sexta-feira, 30 de outubro de 2020
Almoço de graça?
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
A MÁSCARA, será?
Preste atenção nos olhos das pessoas acima, quando terminar a leitura volte a observá-los.
Pois bem, um amigo sugeriu escrever a respeito. Para não cometer a suprema indelicadeza para quem sugeriu o tema, não vou chutar o nome, mas agradeço de antemão.
Bem, quando recebi a sugestão de olhar as pessoas mascaradas eu demorei iniciar a observação, tanto rememorando os encontros pessoais, quanto nos encontros nos quais passei a ter mais atenção.
Então no começo dessa semana eu me lembrei da sugestão e comecei a prestar atenção nas pessoas usando máscaras.
Deixa ver meus pontos de observação, somando-se os casos de memória ao desta semana: Lava-jato, duas vezes; supermercado, duas vezes; academia, quatro vezes; farmácia, uma vez; clínicas e laboratórios, quatro vezes; fisioterapia, quatro vezes. Andar na rua, dezesseis vezes.
Voltei a fazer os exames de rotina, que estiveram retidos. São nesses ambientes onde ocorrem as maiores concentrações de pessoas, em termos de proximidade e de circulação de ar. Quase todos os locais foram projetados para ter ar condicionado, então a circulação do ar natural é bem restrita.
Um mês atrás, creio que no sabor da sugestão recebida, ao acordar, veio-me a ideia de escrever um conto, mas um conto a gente inventa uma situação. Observar a realidade dá mais trabalho, exige mais sensibilidade e saber o que se quer buscar. No nosso caso, os olhos, já que grande parte do rosto está coberta pela máscara. Como se sabe, o corpo fala, ele é tão expressivo quanto a voz, quanto os olhos. No meu caso, é mais difícil observar os sinais do corpo, alguns são mais fáceis, por exemplo: notar uma pessoa tensa, mas de modo geral não capto bem as suas mensagens.
Por um desses apertos da vida, eu comecei a prestar muita atenção nos olhos e nas expressões faciais das pessoas com as quais eu conversava. Hábito que se reduziu quando me aposentei, perdi muito da minha acuidade.
A máscara, essa nova indumentária para o brasileiro, que se somou, neste momento, aos demais itens que vestem o corpo.
A diversidade de cores, modelos, tecidos, a variedade de máscaras é enorme. Tem gente que não faz a higienização das suas, vão acumulando. Algumas cores, as escuras, permitem à pessoa repetir o uso várias vezes, pois a sujeira demora a aparecer, quebrando o princípio fundamental para o uso de uma: a proteção; também pela higiene da mesma.
Algumas pessoas começaram a combinar as máscaras com as roupas, com a maquiagem, com o penteado, transformando-a em item de moda. Isso é muito legal, se vier acompanhado do cuidado com a sua higiene.
Várias pessoas não se adaptaram, e a que se deve? Tipo do tecido que não deixa a pessoas respirar bem? Especialmente os tecidos elásticos. Outro ponto, o modelo, o tipo do elástico que machuca a orelha, o tamanho, maior para o rosto, que faz a máscara arriar e as pessoas a colocam na posição pegando na parte frontal e não nos elásticos.
Tem um aspecto danado, nessa falta de adaptação: a falta de aceitação do óbvio.
Sabe, dias desses eu fui fazer uma reclamação na academia e ao falar os olhos da atendente brilharam, interpretei que ela havia absorvido a minha queixa, pois a empresa tinha lançado um aplicativo e eu não estava podendo usar por causa do meu cadastro desativado. Pedi, voltei uma semana depois e o cadastro continuava desativado.
Erguer as sobrancelhas, olhar de lado, os olhos escurecem, ou não têm expressividade nenhuma e etc. Agora é possível observar melhor, mas creio que não ocorra com facilidade, pois estamos ainda presos aos aspectos de observação de antes da pandemia. Um sorriso bonito é sempre cativante, mas muitas vezes ele não chega aos olhos, fica ali mesmo, só nos lábios.
Mas esse amigo que sugeriu este tema, por ser dado a tiradas bem humoradas, disse que agora todo mundo é bonito, pois a máscara esconde a parte feia do rosto.
Será?
Olhe a fotografia, veja as diferenças nos olhares. Se notar, comente.
Abração,
Semana Iluminada.
Marconi Urquiza
Link da fotografia de abertura
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
A RAINHA ESTÁ NUA - André do Rap
"Quem é o culpado? Naturalmente é o bandido por praticar crimes."
