sexta-feira, 5 de julho de 2024
Não era mentira e nem era verdade
sexta-feira, 21 de junho de 2024
Bastidores ou quase um Make Off
Essas lembranças o fizeram sorrir e ele
começou a se balançar na cadeira de madeira clara.
sexta-feira, 14 de junho de 2024
Por onde andará Formalidade?
Diversas vezes vi um personagem do mundo da bola da AABB Recife ser criticado, em tom de gozação é comum se escutar: Aposto que ele nem suou a camisa. Tal é falta de empenho ou a sua forma de jogar incomoda as pessoas.
Aí hoje estava passeando por estas e outras memórias quando parei em um nome: Formalidade.
Formalidade foi o apelido que coloquei em um colega da Faculdade de Zootecnia na UFRPE. Estivemos por ali entre 1979 e 1981, quando ao final do ano saí e os rumos não mais se encontraram.
Lembro que ele chegava todo arrumado na sala de aula. Camisa passada, colocada dentro da calça, barba sempre feita. Todo alinhado, palavra comum na época para dizer que uma pessoa estava elegante. Destoante das roupas mais desarrumadas dos demais colegas de curso.
Ele era assim.
Em uma das nossas conversas no intervalo entre as aulas, ele contou que não tinha mais a mãe, morrido há alguns anos. Passou rápido uma tristeza pelo seu rosto, logo lembrou de algo que o fez serenar a expressão.
O papo prosseguiu e ele falou que sua família era praticamente ele e o pai, a quem ajudava, pela manhã, em um restaurante popular na rua de Santa Rita, em Recife. Na época, vizinha a Rodoviária do Recife. Outros assuntos entraram, mas ele deixou escapar que não tinham empregada e que tudo na casa era feito pelos dois. Que era preciso deixar tudo em ordem. Ali comecei a compreender um aspecto peculiar e forte nele, a organização.
Logo no primeiro semestre tivemos a disciplina de Educação Física, e o professor foi nada menos que o árbitro que apitou o jogo do milésimo gol de Pelé: Manoel Amaro de Lima. Sujeito bonachão, mas que deu uma sova nos novinhos sem nenhum preparo físico. Era gente toda dolorida, dias a fio, eu também.
Alguns meses depois foi lançado o campeonato interno de futebol de campo entre as turmas e cursos da UFRPE. Eu estive nele e Formalidade também no time de Zootecnia. Um time sofrível, mais lutador que técnico. Até em um jogo contra um dos times de Agronomia ganhamos por 4 x 2. Um jogo memorável. Tínhamos um jogador. Era meia, era meio volante, era meio atacante, com um gás imenso, que fez 2 gols.
O campeonato atravessou o período das chuvas do Recife. Era muito comum jogar com o campo borrado de lama. Além de tudo isso, naquele primeiro ano, todo mundo era obrigado a jogar descalço. Aja queda, eu mesmo levantei voo quando nosso lateral escorregou e me pegou em cheio.
Era assim, o mais limpo só tinha a cabeça sem lama, o resto, tinha alguma parte do corpo sujo, menos um jogador de nossa equipe. Era como ele não tivesse em campo, assim era o uniforme de Formalidade. Saia do campo tão limpo quanto havia entrado, ele corria soltando as poças de lama, depois corria em campo sem nem tocar na bola.
Na falta de jogador, todo mundo contava. Mas vamos ao apelido. Ser organizado e um tanto formal, era o perfil dele. Aí um dia a gente estava se arrumando para ir para casa após um jogo com o campo seco e eu prestava atenção em como ele tirava a roupa de sua bolsa de couro a tiracolo. Era tudo arrumado, cada coisa em um lugar, nada deslocado, tudo bem dobrado, tudo era bem organizado, até a roupa usada. Era tão organizado que ele colocava mão na bolsa, sem olhar para dentro e tirava dela o que precisava.
Não sei como, de repente veio a palavra Formalidade, dali em diante ele trocou de nome entre os colegas mais próximos na faculdade.
Sabe aquele episódio do início, ele me fez lembrar de Formalidade nesta semana. Ao longo dos anos, vez por outra a sua lembrança vinha, exatamente por ele correr em campo saltando as poças de lama e água. O danado é que o nome de batismo teimava em ficar no anonimato e ficou assim mais de 30 anos. Até a última terça-feira.
