Nesta semana eu li a postagem de um amigo. Catei o telefone e ensaiei gravar uma mensagem que pudesse ser um estímulo a ele.
Ensaiei, imaginei, escolhi palavras e aí parei. Sempre fui péssimo, ruim demais em ser convincente ao tentar melhorar o astral de alguém. Essa deficiência me fez desenvolver uma espécie de audição ativa e empática. Até nisso às vezes falho.
Naquela ideia inicial do aúdio, a primeira coisa que iria dizer era: Chore, amigo. Chore alivie a sua alma, mas parei, cai no dilema: E se o choro, em vez de ajudar, aprofundasse um estado de melancolia.
Tal dúvida me inibiu e fiquei paralisado, como seria fácil criar uma carta dessas em um romance, em um conto, mas no real!
Por isso, Amigo, saiu essa cartinha meio escondida.
Sabe, lamento, penso que senti a sua dor, a sua tristeza, o seu desconsolo. Se eu disser que a vida é assim mesmo, de altos e baixos, vou cair na mesmice. Se eu disser que você deve se fixar no lado bom, nas miudezas que alegram, mesmo no meio da dor, da dúvida, ou da perda, vai soar infantil. Se eu disser que há recordações prazerosas, felizes, que dão um gás em uma realidade dolorosa, posso cair naquele esparrela que o passado ficou e quem busca lá seus urguentos, ao voltar ao cotidiano, afunda ainda mais. Até acho que é verdade, mas creio piamente que aquela energia pode nos ajudar.
Outro dia vi uma pessoa orando, orava tão firmemente que eu parei por alguns segundos para observa-la na minha curiosidade de mal rezador. A pessoa parecia serena, sei lá, acho que havia encontrado nas suas orações aquele Deus compassivo. Tem hora que não adianta rezar para pedir, mas adianta rezar para compreender, para aceitar as coisas como elas são, para achar aquela paz que serena a alma.
Lamento estar distante, mas uma coisa eu iria fazer, se estivesse perto de você, daria um abraço, se me permitisse. Apertaria a tua mão com força e calor, sentaria ao seu lado e tentaria escutar o seu coração, só escutar, sem interrromper. Converse, sabe, converse. Dá pitaco é uma merda, mas vou dar. É uma pequena história.
Ainda, enquanto funcionário do Banco do Brasil, eu atendi uma cliente, ela sentou à minha frente e nada pediu, já foi contanto a história do seu filho, que após fazer comentários contra uma gang de traficantes foi atingido na cabeça, conseguiu se salvar, mas seu comportamento mudou de doce para agressivo.
Naquela tarde eu só olhava para ela calado, dentro de minha mente rodavam centenas de palavras, mas nenhuma formava uma frase que a consolasse. Naquele dia ela precisava ser apenas ouvida. Foi a mim que ela confiou a sua dor.
Sabe, amigo, isto pode ser uma coisa boa, ache esse amigo, essa amiga, que apenas lhe escute na sua dor. Com quem você possa compartilhar seus sentimentos. Não sei se você tem essa pessoa, se não tiver, pode falar comigo, garanto que não vou fazer cara de paisagem.
Bem, amigo, falta-me palavras, mas estou cheio de sentimentos. Pode ligar, pode ligar, na hora que quiser. Um beijo no coração.
Assim seria a minha carta, torcendo que sirva para amenizar a sua dor.
Por hora é o que tenho.
Abraço, Marconi

Parabéns! Fiquei aqui pensando como é isso no coração de quem não derrama uma lágrima, mas precisa! Ter um amigo é como ter uma praia, você vai lá margulha num mar de aconchegos e pronto! Tudo quase perfeito! Amigo é amigo!
ResponderExcluirMuito obrigado.
ExcluirÓtimo afeto em distribuição para melhor fraternidade universal.
ResponderExcluirParabéns pela crônica.
Muito obrigado
ExcluirAbraço.
ExcluirJoão Mendes
Parabéns meu amigo! Excelente reflexão a todos nós
ResponderExcluirMuito obrigado
ExcluirLinda e afetuosas palavras.
ResponderExcluirMuito obrigado
ExcluirValeu amigo. Parabéns pela mensagem com características de empatia e zelo.
ResponderExcluirComo sempre, distribuindo amor em forma de palavras. Parabéns Marconi
ResponderExcluirCaro Marconi, você sempre trazendo para nós, às sextas, algo relevante, como esta crônica. Com meus cumprimentos um abração do Carlos Eduardo.
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