sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

A Estética da Mentira

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Desconfiado que estavam mentindo para mim eu comprei o livro: Como Detectar Mentiras, de Paul Ekman. Por achar que não valia a pena prosseguir com tal investigação, encostei o livro e a ideia que me perturbava. 

Aí, muitos anos depois veio o caso da demissão do Rodrigo Alvim, pelo atual Governo Federal, por usar em um vídeo a estética nazista de mentir. Contraditório para passar informações falsas,  e não contraditório pelo potencial de perda política.  Alguém se lembra que foi veiculado que o nazismo era de esquerda?

Mais uma vez eu me levantei para escrever algo sobre os modos de mentir.  Pedi ajuda ao Prof. Denílson,  que me enviou dois artigos.  Catuquei para lá e desisti,  cá.  A tarefa ia além das minhas rasas pretensões.  Parei.

Não é que no último domingo eu estava lendo o livro: O Vendedor de Passados,  de José Eduardo Agualusa, e me deparei com uma página inteira, a 138, onde ele cria o Ministério da Informação,  cuja função era propagar informações falsas. O texto é uma fala  indireta do personagem José Buchmann, cujo teor é o seguinte:

"Contou que numa pequena ilha do Pacífico, onde vivera alguns meses, a mentira era considerada o mais sólido pilar da sociedade. O Ministério da Informação, instituição venerada, quase sagrada, estava encarregue de criar e propagar notícias falsas. Um vez à solta entre as multidões, essas notícias cresciam, adquiriam formas novas, eventualmente contraditórias, gerando amplos movimentos populares e dinamizando a sociedade. Imaginemos que o desemprego atingia níveis considerados perigosos. O Ministério da Informação, ou, simplesmente O Ministério, punha a circular notícias segundo as quais fora encontrado petróleo em águas profundas, porém ainda dentro da zona marítima exclusiva do país. A possibilidade de uma eminente explosão econômica revitaliza o comércio, os técnicos expatriados regressavam a casa, desejosos de colaborar na reconstrução, e em poucos meses nasciam novas empresas e novos empregos. 
    Aí o narrador cita o caso de um opositor que lhe é imputado uma amante, mas que não era e nem ele conhecia a mulher.  Ela a conhece,  larga a esposa e casa com amante propagada pelo Ministério. 
       ....
- A impossibilidade de controlar os rumores - concluiu - é a principal virtude daquele sistema. É isso que confere ao Ministério uma natureza quase divina - xeque ao Rei!"
   Nem sempre, é claro, as coisas corriam da maneira prevista pelos técnicos. 

Mais atual, impossível. Pois bem.  O livro é de 2004. 12 anos antes de Donald Trump transformar essa estratégia em um sucesso mundial. 

Você se lembra do ditado? "Quem pode mais,  pode menos".  Para disparar tanta mentira e desinformação em escala de produção em série precisa de dinheiro,  precisa de gente preparada, precisa comprar meios tecnológicos e a crença que tudo não passa de algo bem trivial. Pior que é, mentir é trivial, não mentir é exceção. Trivial não é viver apenas de mentir ou da desinformação. Era, virou trivial.   

Essa Gente preparada, que se arrenda por valor alto por quem seja capaz pagar muito dinheiro. Gente com conhecimento elevado de Psicologia Social e não apenas intuitiva, que tenha capacidade de arregimentar uma multidão para serem "soldados" propagadores, de graça. Seja por crença, seja por terem vergonha de admitir que foram enganados, seja por gostarem de seguir quem lhes parece mais forte que a si mesmo, seja apenas por que o que chega a elas uma justificativa um modo de ver os fatos, já anteriormente admitido como verdadeiro. Essa lista não se esgota facilmente.

Uma outra questão, é que os líderes da horda da DESINFORMAÇÃO não respeita nem a lei, a não ser que lei seja encomendada por tais líderes. 

O que se tem é toda ordem de ação abusiva.  Para se lidar com pessoas deste tipo, a que moldar o espírito para lutar. Jogar duro é o nome do jogo. Jogar em o nome da defesa da paz, é talvez jogar sem ética. Pode ser o caminho de um tipo de guerra, mas quem só entende esta linguagem, dizer bom dia, faz ser interpretado como fraco.

Sabe o que para gente abusiva? Um muro com 10 metros de largura e o dobro de altura. 

O pior, é que os instrumentos legais existem, os meios de combater, no momento, parecem ser iguais ao ditado: "É como enxugar gelo". Segundo a  Rogério Galloro (*), delegado da Polícia Federal e assessor especial do Tribunal Superior Eleitoral, a saída é haver EDUCAÇÃO DIGITAL. É um indivíduo filtrando o que lhes chega.

Entendeu?

Abraço, 




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