O que um deserto poderia ensinar, é o que estou tentando entender.
Quando o avião passou da metade da viagem, vindo de Santiago do Chile, começamos a ver uma terra seca à perder de vista. Terra seca, nenhum pé de qualquer planta.
Saímos do aeroporto de Calama (Chile) e comecei a olhar a paisagem. Metade igual, metade diferente. A primeira metade; uma imensa planície; a segunda metade, montanhas; para ficar tudo igual; um imenso deserto. Estávamos no Atacama.
Entramos em San Pedro de Atacama, um pequenino, pequeníssimo oásis regado pelas águas do desgelo. A Cordilheira dos Andes está a um beiço de distância. Vi até os contrafortes dessa imensa cadeia de montanhas.
A cidade, na parte turística é propositalmente rústica, de terracota, arenito. Daquele barro amarronzado. Todas as resistências e prédios comerciais têm a mesma tonalidade ocre.
Nos bairros já há ruas pavimentadas, parecendo uma cidade normal.
Alguns trechos desse deserto me fizeram recordar partes de Pernambuco, na região de Betânia e no Rio Grande do Norte, após Macaíba, até as proximidades de Assu. Onde praticamente só se vê o solo pedregoso ou desnudo e nenhum pé de gente. Muitas vezes se avista, de gente viva, só alguns bodes entrincheirados nas encostas de pedras à procura de comida.
Aqui no Deserto de Atacama não tem nada, mal se olha para alguns arbustos, bichos, nenhum à vista. Dentro da cidade o maior rebanho é o de cachorros de rua. Mansos, gordos e cevados pelos vizinhos.
Mas tem uma situação que gostaria de estudar. No meio do imenso Salar de Atacama se criou um roteiro turístico de sucesso. Brasileiro aqui dá na canela, estrangeiros de outros países também.
É o turismo da rusticidade, de aventuras, de trekking, das visitas aos vulcões e de conforto mediano.
Esse roteiro turístico é azeitado. Vários hotéis, restaurantes, hósteis, uma quantidade enorme de vans para dar suporte as dezenas de passeio. Dá até para identificar ações do Chile ou da província de El Loa nos cuidados com as estradas não asfaltadas, as que levam às opções turísticas.
Resta saber se San Pedro de Atacama se criou sozinha e só depois recebeu o apoio governamental, tal como ocorreu com balneário de Porto de Galinhas em Pernambuco, ou foi uma criação de uma estratégia magistral de governo para propiciar o auto sustento para uma população que demandaria recursos públicos em várias frentes e ainda obter receitas com os impostos através do turismo?
Pelos menos para mim, em San Pedro de Atacama se criou um modelo de economia local, talvez regional, difícil de imaginar que teria tanto sucesso.
Abraço, bom final de semana.
Marconi Urquiza
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