sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Fedor sem fim

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     Pense no sofrimento, meses a fio com aquele fedor sem saber a origem e eu a exigir limpeza constante, cutucando todos os cantinhos da casa, procurando o odor nos sapatos, nos guarda-roupas, nos armários da cozinha. Para evitar a pestilência até empurrei o lixeiro para bem distante, para os confins do quintal e, nada. Nós nunca achamos a fonte do mal-cheiro. 

    O tempo passou e o fedor amenizou, já não se sentia tão forte, mas estava por lá. Se fosse uma pessoa, era um ser renitente.

   Mas, com um nariz tão teimoso quanto o fedor, eu quase toda vez dizia: tá fedendo e, tome limpeza, passado o efeito do perfume, a pestilência chegava teimosa.

   Certo dia, na hora do almoço, eu disse para minha esposa: "Vamos fechar as saídas dos ralos dos banheiros, esses sifões estão estragados!" Obra feita, tudo pareceu se acabar, mas pense! Não funcionou. Nos resignamos, o negócio foi conviver com o fedor.

   Já fazia um ano que a pestilência havia surgido. 

   Depois desse ano Paulina foi trabalhar conosco, o tempo passou, eu até que tentei me acostumar com aquele fedor. Só que, um dia eu cheguei em casa e de passagem pelo quarto dos meninos reclamei:  "Esse fedor de novo!". 

  Paciente, ela chegou, deu aquela fungadinha básica e sentenciou: "Isso é fedor do pau de bosta". 

  "Eita, e existe isso?", qual foi a minha surpresa. Aí pus as ventas para trabalhar, corri em direção as camas, retirei os colchões, dei também uma fungada, só que bruta,  e quase gritei: "É aqui de onde vem esse cheiro de merda!" 

   Irritado eu pensei em todos os xingamentos que a minha memória guardou. Foi aí que fui me lembrar que em Barbosa Ferraz eu havia contratado um marceneiro para fazer os três estrados das camas de solteiro, paguei caro por uma madeira que fosse forte, só que ela era mais fraca que seu fedor sem fim.

Abraço,
Marconi Urquiza

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