Homens comuns, cá embaixo, na plateia real ou virtual, no mais das vezes nem ponderam. Tudo dito de forma tão simples que pensar a respeito dos assuntos não é importante. Assim, sem um mínimo de reflexão, as "verdades" viram certezas.
Tudo que muita gente deseja é de certezas, pois diante de tanta instabilidade, quem diz qual caminho a ser seguido ganha adeptos, fãs fervorosos. E basta, isto já capaz de dar um sentido para a vida de tantos.
Quando li o artigo
Atentado a Trump: da retórica violenta à violência real
..., eu parei. Me pus a pensar. E quase de imediato pensei naquele impacto na alma do Trump quando sentiu que a morte esteve bem próxima. Será que sentiu mesmo? Vamos admitir que Trump não seja um ser humano comum, que a bala que feriu a sua orelha foi o espinho tinhoso de uma laranjeira. Um simples acidente. Então ele nada sentiu e nem sentirá. Ponto e pronto. Todo o resto será especulação da minha parte.
Do artigo que cito e que deu o título desta reflexão separei algumas frases:
A retórica divisiva, emocional e violenta surgiu no centro da cena com a ascensão de líderes populistas de extrema direita.
..
(É uma opinião, mas pode ser uma constatação. )
Por fim, arremesse essa liberdade para odiar em uma sociedade de cultura armamentista (EUA). Eis o previsível contínuo que começa com o uso de retórica violenta e acaba em violência real. A imensa maioria não vai passar da ideia à prática. Mas basta um para a tragédia.
Da violência retórica à violência real. Essa frase me levou a passear por muitas lembranças, tantas quantos foram reavivadas quando saí à procura do Processo Penal da morte de papai, na esteira do desejo de escrever sobre seus últimos meses de vida.
Na eleição de 1968 eu tinha 9 anos. Fui a muitos comícios com papai, mas não compreendia nada do que se passava.
Em 1972, só soube que haveria um candidato único e uma paz momentânea ocorreu.
Em 1976 eu já era adolescente, vi papai andar armado, o que não era habitual, fazer as refeições com a arma por perto, ir para a sua empresa e manter a arma perto da mão.
A tensão estava presente e o medo me abraçou. Foi neste ano que um panfleto, com uma violência retórica imensa virou uma violência real contra quem se imaginava ser o idealizador do "documento" apócrifo. A pessoa levou uma surra pesada.
Em 1982 a violência retórica foi veloz para a violência real e saiu vitimando pessoas.
Uma coisa é estar na beira do campo estimulando um time a dar porradas nos jogadores da outra equipe. A figura muda completamente quando o castigo que prega para os outros é aplicado a si mesmo. Pode até reforçar este aspecto virulento, mas o medo vai cobrar o seu quinhão, o pau que dá em Chico Francisco dá em Francisco.
Nestes tempos de Internet, quando o pau pega o Chico, Francisco não diz. Se cala.Tem medo.
Fiquei pensando quando a gente se destempera e expele a nossa virulência verbal, o pior que ela pode ser um bumerangue a nos arrebentar a cara.
Por hoje é só.
Abração, Marconi Urquiza
Artigo:
Ótima reflexão Marconi.
ResponderExcluirA intolerância, em suas diversas formas, vem aumentando em alta velocidade e de forma assustadora. O uso de ARMA deve ser transformado em AMAR, respeitar o diverso, dialogar, tolerar, ....
Infelizmente, a violência está por todo canto e, muitas vezes, precisamos nos passar por cego, surdo e mudo, para evitar conflitos.
Simbora viver com paz, harmonia, amor e muita serenidade.