sexta-feira, 28 de agosto de 2020

CELEBRAÇÃO DE AMIZADE

Paraibana vence concurso de cartas dos Correios e maranhense fica em sexto  lugar - Maranhão Hoje

Desde a antiguidade
E do tempo de Esparta
Que existe troca de carta
Em nome da amizade.
Mesmo na 
Modernidade
Muitas cartas tenho
lido.
Tenho livro recebido
Como retribuição
Em forma de gratidão
A um livro remetido.
        "De Ademar Rafael Ferreira"


A literatura nos aproximou. No início do anos 1980 eu o conheci e nada sabia sobre o seu talento de escritor e poeta. Eu gostava de ler e lia pouco. Tinha saído da faculdade para ir trabalhar no Banco do Brasil, em Afogados da Ingazeira. 

Aqui e acolá eu escrevia memorandos e certo dia ele me encarregou de redigir um para uma diretoria, em Brasília.  Datilografei e levei para ele. Como bom professor,  à antiga,  deu vários riscos e definiu que o memorando estava ruim. Eu não entendia assim e me chateie.  Na segunda tentativa,  ele ainda encontrou erros e eu quase dizia que ele escrevesse. Por fim, escrevi da forma que era o costume na empresa. 

Um tempo depois ele começou a falar dos escritores clássicos da Rússia e eu, que nada sabia deles, fiquei sem jeito.  Leitor de bang-bang, FBI, de gibis e por aí vai, tinha lido pouco autores gabaritados de literatura.  Isto aos 23 anos.

Certo dia uma pessoa me apresentou Cem Anos de Solidão (Gabriel Garcia Márquez) e eu tive a ousadia de ler o livro de uma sexta- feira à noite para o domingo à tarde.  

Por esta época, esse amigo das letras me presentou com um livro, acho que foi o Discurso do Método.  Li alguma coisa e abandonei a leitura por não entender nada do que havia lido.

Saí de Afogados e ganhei o mundo,  mas a leitura só fez crescer. 

Em setembro do ano passado eu espalhei entre os amigos que havia acabado o romance  A Puta Rainha.  Beleza! Nem tanto. Mas pouco causa disso, ele me telefonou desejando comprar o livro. Obra que só conclui em março deste ano.

Em março mesmo enviei para ele um exemplar, que me respondeu com a carta carinhosa e repleta de erros do livro para eu corrigir.  Assim fiz.

Dias depois eu voltei a pegar o envelope. Retirei a carta e fui reler.  A linguagem primorosa revelava uma pessoa que, nem de longe, eu suspeitava.  Primeiro: os elogios; depois: a atenção de ler o texto como um professor que gosta de ajudar os alunos. 

A forma,  o conteúdo,  o presente valioso: um livro.

Assim, desde então, nós usamos um meio, saborosamente anacrônico, para conversamos.  Vai carta, vem livro, vai livro, vem carta e nas entrelinhas o apreço de um amigo.


Abraço Ronald, o velho Rona Bancaro.



Semana Iluminada,
Marconi Urquiza




8 comentários:

  1. Tive o privilégio de trabalhar com o professor RTC e com o aluno Marconi. Ronald além de bom no papo gostava de tomar uma, com a garganta molhada todo "papo é cabeça". Um grande abraço amigos.

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    1. Ademar, era mesmo. Certa vez, em um feriado, passamos a tarde bebendo e conversando. A sisudez sumiu como se tivesse havido um milagre.

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  2. DE OCEANO pelo Whatsapp (GRUPO JOVENS APOSENTADOS): Parabéns Marconi por mais uma bela crônica, onde nas entrelinhas retrata o valor da amizade. Lendo seu trabalho me lembrei do texto do escritor, poeta e professor Fabrício Carpinejar: "...Os amigos são para toda a vida, ainda que não estejam conosco a vida inteira. [...] Amizade não é submissão. NÃO SE TEM AMIGOS PARA CONCORDAR NA ÍNTEGRA, MAS PARA REVISAR OS RASCUNHOS E DUVIDAR DA LETRA. É INDEPENDÊNCIA, É RESPEITO [...] O que é mais importante: a proximidade física ou afetiva? [...] Assim como há os amigos imaginários da infância, há os amigos invisíveis da maturidade. Aqueles que não estão perto podem estar dentro. [...] Amigo é o que fica depois da ressaca.É glicose no sangue. A serenidade.

    Abraço Fraterno e excelente final de semana.

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  3. DE RONALDO PEDROSA, via Whatsapp (GRUPO JOVENS APOSENTADOS): Parabéns Marconi! Amizade é um tema que gosto muito e prezo.

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  4. Toda sexta-feira vc nos presente de forma simples e inteligente. Parabéns amigo.

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  5. Mestre Marconi posso dizer que nao tive a mesma sorte na confecção de memorandos, pois foram muitos erros e nada de livros de quem os criticava. Parabéns pela amizade e pela crônica. Uma boa semana de produção. Abraços fraternos Walmir

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