Às vezes a
gente não se dar conta que conviveu com um gênio e destes, de bom coração,
altruísta. Essa constatação só veio muito tempo depois, muitos anos já havia se
passado desde o primeiro encontro.
Vou correr na memória e parar em um
Sete de Setembro. Acho que foi em 1969. A época está imprecisa, a memória forte.
O desfile de Sete de Setembro em Bom
Conselho havia se transformado em um evento, evento que atrai, até hoje, multidões para vê-lo. E isto começou com essa pessoa.
Desejando ver o desfile, eu saí de
casa e corri para a praça, arrumei uma vaga em cima de um banco e fiquei vendo as escolas desfilarem. De repente, um grupo de estudantes, vestidos com batas, como
cientistas, vinha trazendo a representação de um foguete em um balão. Tudo
artesanal. Pode ter sido o foguete Apollo 11. Não sei o que plateia sentiu, eu
fiquei extasiado.
O pelotão de cientistas caminhou
mais um pouco e entrou a banda marcial. Quando ela tocou e bailou, com seus
membros tocando e fazer coreografias o público vibrou.
Pense que ela foi embora? Acho que
ela ficou de lado, tocando até todo o colégio passar.
Foi o primeiro espetáculo popular
que assisti.
Anos depois o conheci como
autoridade. Diretor do colégio estadual. Um ser inquieto, enorme nas boas intenções e um líder, que só vim a
me dar conta, quando tentava ser um.
Muito, muito tempo depois, eu soube
que ele estava vivendo em Catolé do Rocha, na Paraíba e eu e Cida morávamos em
Caraúbas, RN. A 70 quilômetros.
Na manhã de um sábado o encontramos.
Nos recebeu com um sorriso discreto, conversamos um pouco. Eu o achei triste.
Logo depois saiu mostrando às suas criações, detalhando em cada quadro a
técnica utilizada, como se nós entendêssemos daquilo.
Mas ele era mesmo assim, fazia
questão de incluir as pessoas.
O tempo passou e nós fomos visita-lo
em Bom Conselho, para onde havia retornado uns 15 anos depois. De novo, ele nos levou a um ateliê, onde ensinava a jovens, a técnica de construir vitrais com cacos de vidros.
Cada obra linda. Outra vez nos deu uma aula de como utilizar a técnica. Estava
contente por ter formado vários jovens, entre eles, mais de um já se desenvolvia como
profissional. A sua alegria era visível. Feliz.
Saí do encontro contente. No dia
seguinte ele chegou na casa do meu sogro, coisa que fazia todos os sábados. Neste dia,também quis saber se o cunhado Pedrinho, que morava em Natal, havia chegado.
Cinco minutos de conversa, cinco
minutos de alegria e foi cumprir as suas missões de vida.
Encostei no portão e fiquei vendo a rua e seus transeuntes, quando ele voltou com o carro na direção do centro da cidade, ao passar por mim, levantou a mão em despedida e sorriu.
Posso dizer uma coisa, ele fez a diferença para várias gerações e para toda a cidade.
Fiquei por ali refletindo. Só tardiamente reconheci que Frei Dimas era um gênio. Um gênio bondoso e compassivo.
Viva Frei Dimas. Um ser que com suas atitudes passou a vida iluminando por onde ia.
Abraço, Marconi Urquiza

São esses anjos que sopram brisas nas fogueiras de vaidade do mundo, sem tais 'ventos' tudo estaria queimado. Parabéns pelo reconhecimento feito.
ResponderExcluirObrigado, Ademar. É sabe, às são seres tão discretos que passam pela gente, deixam seu amor, e seguem para a eternidade.
ExcluirMuito merecido essa crônica!Esse cara fez história por onde passou e principalmente em Bom Conselho.Deixou um legado de inspiração e principalmente de muito Amor.
ResponderExcluirÉ verdade. Ainda hj.
ExcluirRealmente, meu caro conterraneo. Oportuno seu comentário. Este ser humano fez a diferença na vida dos bomconsenses. E assim como nosso querido Frei Dimas, temos várias pessoas de nosso torrão que vivem no anonimato e também merecem destaques, cada um em sua área de atuação, mas infelizmente os holofotes são direcionados para aqueles que aparecem na mídia. Vive nosso grande mestre e maestro Frei Dimas. Abraço a todos nossos conterrâneos.
ResponderExcluirMoacir, obrigado. Concordo com você.
ExcluirPARABÉNS pela crônica, Frei Dimas sempre será lembrado pelo povo de Bom Conselho, especialmente os jovens daquela época.
ResponderExcluirSem dúvida.
ExcluirTive o prazer de conhecer o senhor José Marleno " Frei Dimas " ,pessoa muito serena, grande mestre de banda marcial e um exímio escultor, deixou seu bom legado aqui em Bom Conselho.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário
ExcluirFrei Dimas tibha uma inteligência imensa e quantas pessoas aprenderam ofícios com ele, uma geração de artesãos em madeira, estampadores em tecido (fabricava as camisas da farda), artesãos em vitrais e em concreto. A Catedral de Campina Grande está cheia de vitrais feitos por ele bem como o seminário são José em Garanhuns
ResponderExcluirQue coisa boa, não sabia.
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