
Desde a antiguidade
E do tempo de Esparta
Que existe troca de carta
Em nome da amizade.
Mesmo na
Modernidade
Muitas cartas tenho
lido.
Tenho livro recebido
Como retribuição
Em forma de gratidão
A um livro remetido.
"De Ademar Rafael Ferreira"
Aqui e acolá eu escrevia memorandos e certo dia ele me encarregou de redigir um para uma diretoria, em Brasília. Datilografei e levei para ele. Como bom professor, à antiga, deu vários riscos e definiu que o memorando estava ruim. Eu não entendia assim e me chateie. Na segunda tentativa, ele ainda encontrou erros e eu quase dizia que ele escrevesse. Por fim, escrevi da forma que era o costume na empresa.
Um tempo depois ele começou a falar dos escritores clássicos da Rússia e eu, que nada sabia deles, fiquei sem jeito. Leitor de bang-bang, FBI, de gibis e por aí vai, tinha lido pouco autores gabaritados de literatura. Isto aos 23 anos.
Certo dia uma pessoa me apresentou Cem Anos de Solidão (Gabriel Garcia Márquez) e eu tive a ousadia de ler o livro de uma sexta- feira à noite para o domingo à tarde.
Por esta época, esse amigo das letras me presentou com um livro, acho que foi o Discurso do Método. Li alguma coisa e abandonei a leitura por não entender nada do que havia lido.
Saí de Afogados e ganhei o mundo, mas a leitura só fez crescer.
Em setembro do ano passado eu espalhei entre os amigos que havia acabado o romance A Puta Rainha. Beleza! Nem tanto. Mas pouco causa disso, ele me telefonou desejando comprar o livro. Obra que só conclui em março deste ano.
Em março mesmo enviei para ele um exemplar, que me respondeu com a carta carinhosa e repleta de erros do livro para eu corrigir. Assim fiz.
Dias depois eu voltei a pegar o envelope. Retirei a carta e fui reler. A linguagem primorosa revelava uma pessoa que, nem de longe, eu suspeitava. Primeiro: os elogios; depois: a atenção de ler o texto como um professor que gosta de ajudar os alunos.
A forma, o conteúdo, o presente valioso: um livro.
Assim, desde então, nós usamos um meio, saborosamente anacrônico, para conversamos. Vai carta, vem livro, vai livro, vem carta e nas entrelinhas o apreço de um amigo.
Abraço Ronald, o velho Rona Bancaro.
Semana Iluminada,
Marconi Urquiza

Tive o privilégio de trabalhar com o professor RTC e com o aluno Marconi. Ronald além de bom no papo gostava de tomar uma, com a garganta molhada todo "papo é cabeça". Um grande abraço amigos.
ResponderExcluirAdemar, era mesmo. Certa vez, em um feriado, passamos a tarde bebendo e conversando. A sisudez sumiu como se tivesse havido um milagre.
ExcluirDE OCEANO pelo Whatsapp (GRUPO JOVENS APOSENTADOS): Parabéns Marconi por mais uma bela crônica, onde nas entrelinhas retrata o valor da amizade. Lendo seu trabalho me lembrei do texto do escritor, poeta e professor Fabrício Carpinejar: "...Os amigos são para toda a vida, ainda que não estejam conosco a vida inteira. [...] Amizade não é submissão. NÃO SE TEM AMIGOS PARA CONCORDAR NA ÍNTEGRA, MAS PARA REVISAR OS RASCUNHOS E DUVIDAR DA LETRA. É INDEPENDÊNCIA, É RESPEITO [...] O que é mais importante: a proximidade física ou afetiva? [...] Assim como há os amigos imaginários da infância, há os amigos invisíveis da maturidade. Aqueles que não estão perto podem estar dentro. [...] Amigo é o que fica depois da ressaca.É glicose no sangue. A serenidade.
ResponderExcluirAbraço Fraterno e excelente final de semana.
DE RONALDO PEDROSA, via Whatsapp (GRUPO JOVENS APOSENTADOS): Parabéns Marconi! Amizade é um tema que gosto muito e prezo.
ResponderExcluirToda sexta-feira vc nos presente de forma simples e inteligente. Parabéns amigo.
ResponderExcluirObrigado.
ExcluirMestre Marconi posso dizer que nao tive a mesma sorte na confecção de memorandos, pois foram muitos erros e nada de livros de quem os criticava. Parabéns pela amizade e pela crônica. Uma boa semana de produção. Abraços fraternos Walmir
ResponderExcluirObrigado Walmir.
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