Tem coisa mais típica que estalar a língua quando se bebe um gole de uma bebida saborosa? Não tem.
Eu disse para vários amigos que estou brincando com a revisão/edição/preparação do texto do romance de ficção que escrevi: "A puta rainha".
Mas esta não é uma crônica para literatas, é de descoberta.
Desde março do ano passado venho me dedicando a escrever este romance, leitura novas, releituras e muita leitura de ficção.
Acho que nunca li tanto olhando a técnica de cada escritor. Não o olho do crítico e sim o olhar do aprendiz.
Uma coisa mudou significativamente, mesmo lendo um livro ruim, eu passei a respeitar e valorizar o esforço de quem o escreveu. Além disso passei a comprar nas livrarias livros novos, o escritor precisa ter a remuneração para o deleite que tenho ao ler seu livro. Por fim, passei a ler devagar. Passei a sentir cada sabor de uma palavra, da construção de uma imagem, da emoção de um personagem e do escritor, que sente a mesma emoção quando se transmuda escrevendo seu texto.
Sou fã de três escritores, bem mais de perto que outros ótimos escritores. Gabriel Garcia Marquez, Mário Vargas Llosa e o Velho Graça.
Graciliano Ramos, Velho Graça.
Era um fã que havia lido pouco as suas obras. Amigos como pode ser fã sem beber na fonte?
Era fã só de ler o que se falava dele. Absurdo, também acho, mas tão comum nos dias atuais, onde se critica sem conhecer o objeto criticado.
Aí comecei ler Vidas Secas e o livro mais que narrar vidas pobres é escrito para que a pobreza seja sentida a cada frase. É verdade, ali, naquela história, não cabe enfeite e Graciliano Ramos queria transmitir exatamente essa impressão.
Li o livro de apenas 128 páginas em 30 dias. Lia pouquinho por vez, li como se estivesse com pena de gastar o último grão de mostarda da terra.
Agora estou lendo Angústia, outra escrita primorosa, suave, saborosa e descobri algumas coisas, eu imitava o estilo dele, nos diálogos e em várias outras construções narrativas só tendo lido Infância e, lá se vão 13 anos. Intuição, penso eu.
Quer ler algo bom, mas bom mesmo, leia o Velho Graça. Se municie de um dicionário e saboreie o melhor do melhor.
Marconi Urquiza.
Em tempo:
Tarcizo Leite,Pensei em você quando nos encontramos na biblioteca da AABB Recife e me perguntou sobre as crônicas que haviam sumido. Esta é a razão desta crônica.
Muito obrigado pelo estímulo.

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