sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Ao gosto dos leitores

 

   Rubem Fonseca e Gabriel Garcia Márquez


        Tempos  atrás, há mais de um ano eu vi uma entrevista de Tony Bellotto, em uma live de lançamento do livro "Dom". Onde ele, ao ser indagado, disse que o escritor de histórias policiais que lhe inspirou no estilo de escrever foi Rubem Fonseca.  Elogiou demais, disse que ele não aliviava nas frases, era um estilo direto e seco.

        Até então não havia lido nada de Rubem Fonseca, só outros escritores que o tinham como referência e continuei assim, sem ler.  Depois de bem um ano que eu havia comprado um livro seu, Agosto, ele que continuava encostado no meio os outros, na fila para ser lido. 

        Nessa leva de leituras recentes eu havia concluído o livro reportagem, "O Nome da Morte", escrito pelo jornalista Klever Cavalcanti.  Apesar dele utilizar recursos de um romancista, tudo no livro é real. É a história de um matador de aluguel que anotou 492 mortes que fez em 35 anos de profissão. Se tiver preguiça de ler, há um filme homônimo.

        Na secura de ler, desta vez foram dois livros de ficção, dois dos livros da série "Estações de Havana", de Leonardo Padura. Uma série policial que primeiro vi no Netflix, só bem depois li os livros. Desta vez li de uma tacada: "Máscaras e Paisagem de Outono".

        Aí a paquera do livro "Agosto" se transformou em namoro.  Não terminei, mas posso fazer alguns comentário.  O livro traz parte daqueles eventos anteriores ao suicídio de Getúlio Vargas. É um romance entrelaçado de ficção e história real, romanceada. A história é boa e a narrativa não deixa o leitor entediado.

        Mas tem um aspecto que me fez lembrar um comentário do amigo Ronald. Certa vez me disse que eu escrevia seco, sem "lamber (por minha conta)" o leitor. Sem aliviar a carga dramática nos dois romances de minha autoria que leu. Quando eu passei de dois terços do romance Agosto fui me identificando com esse modo de escrever. 

        Fiquei lembrando do comentário de Ronald e me recordei de alguns detalhes que me fizeram ter uma estilo seco. Primeiro: sempre tive muita dificuldade de escrever frases longas, tinha medo de me perder. Segundo: A minha dificuldade em por vírgulas me fez escolher as frases curtas e com ponto final.  Terceiro, o que só ocorreu muitos anos depois. As frases curtas tornam a leitura mais ágil e me obrigada a simplificar e não complicar.

        Ainda bem que só li Rubem Fonseca quando já tinha um certo jeito de escrever. Mas sempre tive uma admiração por dois escritores, meus professores indiretos: Gabriel Garcia Márquez.  O outro foi Graciliano Ramos, cujo estilo, nos anos 1980, eu tentei imitar. Acho que dos dois, estão misturados à minha forma de escrever, foi de onde juntei os seus modos e maneiras.

        Nem recordo quantos livros li neste último ano, talvez 20, mas neste período o que mais me marcou foi o "A Vida em Espiral". Este é romance de um rompante parecido com a crueza dos fatos de "O Nome da Morte". Para quem gosta de uma estilo mais leve, é hora de ler "Tia Julia e o escrevinhador", de Mário Vargas Llosa.

        Por hora, é só isto.

        

        Abração.

        Marconi Urquiza


6 comentários:

  1. Indicar leituras é um costume que tenho, li muito por indicação e em retribuição indico. Cada escritor tem um estilo e é isto que torna cada livro uma surpresa. Feliz 2022.

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    1. É verdade. Li muito também por indicação. Não costumo indicar, às vezes faltam sugestões a quem deseja ler. Então sugiro. Obrigado.

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  2. Ótima crônica caro Marconi. Também cultivo o hábito da leitura. Comecei 2022 com A Lógica do Cisne Negro, de Nassim Taleb.

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    1. Muito bom. A leitura é um ótimo passificador da mente em meio dessa aceleração das redes sociais.

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  3. Tenho lido menos priorizando a prática do desenho e da pintura e mais ainda, o compartilhar saberes de artes num projeto social. Suas indicações de leitura tem poder de despertar irresistível vontade de devorar os livros. Obrigado e parabéns Marconi.

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