Pois bem, por onde andará o amigo Gilson?
quinta-feira, 18 de abril de 2024
O "Desaforo" e a "Desforra" (Irã x Israel)
sexta-feira, 5 de abril de 2024
É sobre um fã de Gabriel Garcia Marquez
Fiz algumas leituras nestas duas semanas que me deram uma certa saudade. A primeira leitura foi o romance Em Agosto nos Vemos, de Gabriel Garcia Marquez. Uma história tão curta e tão boa que fiquei com a sensação de "quero mais". Outras duas leituras foram textos em que os escritores falam de um ponto dos seus passados que os alegrou, deixou um que de saudade como o sabor da rapadura sugada lentamente.
Terminei o livro e me pus a folhear as informações sobre a carreira de Gabo, a lista dos seus livros e fui cair em um final de semana de 1984, que por falta de grana não fui para Recife, onde todos os colegas solteiros viajaram e fiquei só todo o final de semana na república. Mas naquela sexta-feira um colega havia me enprestado Cem Anos de Solidão, leitura finda no domingo à tarde. Dois dias de leitura, sem precisa de um dicionário. Fiquei ao mesmo tempo contente e desapontado, "como é que uma família se acaba em 100 anos?".
Alguns dias depois da leitura voltei a passear pelas páginas do Em Agosto nos Vemos e parei na página da enumeração das obras do autor. Aí fui contar. São vinte romances. Li 13. Imaginava que havia lido apenas 10 romances. São eles.
- O amor em tempos de cólera - livro lindo sobre o amor que persiste até a velhice;
- Cem anos de solidão - famoso;
- Crônica de uma morte anunciada - ao ler parecia que via a um filme, tamanha a perfeitção narrativa;
- Em agosto nos vemos - as aventuras amorosas de uma mulher na meia idade;
- Os funerais de Mamãe Grande - li em espanhol, levei 6 meses. A maior teimosia com um romance;
- O veneno da madrudaga (A má hora) - li, também espanhol, mais 90 dias teimando. Onde a fofoca e a mentira tira um povoado do prumo.
Estes três romances me parecem com uma temática parecida, a velhice, a perda do poder e um certo abandono que os personagens têm quando idosos, são eles:
- O general em seu labirinto;
- Ninguém escreve ao coronel e
- O outono do patriarca.
Sabe, anos depois quando comecei a escrever romances, o estilo de Gabriel Garcia Marquez havia se impregnado na minha alma e eu, sem perceber, escrevia em um estilo que se assemelhava ao dele. Não digo por mim, mas de opiniões de amigos que leram os meus romances me deram. Claro que fiquei feliz, muito feliz. E também sendo sincero, fiquei surpreso. Hoje penso que entendo, depois de ler 13 livros dele, 11 dos quais em poucos anos, alguma coisa haveria de ficar, além do enorme prazer de passear por todas as suas histórias.
Ao ler Em Agosto nos Vemos voltei a passear pelas vidas emanadas pela maestria de Gabriel Garcia Marquez. Se não leu, escolha um, se não tem paciência para romances grandes, leia Crônica de uma morte anunciada ou Em Agosto nos vemos, se o amor lhe atrai, vá em O amor em tempo de cólera. Mas leia, o Gabo é bom demais.
Por hoje é só. Abração.
Marconi Urquiza
Em tempo:
Os abaixo não lembro os enredos:
- A incrível e triste história de cândida Erêndira e sua avó desalmada;
- Memórias de minhas putas tristes;
- Notícias de um sequestro;
- Do amor e outros demônios.
sexta-feira, 29 de março de 2024
"Homens em tempos sombrios" - Hannah Arendt
"Homens tempos sombrios" é um livro de Hannah Arendt, filósofa, que nele traça perfis biográficos de pessoas que a fascinaram e resistiram, com capacidade crítica, aos "tempos sombrios" do século XX.
Lembrei-me dele e principalmente de Hannah Arendt, porque li livros que escreveu onde eu buscava uma explicação "lógica" para as ações dos nazistas. Nessa busca, quase agoniada, esbarrei com dois livros que deram a percepção da maldade, de se ter poder para o bem e se fez o mal, da insensibilidade para atos ruins como se caracterizou o Imperialismo.
Um desses livros lidos foi Origens do Totalitarismo - Antissemitismo, Imperialismo, Totalitarismo. Para quem se interesse pelo tema, a análise histórica traz muito mais que uma narrativa.
