sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Estalei a língua ao beber

                                        Imagem relacionada

     Tem coisa mais típica que estalar a língua quando se bebe um gole de uma bebida saborosa?  Não tem.
     Eu disse para vários amigos que estou brincando com a revisão/edição/preparação do texto do romance de ficção que escrevi: "A puta rainha".

     Mas esta não é uma crônica para literatas, é de descoberta.

     Desde março do ano passado venho me dedicando a escrever este romance, leitura novas, releituras e muita leitura de ficção.
     Acho que nunca li tanto olhando a técnica de cada escritor.  Não o olho do crítico e sim o olhar do aprendiz.
     Uma coisa mudou significativamente, mesmo lendo um livro ruim, eu passei a respeitar e valorizar o esforço de quem o escreveu. Além disso passei a comprar nas livrarias livros novos, o escritor precisa ter a remuneração para o deleite que tenho ao ler seu livro. Por fim,  passei a ler devagar. Passei a sentir cada sabor de uma palavra, da construção de uma imagem, da emoção de um personagem e do escritor, que sente a mesma emoção quando se transmuda escrevendo seu texto.
     Sou fã de três escritores, bem mais de perto que outros ótimos escritores.  Gabriel Garcia Marquez, Mário Vargas Llosa e o Velho Graça.
     Graciliano Ramos, Velho Graça.
     Era um fã que havia lido pouco as suas obras. Amigos como pode ser fã sem beber na fonte?
     Era fã só de ler o que se falava dele. Absurdo, também acho, mas tão comum nos dias atuais, onde se critica sem conhecer o objeto criticado.
     Aí comecei ler Vidas Secas e o livro mais que narrar vidas pobres é escrito para que a pobreza seja sentida a cada frase. É verdade, ali, naquela história, não cabe enfeite e Graciliano Ramos queria transmitir exatamente essa impressão.
     Li o livro de apenas 128 páginas em 30 dias.  Lia pouquinho por vez, li como se estivesse com pena de gastar o último  grão de mostarda da terra.
     Agora estou lendo Angústia, outra escrita primorosa, suave, saborosa e descobri algumas coisas, eu imitava o estilo dele, nos diálogos  e em várias outras construções narrativas só tendo lido Infância e, lá se vão 13 anos. Intuição, penso eu.
     Quer ler algo bom, mas bom mesmo, leia o Velho Graça.  Se municie de um dicionário e saboreie o melhor do melhor.
      
Marconi Urquiza.

Em tempo:
      Tarcizo Leite,
      Pensei em você quando nos encontramos na biblioteca da AABB Recife e me perguntou sobre as crônicas que haviam sumido. Esta é a razão desta crônica.
       Muito obrigado pelo estímulo.

     

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