Já pensou, você abre o Zap e aparece a imagem de Pinoquio e a chamada: A Lei de regulação da mentira foi sancionada.
Já pensou como seria o regogizo na política. A mentira regulamentada, as eleições sabiamente conduzidas pelos postulantes. A população se tornaria sábia com a contribuição dessa regulamentação.
Seria uma distopia fenomenal, verdade. A verdade como vocábulo cairia para a caverna das linguas mortas e sumiria dos dicionários e das mentes de todos nós. Aí, ao clicar no zap predileto você leria, na abertura da imagem: A mentira regulamentada pelo Lei XXXX/2100, e você acreditaria se quisesse. Não seria iludido.
Como não haveria nenhum contraponto da mentira contra a palavra morta, o mundo olharia para tudo com a confiança plena que seria tudo assim, fluído, pacificado pela mentira, não haveria briga. Para que brigar se a mentira estará regulamentada.
De boca cheia as pesquisas eleitoriais ocorreriam assim: Pesquisa Eleitoral depositada no Ministério da Mentira, regulamentada pela Lei XXXX/2100. Pense na paz, que paz seria. Tudo ficaria mais produtivo, a energia só seria gasta com coisa boa, benéfica e produtiva.
Quando alguém dissesse: isto é um mentira; todos caíriam em risada, alguém faria um meme, os haters endoidariam: Que isso, Mentira? Não existe!!!! E quase resgataram da sua defuntisse a palavra sumida no dicionário das línguas mortas.
É preciso regulamentar a mentira. Uma mentira: perdão objetivo; duas mentiras: perdão parcial, a pessoa teria que contar mais quatro mentiras em 1 minuto. Três mentiras: Sem perdão, ficaria suspenso da internet 1 ano.
Assim, a regulamentação teria que ser uma armadilha para que a palavra sumida no dicionário das línguas mortas fique para sempre presa.
Portanto, indique para seu parlamentar federal que faça a lei que regulamente a mentira, tudo isso em nome da paz.
Assim, haveria dois benefícios imediatos:
O primeiro. Não haveria nenhum estresse e nem ansiedade para se saber se a mentira é apenas mentira ou se ela uma mentira distópica, cabeluda, prejudicial.
O outro: a tranquilidade, pois todos estariam mentindo. Para que briga, discussões, agressões, xingamentos? Todos, ao contrário de hoje, estarão do lado certo, correto. Ao lado mentira.
Aí, um dia, Cem anos depois, um pregador entra na internet desse tempo, comandada pela Inteligência Artificial e começa a pesquisar o desconforto que vem ocorrendo há vários anos.
As pessoas insatisfeitas, as máquinas insatisfeitas, comida demais para alguns, comida pouca para um montão. Ele se sente angustiado, seus fieis aumentando exponencialmente, mas já não têm a cara de felicidade, os céus tão prometidos já não alimentam as almas, os seus céus tão almejados para os tempos vindouros também. A palavra sagrada, repetidas como bastião do universo, está virando descrença.
Aí ele abre um livro em busca de socorro, precisa mudar o rumo daquela insatisfação. Aí vai passando as páginas, ele sabe de tudo aquilo, ele tem aquele livro decorado, é capaz de dizer tudo sem nem abri-lo. Para que abriu, se sua mente funciona como um computador quântico?
Nisso ele se depara com uma palavra. Corre na base universal dos livros sagrados, tudo virtual, a palavra estava lá, quem a resgatou do dicionários das linguas mortas? É preciso achar esse culpado e unir o rebanho de novo, trazer o rebanho rumo a si mesmo e ao controle da felicidade. Deu um comando e a apagou. A enterrou mais uma vez.
Amigo e confidente da maior autoridade do pais, sentiu que deveria atualizar a Lei da Mentira, disse uma mentira e correu para dizer a sua angústia, mas como dizer.
Aí a distopia mais uma vez surgiu, alguém achou um livro antigo, ainda de papel, estava dentro de uma casa, em um buraco, envolto em um plástico, preservado. "Quem morou aqui?" E foi atrás de responder a essa pergunta, cada vez que buscava, mais portas achava para abrir, cada vez que lia um nome, outros tantos apareciam e um emaranhado foi se formando, já não tinha rumo quando comentou a sua angústia para um Homem Santo. "O que você procura, filho? O nome de quem era esse livro. Por que procura? Por causa disso, leia aqui, não tem no livro novo."
O Homem Santo espichou o olhar, sem se dar conta que estava conectado à sua imensa rede da Internet, sob o comando da Inteligência Artificial para propogar tudo que dizia. Baixou a cabeça e leu, seus óculos dotados de câmera também leram.
"O que te angústia?" Ele perguntou com a voz doce, alisando o papel fino, suave. "Leia aqui", o fiel angustiado apontou e o Homem Santo leu, sem se dar conta que havia acionado seu imenso púlpito. "Você está preocupado com isso, com isso aqui, é? Ligue não."
Aí o fiel disse: "Não, não é essa, é aquela", e aponta a frase, prontamente lida pelo Homem Santo: "Dizei a verdade e a verdade vos libertará", então repetiu em tom de pregação: "Dizei a verdade e a verdade vos libertará", e aí como se tivesse pregando, disse: "Fiel, a verdade vos libertará". Então deu um toque e se desligou da rede, mas a inteligência artificial atuou.
Aquilo ficou propagando 24 horas sem nenhum bloqueio, Homem Santo teve um desmaio e foi parar em um hospital, oito dias depois, ainda debilitado foi pregar e o que ele ouviu da multidão, ao entrar no púlpito: "Fiel, a verdade vos libertará", ali mesmo ele tocou no intercomunicar e disse: "Senador Jesu, mude urgente o nome da Lei da Mentira, para a Lei da Verdade. É só o que fiéis estão dizendo".
“Mentira tem pernas curtas”
E anda por linhas tortas
Seu dicionário usado
Representa línguas mortas
Não tem a perenidade
E sabe que verdade
A sua grande comporta.
Ademar Rafael.
E a distopia se completou.
Até a próxima, Marconi Urquiza

Como diria um amigo muito "bem bolado" este texto. Mesmo sabendo o alto custo digo tentando ficar próximo da verdade. Parabéns amigo.
ResponderExcluirE eu por aqui buscando a verdade, até que ela se revelou em meu coração e mente. Eu apenas sou o que sou! O resto é caminho alternativo! Se todas as escolhas forem bloqueadas, ainda restará uma: a liberdade de pensar!
ResponderExcluirParabéns!
Ilson Martins - Cianorte
ResponderExcluirOportunas colocações na belíssima crônica. A verdade só se mostra a quem quer vê-la. Infelizmente, o extremismo pessoal não faz nenhuma questão no que vai aparecer na imagem. Grande abraço meu Amigo.