Outro livro lido explicou um termo que durante muito tempo foi mencionado por figuras públicas, jornalistas o citaram em artigos fora do contexto original, mas que chamavam a atenção para como situações graves foram transformadas em uma "normalidade banal". O relato da banalidade do mal virou apenas o termo Banalidade do Mal, que é o que parece estar ocorrendo no Brasil já há uns bons 10 anos.
Este livro, como o outro que aqui é citado tem uma profundidade que no correr da leitura impõe reflexões, que se aprofundou ainda mais quando virei a página final, pois fiquei muito tempo pensando na sua mensagem, não só as implicações históricas que o nazismo provocou naquela janela do tempo, como do modelo criado por esses seres maus, que tem inspirados muitos poderosos para dominar as massas. Vale a leitura para conhecer o que Hannah Arendt concluiu como Banalidade do Mal, também vale muito pela compreensão que podemos ter para os atos políticos ou das omissões que da política emanam. Da leitura de Eichamnn em Jerusalém - Um relato sobre a banalidade do mal, uma obra primorosa, pode se espraiar para outras reflexões, como o que ocorre nas perseguições que ocorrem na internet.
Ainda deixando a minha mente correr sobre este nosso tempo, fez meses, mais de três anos, desde que pensei um romance que terá por base a internet, os haters, as fakes news, as "verdades inventadas", a maldade programada e disseminada sem nenhuma preocupação quem vai ser a vítima.
Passei semanas imaginando que escrever um texto curto sobre tal tema seria arriscado para minha tranquilidade, por isso relutava, pois não queria abrir o falso debate que caracteriza nossos tempos sombrios.
Hoje parece que a realidade, que escrever o que pode estimular a uma reflexão é uma quimera, pois intuo que muitos dos que têm o prazer de criar e de fazer a maledicência rodar a internet para atingir pessoas, não estão nem aí. São tantas, que se um for atingindo por um processo judicial não faz efeito, como se diz, pedagógico, educativo. É que o conceito de sociedade para tantos, é o conceito de conflito, de confronto, de briga. É na briga que se energizam, não na paz.
Por causa desse tipo de Banalidade do Mal que muitas pessoas, muitas, muitas, muitas que sequer conheceremos, que sequer nos darão bom dia ou serão indeferentes a nosso boa noite, por estarem voltadas para o celular, serão atingidas pela maldade que corre sem freio pelas redes sociais.
Nestes tempos sombrios, em que os algoritmos das redes sociais amplificam e dão uma velocidade absurda à maledicência, que logo se transforma em um destilado de maldade. Como se tivesse sido armazenada por 80 anos, para ser desgustado pelos apreciadores de bebidas deste tipo. Só que não há tal maturação, a malediência gera maldades uma atrás da outra, sequer dá tempo para o defunto esfriar.
Para milhares de pessoas, ser maledicente já basta. "Ser maledicente já basta em si mesmo."
Não se importar com o mal que possa fazer a outras pessoas é regra nos dias de hoje. Isto é banal, né?" Para elas e são muitas, isto já preenche a sua "gana de ser gente", de ser parte de "algo maior". É hoje, foi ontem.
Na infância algumas pessoas vizinhas chegavam para conversar com meus pais e eu ficava ouvindo parte daquela conversa, várias vezes papai ordenava que me afastasse. Mas uma das vezes tive a oportunidade de ouvir a conversa inteira, não entendia, mas muitas pessoas tinham em si uma expressão de prazer, quase de gozo ao fazer certos comentários e os levar a maior quantidade possível de pessoas. Era o tempo da pré-história da internet, coisa de 50 anos atrás.
Livros, pesquisas acadêmicas, artigos jornalísticos, pesquisas qualitativas, percepções dos mais observadores, comuns, como nós, nos dão conta que tal velocidade ocorre por causa da forma de condução das Bigs Techs ao buscar audiência das redes sociais, onde estimulam o ódio, a discordância, o conflito, o caos* como ferramentas para sequestrar a atenção, transformando a realidade em que vivemos para pior desde que elas ganharam o mundo.
Como se dizia há muito tempo: Notícia boa não vende.
Então?
O que fazer?
Quem pode fazer?
O que você pode melhorar?
Por hoje é só, Abraço.
Marconi Urquiza
"Sugestão de leitura: A MÁQUINA DO CAOS - Max Fischer".
A máquina do caos derruba a cortina dos likes e comportilhamentos e mostra uma sociedade perigosamente à mercê de forças contrárias a seus interesses (Trecho da quarta capa do livro).
sexta-feira, 1 de março de 2024
E até lá?
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