Na última terça-feira acordei querendo escrever sobre a soltura do traficante André do Rap. Os comentários à princípio criticaram o ministro do STF Marco Aurélio Mello e ainda continuam. Depois os comentários foram dirigidos ao relator da matéria, da lei anticrime, que se se desculpou dizendo que não era para soltar traficante ou bandido perigoso ou notório. Depois a crítica foi para o Presidente da República por não ter vetado o artigo 316 do Código Penal.
Agorinha eu pensei no mais artificioso e repetido dilema: "Quem nasceu primeiro, foi o ovo ou foi a galinha?" Quem criou o artigo, quem aprovou, quem não vetou e quem aplicou o artigo em um caso concreto?
Quem é o culpado? Naturalmente é o bandido por praticar crimes.
Ao se colocar o artigo na lei anticrime, eu imagino que o deputado relator e os que aprovaram pensaram em si mesmos. Ouso alegar que eles estavam ressabiados dos abusos ocorridos durante a Operação Lava-Jato. Das prisões preventivas intermináveis para forçar uma delação premiada. Só que a lei, para ser JUSTA, deveria ser aplicadas para todos e neste caso, o dano colateral estourou com a soltura do André do Rap. Segundo notícia do G1, o ministro Marco Aurélio já havia aplicado o artigo 316 do Código Penal em quase 80 casos.
Também se falou que o traficante tem duas condenações em segunda instância e que deveria está preso, não estava por causa de um artigo da constituição que o impede.
A interpretação, de ontem, do STF, é que a soltura do preso com base no citado artigo não pode ser automática.
- Quantas pessoas estão presas com prisão preventiva a mais de 90 dias, cujos processos estão dormindo o sono dos mortos nas gavetas e arquivos físicos ou virtuais dos juízes? Ou do Ministério Público?
- E se o solto fosse um bandido chinfrim?
- E se o solto fosse um político sem influência?
Nestes exemplos ou outros correlatos, haveria tanta repercussão?
Nestes dias em que o assunto anda em evidência, eu ouvi outro aspecto dessa quadra de gritas e reclamações. Se não interpretei errado, eu ouvi um entrevistado na tevê dizer que seria demais para a agenda dos juízes tomarem conta de todos os casos de prisões preventivas e também darem conta da agenda "normal".
- Os casos são tão, assim, numerosos que tomaria a agenda dos juízes?
- Se são, assim numerosos, então a organização dos trabalhos está falha?
Depois de tantas indagações eu fiquei refletindo sobre todo o contexto. Não vi em nenhum lugar que houve uma motivação extra, do tipo subliminar, para o ministro Marco Aurélio Mello ter decidido sobre a soltura do notório traficante. Mas, sem dúvida, foi a sua notoriedade, o seu poder, a sua capacidade financeira e de articulação é que provocou toda esta discussão. Bandido do baixo clero nem daria aquela coceira discreta no saco.
Outro fator, de minha livre manifestação, é que o que ocorreu foi uma lição para todos. O ministro, pode não ter desejado, mas mostrou que a lei tem falhas, mostrou também que há defeitos no sistema judicial em manter sem nenhum andamento, sem nenhuma atenção, muitas ações criminais, justas ou injustas. Mostrou, querendo ou não querendo, que o assunto merecia atenção das autoridades judiciais e da sociedade, e foi o que ocorreu.
Revelou, para quem quiser ver, minúcias do sistema judicial criminal brasileiro para que haja uma atenção plena para as execuções penais, pois tem muito preso que deveria ser solto e, estão presos, tem crime que poderia ser punido com penas alternativas de pequeno delitos e há a prisão, compulsória na nossa cultura. Sem esgotar o tema, realidades que o sistema judicial e o estado brasileiro deveriam cuidar adequadamente.
Enfim, eu torço para que a justiça seja justa e que as imperfeições sejam corrigidas em um processo de melhoria contínua.
Este caso mostrou que a rainha está nua.
Marco Aurélio mandou soltar quase 80 presos usando o mesmo critério de André do Rap.
Promotor diz que a fuga de André do Rap era esperada e critica Marco Aurélio
(*) PASSANDO A LIMPO - Parte final do áudio - Após o minutos 40.
(*) Passando a Limpo, Super Manhã, Geraldo Freire. Rádio Jornal FM, 90.3 - Recife (PE).
sexta-feira, 9 de outubro de 2020
Cheiro de pão francês
sexta-feira, 2 de outubro de 2020
Você se lembra?
