No dia de finados ocorreram duas situações críticas. Um morador de um conjunto habitacional no Distrito Federal filmou um homem gritando, desesperado: É Fome, por favor, é fome.
Neste mesmo dia, ao voltar do clube sem almoço, resolvi comer em uma padaria no trajeto. Para os que conhecem a região da Av. Rosa e Silva, ela fica defronte ao Country Club do Recife.
Havia terminado de comer e estava para me levantar, quando um morador de rua entrou e me pediu comida, com pressa para não ser expulso de dentro da padaria ele me guiou pelas gôndolas, pegou uma dúzia de ovos, um quilo de arroz e um pacote de bolacha cream cracker, deixou na minha mão e saiu com a mesma velocidade que entrou.
Paguei e entreguei a ele. Não disse nenhuma palavra e se ele agradeceu, não ouvi. Segui para casa. Ontem minha esposa retirou da bermuda o tíquete fiscal e fez uma observação que o almoço tinha sido caro, foi quando me lembrei do ocorrido e fui olhar o que tinha sido entregue ao rapaz, só então comecei a pensar naqueles menos de 10 minutos.
Homem magro, cerca de 30 a 35 anos, altura mediana, descalço, camisa vermelha ou rubro-negra, não sei se de calça ou bermuda. Descalço. Descalço, com pés enegrecidos. Ou queimados pelo sol ou de sujeira. Estava descalço. A magreza acentuada dele me perseguiu ontem todo o dia. O seu jeito determinado, era desespero, se aproveitou que naquele instante não havia vigilância.
É Fome meu caro. É muita Fome.
Abraço, Marconi Urquiza

Esse fenômeno é real, precisava ser enfrentado com ações duradouras. Sempre foi tratado com paliativos, a dependência tem que continuar.
ResponderExcluirReal. Não é uma ação estratégica. Vai tudo ao sabor da próxima eleição.
ExcluirMeu Ilustre Urquisa, essas ocorrências estão se repetindo em outros bairros do Recife e em muitas outras cidades desse Brasilzão. Grande abraço.
ResponderExcluirÉ verdade. Infelizmente.
ExcluirNo nosso país, o de cima sobre e o de baixo desce. E o pior, o de cima não está nem aí para o de baixo. É a fome que bate.
ResponderExcluirHá muito insensibilidade.
ExcluirNum passado não muito distante nós conseguimos avançar nessa questão. E algumas das pessoas com fome começaram até frequentar aeroportos e umiversidades, mas aí achamos ruim e fomos bater panelas. O resto a gente já sabe.
ResponderExcluirÉ.
ExcluirEsse é o peso do voto impensado. Não me refiro somente ao mandatário mor, mas, também nos níveis estadual e municipal.
ResponderExcluirSim, se soma apenas o prsente
ExcluirFome de comida num país tropical esconde a fome por conhecimento ( de si mesmo e do meio ambiente). Mas como interromper s primeira sem investir na segunda?!
ResponderExcluirSábio gesto Marconi. Lembra: ..."Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber"...
ResponderExcluirCerta vez comentei, com o nível de produção de alimentos do país, o brasileiro só passa fome, por opção dos governantes.
Não tem como não se impactar com sua breve, mas perfurante narrativa que denuncia a fome como o desespero dos excluídos. Parabéns.
ResponderExcluirÉ visível o aumento da fome pela falta de emprego e ausência de políticas públicas honestas em prol dos mais carentes!! Não podemos perder o nosso senso humanitário para com esta parcela da sociedade que a cada dia se multiplica!!!
ResponderExcluirA imagem do homem magro, descalço e desesperado ficou na minha cabeça. O cronista faz um recorte do cotidiano pra nos dar uma visão ampla de um problema e uma vergonha nacional. Um país que produz tanto alimento, suficiente para alimentar 1 bilhão de pessoas, não consegue por comida na mesa de parte da população. Tenho visto iniciativas solidarias que tentam reduzir o impacto da fome. Já é um alento, mas precisamos muito mais... Que falta nos faz Herbert de Souza, o Betinho, com sua campanha nacional contra a fome e a miséria...
ResponderExcluirAcredito que com os recursos e a dinheirama que corre pelos cofres do poder público, não deveriam existir momentos assim de tanta dor. Infelizmente o que vemos são seres inescrupulosos que só olham para o próprio umbigo e não se atem a cuidar do outro. Falo isso do poder público em suas várias esferas. Ou se mudam os políticos com sua forma egoísta de ser ou nunca teremos uma solução amável para o nosso lindo e amado país.
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