sexta-feira, 7 de março de 2025

Geopolítica - a insensatez com dedo na bomba

Crédito: Shutterstock

        Muitas vezes me assaltam preocupações para as quais nada posso fazer, a desta crônica está nesta categoria. Frequentemente tais preocupações ficam apenas comigo, mas hoje não consegui segura-la, segurar a minha percepção sobre este momento em que vivemos. 

       A respeito do que comentarei há muitas outras percepções para se conhecer, e vale buscar para formar a sua opinião.

        Não sou historiador, gosto da disciplina, sou curioso quanto a história e estou acompanhando desde a posse de Trump a sua articulação para demonstrar ser aliado de Putin. Os EUA favorável à Rússia? 

       Por causa da aparente contradição viajei para uma conversa antiga com um amigo dos tempos do Paraná quando ele alertava sobre conversas, discursos, decisões. Em fim, situações que pareciam claras ou não. Ele costumava alertar: Sempre se pergunte qual a intenção da pessoa; o que "ele" quer de fato. O que está por trás "da sua atitude".

        Então vamos a primeira indagação. O que Trump quer de fato com o fim da guerra? Uma coisa parece clara, a parte do leão no acesso as "Terras Raras" que a Ucrânia tem em abundância. Mas por que está tão "empenhado"?

        A Rússia ganhando a guerra pode ter acesso a esse mineral valioso (e raro) para a indústria da transição energética, pois quem mais tem esse mineral ´"Terras Raras" é a China e o Estados Unidas importa dela. Não custa lembrar que a Rússia tem hoje "grande amizade" com a China. Esta é uma leitura. A Rússia abastece a China de gás natural. 

        A outra leitura, bem especulativa, vem da história. Em 1939 a Alemanha Nazista firmou um acordo com a URSS, cujo líder era Stalin, acordo que permitiu a Alemanda e a URSS invadirem a Polônia, fatiando o seu território. A Alemanha saiu invadindo toda a Europa, menos a URSS, em 1941 ela rasgou o acordo e invadiu a URSS (Hoje Rússia).

        Então me pus a pensar. A Rússia guerreia com a Ucrânia, que tinha o apoio dos Estados Unidos para se defender.  Agora Trump expôs que quer recursos minerais que a Ucrânia tem e ele cobiça. Intermediar o fim da guerra diretamente com a Rússia, excluindo dessas conversas a Ucrânia e a Europa, me pareceu com aquele antigo acordo da Segunda Guerra Mundial e o país a ser fatiado desta vez é a Ucrânia e não a Polônia. Por outro lado, a corrida pelas "Terras Raras" é também uma competição dos Estados Unidos com a China.

        Naquela conversa ruidosa de Trump com Zelensky (Presidente da Ucrânia) ele falou que este pode ser o responsável pela Terceira Guerra Mundial. Depois de muitos dias fui reinterpretando aquela arenga, que muitos cientistas políticos dizem que foi uma armação para humilhar Zelensky. .

        Além da pressão e da humilhação a Zelensky, para mim havia ali dois recados ou intenções. O primeiro recado foi para Europa: Olhe, cuide de si mesmo, não vou proteger se a Rússia te agredir.  Mas penso que tem uma mensagem oculta e ela é a seguinte: Estamos dispostos à ir a guerra pelo precioso recurso das "Terras Raras" e não ficar atrás e nem dependente da China. O acordo secreto, se que existe, dos Estados Unidos com a Rússia me parece ser: Encerre guerra, fique com os territórios ucraniamos invadidos e eu tenho acesso às "Terras Raras". 

        Aí nessa guerra de interesses, Trump queria ressarcir os gastos americamos com a Ucrânia sem garantir uma paz duradoura e entrar com as empresas americanas naquele país com a anuência de Putin, mas a expectativa, pelo menos é que vazou na mídia, é que as "Terras Raras" seriam compradas.

        Então vamos aguardar os acontecimentos e ver se esse pacto, Trump com Putin, não virará uma traição de um dos lados e no fim, o que ninguém deseja, vire uma Terceira e catastrófica Guerra Mundial.

        Em tempo, a China declarou que está pronta para guerrear em qualquer dos campos que os EUA quiserem. Então! Então?

       Vamos acompanhar e torcer que não ocorra a catástrofe que o livro Nunca, de Ken Follet, narrou. Uma guerra mundial nuclear.