- Sabe, na semana passada eu recebi aqui no trabalho um xará, Antônio, só Antônio. Ele sentou aí onde você está, se apresentou, melhor, disse que era amigo do chefe. Mostrou o seu álbum de fotografias do seu trabalho. Rapaz, eu estranhei as roupas coloridas.
- De palhaço?, - perguntou Genilton.
- Não. Poderia ser ... – e Marco Antônio parou de falar, pensava.
- De palhaço Marco? Só pode ser.
- Não, de Drag Queen.
- Drag Queen!!, - Genilton falou tão devagar, o estranhamento do exotismo da profissão de Antônio só não foi maior, por que ele via vez por outra um na tevê.
- Pois é. Nem deu tempo de pensar em algo, ela já foi contando o seu problema ...
- Qual problema esse bicha tem? Não é para ter nenhum.
- Mas tem ...
- Ignora, irmão. Ignora.
- Não consegui ...
- Você tem o coração mole. Mole demais.
- Genilton, eu tinha que ouvir. Olha, no estado dele, dez reais para mim não custa nada. Nada. Nada ...
- É que você é rico, mas também é muito besta!
Marco Antônio já tinha resolvido parar aquela conversa com Genilton. Estava procurando a palavra mais educada para interromper o papo, que havia se tornado desagradável, mas de repente Genilton mudou de tom, já crítico, rosnou:
- Você gosta é de bicha! Não é?
- Genilton, dia desses um cliente sentou na minha frente e começou a conversar.
- Eu sei, você tem paciência.
- Aí esse cliente me pediu socorro. Não tinha forças para subir essa escada.
- Lá vem você com seu coração bondoso, - disse Genilton, irônico.
- Eu chamei Zezé e ele desenrolou, - desta vez não houve réplica.
- Sabe, um mês depois ele voltou, mas dessa vez não pediu ajuda.
- É capaz de ser o tal de Drag Queen.
- E ele contou uma história linda. Disse que um dia estava na aula quando uma colega chamou parte da turma para rezarem juntos.
- Agora vem você com religião.
- Pois bem, ele disse que durante mais de mês ele rezaram no intervalo do recreio a favor de um colega, que ele não tinham tanta intimidade.
- Falando da oração para o colega, - respondeu Genilton.
- É verdade. Foi quando ele disse que quase dois meses depois, aquele colega voltou curado e depois de uns quinze dias ele se aproximou do rapaz e disse a ele: “Nós rezamos toda noite quando você estava em doente.”
- Era para mim. Esse homem é o Drag Queen?
- É.
- Eu não agradeci. Onde ele está?
- Morreu ... estava bem doente. Pegue esse papel, ele deixou esse poema que um amigo havia feito naquele tempo.
Genilton pegou, desembrulhou o papel amarrotado como quem abre um pacote de pão e se pôs a ler:
Muitas vezes nos
damos por vencidos
ao ouvirmos
de alguém um
diagnóstico.
Porém Deus nos
prepara o prognóstico
Atendendo com amor
nossos pedidos.
Os problemas são
todos removidos (no áudio errei e gravei resolvidos)
quando a fé se torna
cristalina.
E a resposta que
vem da mão divina
nos devolve por inteiro
as emoções.
Ao notarmos que
nossas orações
Alteram as razões da
medicina.
Ass. Ademar Rafael Ferreira
- Não sei o que dizer.
- Depois que ele saiu de vez da vida, eu só penso nele assim: Meu amigo, um certo Antônio, - falou Marco Antônio.
- É, - disse Genilton, e o silêncio se fez ouvir.
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
Inspirador de personagem
Sabe uma daquelas perguntinhas que coloca a gente para pensar? Foi o que me ocorreu, quando me perguntaram como eu havia criado os personagens do romance A Puta Rainha.
Pois bem, meses atrás conversando pelo Instagram com uma leitora prévia do romance, ela disse que assim que tivesse oportunidade queria conversar sobre os personagens do livro, como os havia criado. A pergunta me fez pensar, eu criei mesmo ou foi a intuição que me conduziu?
No início confesso que fui tudo intuição. Tudo saiu de supetão da minha mente.
Quando pensava nessa crônica, eu recordei de um livro de Mário Vargas Llosa, cujo título é: Cartas a um Jovem Escritor. Em certo trecho deste livro ele observa que toda ficção começa autobiográfica. Em miúdos, um escritor começa um livro à partir de um ponto da sua própria vivência.
