quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Se mentir mais, o tambaqui muda de cor


Resultado de imagem para tambaqui cor de rosa
Lembrança do Amazonas.

Nada ocorria, nem havia aquelas marolinhas de algum peixe peidando. Para não ficar muito monótono peguei a vara e lanceia-a no rio. Minutos depois começou a brincadeira.

Senti um leve toque na vara e fiquei atento, a linha deu um leve esticão e depois afrouxou e aí pensei: Porra, perdi a isca e quando puxei a vara vi que o anzol havia sumido, a linha estava cortada.

Olhei ao redor com toda a atenção, não havia perigo à vista, mas ainda me preocupei se uma sucuri ou um jacaré não estavam a fim da minha carne, então, magra. 

Desapontado amarrei outro anzol, coloquei de novo na água, olhei para todo lado e tudo estava muito calmo, calmo demais, minha atenção só foi crescendo, desconfiava como burro teimoso e já estava crente que voltaria para casa sem nenhum peixinho e sem nenhuma história, o que era pior.

Anzol na água, redes esticadas, voltei a aguardar a boa sorte para ver se um peixe fisgava a isca, mas nada, nada de peixe.

Mas naquela preguiçosa expectativa eu olhei para a linha da vara, ela começou a esticar, esticou mais, então eu dei linha para o peixe, mais, só que o peixe não se mexia na água, então comecei a recolher o anzol, dei um pequeno puxão e a linha não se moveu. Dei nova olhada ao redor, me enchi de coragem. Sem ver nenhum sinal de um animal grande amarrei a vara no barco, mergulhei pela frente dele e segui a linha.

Meio metro dentro do rio, vi que a linha estava presa no motor, no outro lado de onde estava sentado, aí eu senti algo me olhando, quando me voltei vi o peixe paradinho debaixo da proa, em um cantinho, se protegendo da rede e dos anzóis.

Fiquei alguns segundos mirando ele, ainda com um restinho de folego vi quando mexeu a boca e começou a falar.

Como eu não disse nada, a assistência quis saber o que o peixe havia falado:
- Falar, ele não falou, mas olhe Rubem, quando o peixe piscou o olho esquerdo nadou mais um pouquinho, ficou meio de lado, levantou a nadadeira e me deu o dedo e gesticulou como se dissesse: "Vai tomar no cú".

Aquilo foi estranho, aí eu tive certeza que aquele tambaqui rosa tinha amarrado meu anzol no motor do barco.

- E tem tambaqui rosa? Saiu a pergunta em coro.
- Ter, não tem, mas com aquela inteligência é capaz do pai daquele desgramado ser um boto cor de rosa.


Inspirado em uma conversa de um pescador.

Abraço, Marconi,

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