
"O fascínio da procura de uma rosa sem espinhos nunca está muito
longe, e é sempre difícil de resistir." Zygmunt Bauman
Acordei na última quarta-feira com uma séria abstinência das fake news, na segunda o alívio foi total, na terça, gostosamente meu celular foi aliviado das mil mensagens que recebia, nesta quarta recebi o primeiro fake news pós eleitoral e passei para um site que fazia verificação, a resposta veio: serviço desativado, só atuaram durante o período eleitoral.
Foram praticamente dois anos de fake, mais dois anos de uma intensidade de informações desinformante que moldou meu cérebro, vejo tudo torto. Nos últimos meses a intensidade foi tanta que estou sofrendo de abstinência, Passei a desconfiar até da verdade.
Há um dizer bíblico de São João que leciona sobre a mentira: E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (João 8:32), podia se dizer assim: Dizei a verdade e a verdade vos libertará. Mas nem um nem outro tem impacto nos dias atuais.
Esse é um registro bíblico forte, no entanto, é um ensinamento que parece passar ao largo de muita gente influente, até mesmo dos profissionais da fé.
Esse é um registro bíblico forte, no entanto, é um ensinamento que parece passar ao largo de muita gente influente, até mesmo dos profissionais da fé.
A mentira fascina.
É assim mesmo, a minha impressão é que a mentira tem mais valor nas relações sociais que a verdade.
É assim mesmo, a minha impressão é que a mentira tem mais valor nas relações sociais que a verdade.
Você pode está questionando, e ele é santo, nunca mentiu? Claro que já menti, mas mentir para mim é uma sofrência imensa, a minha a cara me denuncia, por causa disso passei a evitar mentiras e até desenvolvi uma estranha síndrome. Muitas vezes me pego sentenciado, "tá mentindo", parece que minha mente ligou um desconfiômetro permanente para buscar sinais da mentira. Modulou a voz, ora baixa, ora alta, suaviza demais, repetição de alguma parte de uma frase, olhar "profundamente" nos olhos do outro para passar convicção e por aí vai.
Bem, estou falando das situações quando a gente se comunica cara a cara, mas, e hoje? Facebook, Whatsapp, Instagram, Linkedin. Você não vê as expressões, raro se escutar a voz, a conversa não existe, praticamente só há mensagens escritas, algumas de áudio, muitos vídeos preparados, vídeos espontâneos, e mais uma vez, por aí vai. O cérebro não capta essas alterações que citei acima. Engolimos muitas mentiras por desatenção e passamos muita mentira por maldade, por estarmos no meio de um grupo, por nos sentirmos anônimos ou pela avalanche que pode nos dar a segurança que não seremos punidos.
Isto que falei é para os outros. Se existir alguma culpa, relevamos, se soubermos que indivíduos estão sofrendo, racionalizamos, imersos nesse vale tudo "decente".
Mas se surgir uma mentira que nos prejudique diretamente. Qual será o sentimento? Vai xingar? Vai querer dar o troco? Vai lavar as mãos ? Tira por menos? E se essa mentira ou várias atrapalharem a sua vida? Como perder um emprego, perder a amada ou o amado? E se nós formos o inocente útil? Se o dano colateral nos atingir?
Isto que falei é para os outros. Se existir alguma culpa, relevamos, se soubermos que indivíduos estão sofrendo, racionalizamos, imersos nesse vale tudo "decente".
Mas se surgir uma mentira que nos prejudique diretamente. Qual será o sentimento? Vai xingar? Vai querer dar o troco? Vai lavar as mãos ? Tira por menos? E se essa mentira ou várias atrapalharem a sua vida? Como perder um emprego, perder a amada ou o amado? E se nós formos o inocente útil? Se o dano colateral nos atingir?
Voltando para o fenômeno das fake news. Imagino que se precisa ligar o desconfiômetro, infelizmente devemos nos perguntar todo santo dia: Qual é a intenção da pessoa que criou essa mensagem. Tal comportamento não tem serventia apenas para as fake news, vale para quase tudo.
A mentira fascina, a sua narrativa engabela os nossos sentidos. Sabe por que os estelionatários dão golpes?
Desconfio que a verdade não me libertará, por que não sei onde ela está.
Abraço,
Marconi Urquiza
A mentira fascina, a sua narrativa engabela os nossos sentidos. Sabe por que os estelionatários dão golpes?
Desconfio que a verdade não me libertará, por que não sei onde ela está.
Abraço,
Marconi Urquiza