        Por hora, essa é a minha preocupação.

        

        

7 comentários:

  1. Crônica de hoje é uma verdadeira aula de geopolítica onde dois gigantes buscam se dar bem na história.
    Isto tudo parece ser apenas um tramputin, digo trampolim, onde a tromba voraz se aproveita de um puto em busca de escaladas geográficas para assegurar a tão cobiçada terra rara.
    São dois insanos em busca de conchavos, poder e opressão aos miúdos, onde o grande golpe será a intimidação da Europa.

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  2. Ótima interpretação daquele que parece ser o início da guerra pelo protagonismo de uma nova era mundial. A conferir nos próximos capítulos.

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  3. Não creio numa catástrofe nuclear por iniciativa de um dos doidos com poderes para o primeiro disparo. Por um motivo historicamente simples: quem tem, tem medo (se é que me entendem!).
    Mas se isso acontecer, a única certeza que tenho é a de que não desejo ser um dos poucos sobreviventes, ao lado das amebas e das baratas.
    Tudo leva a crer, a morte será a melhor coisa na vida daqueles que ficarem.

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  4. Recomendo visita aos anos de 2014 numa visão do EuroMaidan, pois creio que manipulação de ânimos dos Ucranianos os fizeram de tolos. Parabéns Marconi pela sua reflexao deste momento.

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  5. Ótima obordagem. Permita uma opinião. Todo jogo bancado pelo "xerifes do mundo" é no sentido de adiar a perda do título de pais mais importante no cenário mundial. Todos sabem que até 2050 a China ocupa o lugar que os americanos assumiram por subserviência dos demais parceiros.

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  6. Li, a algum tempo (mas não lembro onde), uma questão intrigante: em quantas guerras a China envolveu-se, até hoje? Apenas em conflitos com seus vizinhos, Japão, Coréia, Vietnam, Índia e Rússia. Foram guerras, que, em sua maioria, duraram pouco tempo. A mais longa foi contra o Japão, que começou em 1937 e terminou em 1945, ou seja, ocorreu durante o período da Segunda Guerra Mundial.

    Já os Estados Unidos e Rússia participaram de inúmeros conflitos, com custos elevadíssimos. Enquanto a China investia em desenvolvimento e tecnologia, além de redução de custos de seus produtos, Estados Unidos e Rússia, gastavam milhões em guerras.

    Ou seja, a afirmação da China de que está pronta para guerrar em qualquer campo, pelo menos no campo econômico, já se mostra verdadeira. Hoje em dia, consumimos muitos produtos, principalmente de baixo custo, "Made em China". De origem americana, só lembro de automóveis e equipamentos pesados. Na área de alimentos, lembro que, na década de 60, existia o programa "Aliança para o Progresso". Era o auge da chamada "Guerra Fria" e os Estados Unidos queriam evitar a influência Russa, na América. E tome gastos elevadíssimos. De origem Russa, não lembro de nenhum produto. Já a China corria por fora, para chegar no que sabemos o que ela é, hoje.

    Rótulos, narrativas e ideologias a parte, na Guerra econômica, a China parece-me que já está na frente. Já, na guerra da arrogância, da petulância e da prepotência, protagonizada pelos atuais "idolos de pés de barro" megalomaníacos, todos estão perdendo. E estamos sendo arrastados e envolvidos nela, queiramos ou não queiramos. Estamos, de alguma forma, pagando a conta.

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  7. Marconi agora abordou um assunto que gosto muito. Triste de quem se alia aos EUA. Saddam Hussein e Bin Laden são dois dos que me lembro por ora. Se tornaram alvos. O mesmo vai acontecer a Zelensky. Foi cria dos EUA, um fantoche. EUA, financiou a guerra. Agora a conta tá sendo cobrada. Por outro lado, O Tratado de Bruxelas foi assinado com a condição de que a OTAN não expandisse a quantidade de bases militares pelo mundo. O tratado não só não foi cumprido, como aumentou, no mínimo, em mais de 100% e estava cercando os limites da Rússia. Putin avisou que parassem com o avanço, há anos. E ameaçou, que se não parassem, ele invadiria a Ucrânia ( Gosto de ouvir os comentários sobre geopolítica de Lejeune Mirham, Breno Altmam, Pepe Escobar).

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