Nada ocorria, nem havia aquelas marolinhas de algum peixe peidando. Para não ficar muito monótono peguei a vara e lanceia-a no rio. Minutos depois começou a brincadeira.
Senti um leve toque na vara e fiquei atento, a linha deu um leve esticão e depois afrouxou e aí pensei: Porra, perdi a isca e quando puxei a vara vi que o anzol havia sumido, a linha estava cortada.
Olhei ao redor com toda a atenção, não havia perigo à vista, mas ainda me preocupei se uma sucuri ou um jacaré não estavam a fim da minha carne, então, magra.
Desapontado amarrei outro anzol, coloquei de novo na água, olhei para todo lado e tudo estava muito calmo, calmo demais, minha atenção só foi crescendo, desconfiava como burro teimoso e já estava crente que voltaria para casa sem nenhum peixinho e sem nenhuma história, o que era pior.
Anzol na água, redes esticadas, voltei a aguardar a boa sorte para ver se um peixe fisgava a isca, mas nada, nada de peixe.
Mas naquela preguiçosa expectativa eu olhei para a linha da vara, ela começou a esticar, esticou mais, então eu dei linha para o peixe, mais, só que o peixe não se mexia na água, então comecei a recolher o anzol, dei um pequeno puxão e a linha não se moveu. Dei nova olhada ao redor, me enchi de coragem. Sem ver nenhum sinal de um animal grande amarrei a vara no barco, mergulhei pela frente dele e segui a linha.
Meio metro dentro do rio, vi que a linha estava presa no motor, no outro lado de onde estava sentado, aí eu senti algo me olhando, quando me voltei vi o peixe paradinho debaixo da proa, em um cantinho, se protegendo da rede e dos anzóis.
Fiquei alguns segundos mirando ele, ainda com um restinho de folego vi quando mexeu a boca e começou a falar.
Como eu não disse nada, a assistência quis saber o que o peixe havia falado:
- Falar, ele não falou, mas olhe Rubem, quando o peixe piscou o olho esquerdo nadou mais um pouquinho, ficou meio de lado, levantou a nadadeira e me deu o dedo e gesticulou como se dissesse: "Vai tomar no cú".
Aquilo foi estranho, aí eu tive certeza que aquele tambaqui rosa tinha amarrado meu anzol no motor do barco.
- E tem tambaqui rosa? Saiu a pergunta em coro.
- Ter, não tem, mas com aquela inteligência é capaz do pai daquele desgramado ser um boto cor de rosa.
Inspirado em uma conversa de um pescador.
Abraço, Marconi,
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