevistas e por aí vai. Para que tudo isso? Para saber do momento e formatar uma percepção.

Mesmo assim é uma tarefa difícil pelo aspecto de ter objetivos. Antes a força e a pressão do trabalho me levava a estudar as concepções da Ciência Administrativa e da Liderança mais aqueles outros temas, mas hoje esta pressão não existe.

Aí eu comecei a buscar alternativas, quis ser professor, mais o mestrado é pouco, precisa-se dominar mais de uma disciplina e ter o network. Atender a primeira exigência foi um esforço que durou pouco  e a segunda inexistia. Parei.

Fiz vários cursos e tentei uma nova profissão, ser corretor de imóveis, depois de sete meses parei.  Não me identifiquei com ela.

Durante vinte anos eu tinha "o desejo" de escrever um romance de ficção, intenção que iniciei com um rascunho chamado Decisão de Matar, iniciado em 1999 e interrompido dois anos depois sem conclusão.

Em março de 2016 eu escrevi um pequeno texto e o acomodei sobre uma estante, mais alguns dias depois aquelas palavras começaram a me cobrar continuidade.  Depois de seis meses de um desejo de me ocupar virou um projeto e como projeto tinha tantos furos quanto uma peneira.

Imagine a dificuldade de fazê-lo andar.

O quero dizer com toda essa peroração, que as pessoas se preparem para se aposentar desde cedo.  Primeiro a grana, junto prepare projetos para uma vida que lhe dê sentido nos últimos anos de vida.

Sabe, a ansiedade acaba com a grana e com a saúde.

Além do mais, junto a estes projetos coloque foco na atividade física, regular, faça que nunca mais você abandonara. A saúde vai responder com alegria.

A história do livro ainda continua, agora como um projeto regular, para publicar até dezembro.

Estou naquela fase de enxugar o texto, buscando me inspirar em Graciliano Ramos, "Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício."

Abraço a todas, abraço a todos.

Marconi Urquiza
Agora posso me intitular, escritor.

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