Não fugi a esta regra. Eu comecei A Puta Rainha por causa uma lembrança que me deu o motivo e o impulso naquele início*. Durante semanas esse impulso me conduziu, a história parecia que era ditada, no entanto, em certo ponto dessa trajetória da criação do livro eu me vi perdido, sem saber como encaminhar o livro para o final.
Então, em certo dia, eu fui para a Livraria Cultura do Paço da Alfândega, aqui em Recife. Agora fechada. Saí zapeando entre as estantes e em um dos móveis, que expunham as capas dos livros, eu vi A Jornada do Escritor (Christopher Vogler). Comprei e fui ler, na medida em que lia, eu fui remoldando a narrativa. Nesse livro descobri que um bom personagem, além de um conflito que precisa resolver, precisa de um mentor.
O mentor, também um personagem de ficção, que tem a função de ajudar o personagem principal a ser forte, valente, superar a si mesmo, superar as dificuldades e chegar no fim do livro diferente. Bem, tudo isso dentro de uma lógica chamada de verossimilhança, e que significa que tudo que está escrito no livro parece ser uma história verdadeira. Olha!!
Imagine amigo, pense no dilema. "A mentira" precisa ser bem contada, se a narração parece irreal pode cair no descrédito e o livro fracassar. Agora imagine, um escritor cair em uma situação de descrédito na era do cancelamento, das redes sociais viralizando tudo.
Com base no livro de Vogler eu comecei a pensar em um mentor para Dora. No perfil de uma pessoa que fosse capaz de dar um rumo para uma jovem de 14 anos.
Matutei, matutei para lá, para cá, passeie pelas minhas lembranças, pelas dezenas de livros que li, pelos exemplos do livro A Jornada do Escritor, até que um dia acordei pensando em um, o Coronel Zélio.
Veja o que ocorreu.
Nos primórdios do site Estante Virtual eu fui à caça de um livro antigo que tinha ouvido falar, de um uma pessoa real da nossa cidade - Bom Conselho. Uma liderança política que se manteve ativa mais de 50 anos, até falecer aos 84 anos. Essa pessoa era o coronel Zé Abílio - José Abílio de Albuquerque Ávila. Ao caçar, eu achei dois exemplares do seu livro: Um Coronel do Sertão. Era a sua autobiografia. Em 2010 eu li o livro, há uma frase nele que me soou como um aviso que o coronel dava aos seus desafetos: Não adianta o cabra gritar por São Bento depois da cobra picar. Achei tão significativa que incorporei no romance A Puta Rainha.
Por causa da leitura desse livro eu comecei a lembrar de um monte de comentários sobre o coronel Zé Abílio, da sua inteligência agregadora, da sua liderança pessoal e política, do seu jeito ardiloso de fazer as campanhas, do seu famoso cafezinho das cinco horas da tarde, mantido toda a sua vida. Aí, aos poucos, com base nesse personagem histórico eu comecei a imaginar quem seria o mentor para Dora, então fui construindo-o na medida em que escrevia, assim surgiu o Coronel Zélio. Ele não é o espelho do coronel Zé Abílio, mas tirei dele, o que mais me impressionou, a sua sabedoria de vida.
Bem que eu poderia incorporar uma chamada bem humorada para quando o coronel Zélio mandasse um aviso, frase costumeiramente dita pelo Padre Arlindo de Tamandaré quando encerra os seus vídeos: Mas menino!
Ao caminho fique
Atento
Pra não gritar por São
Bento
Depois que a cobra
picar.
Coronel Zé Abílio Um coronel do Sertão
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
Escritor .... Hum !!!!!
É poder filosofar
E com imaginação
Aprender e ensinar.
Jamais ficar deprimido
Em tudo buscar sentido
Ser dinâmico sem surtar.
- Sou escritor.
Alguns olharam e não disseram nada, outros exclamaram:
Há quase um ano venho adiando o lançamento do livro A Puta Rainha, sonhando com o impossível, sonhando que um editora de porte de uma Companhia das Letras se interessasse pelo livro. Não tinha ilusões, mas tinha a esperança do verbo esperar, agora estou transformando a esperança para o verbo esperançar. Resolvi agir. Meses atrás criei uma marca: Galo Prosador e ela foi contestada pelo Clube Atlético Mineiro. Desisti dela e criei outra: Prosa Books, imaginando ir além. Vamos ver o que vai dar.
O poder revela ou transforma uma pessoa?
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