quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Baseado em Fatos Reais?

Todos os bons livros se parecem: são mais reais do que se tivessem acontecido de verdade.... Frase de Ernest Hemingway.
Este é o meu desejo.


Duas semanas atrás eu vi uma entrevista do diretor Bruno Barreto.  Aquele de Dona Flor e seus dois maridos; A Dama da Lotação,  entre outras obras.

Em certo momento, o entrevistador, Mário Sergio Conti, fez uma pergunta e Bruno Barreto respondeu mais ou menos assim: A falta  de verossimilhança na vida real é normal, ninguém liga, mas na ficção, não ter verossimilhança é péssimo (terrível) para o qualquer obra. 

Ser verossímil, implica que algo parece ser intuitivamente verdadeiro.

No último sábado,  em um encontro com ex-colegas do Banco do Brasil no Clube  AABB, aqui em Recife,  a amiga Ana Karine, que vem lendo o livro, A Puta Rainha, com zelo de revisora, me fez uma pergunta.

Respondi sem pensar muito, mas depois fiquei com a sua pergunta recocheteando dentro da minha cabeça todos esses dias.

Certa vez vi um filme de James Bond com Pierce Brosnan, O Amanhã Nunca Morre. Uma cena deste filme ficou na minha mente. Nela, ele dirigiu um carro dentro de um edifício garagem, deitado no assento de trás e por meio do visor e dos controles de um celular. Era uma cena dramática  e eu ria por tê-la achado fantástica, inverossímil. Lembro até que eu disse: Aí é que é mentira!

A verossimilhança viria ocorrer 30 anos depois, com os carros autônomos. 

No outro lado desse espectro, está a obra em que a história tem cara de verdadeira e é verdadeira. Como as biografias.

Há muitas histórias que têm jeito de ficção e são histórias reais. 

Por fim, há as que têm cara de história real e são ficção. 

Enquadrada nesta última categoria, há 12 anos eu comecei ler um livro em uma viagem.  Cada vez que lia, mais eu achava que aquela história fosse real, tanto eram os sinais e a verossimilhança empregada pelo autor.

Fiquei com esta impressão anos a fio.  Tanto que indiquei este livro para muitas pessoas lerem. 

Voltando para a pergunta de Ana Karine.
Quando conversamos sobre o romance A Puta Rainha, ela, após falar algumas impressões que tinha acerca do mesmo, fez a pergunta:

- Marconi,  o livro é baseado em fatos reais? 

Depois fez mais alguns comentários, citando algumas cenas. Uma delas foi quando Cigana (uma personagem) passou por uma praça. Etc, etc, etc.

Voltando à minha resposta. Disse que era tudo ficção. Não lembro se comentei, que apenas o personagem Coronel Zélio eu me baseie na sua autobiografia (Um coronel do sertão).

Aqui e ali houve inspiração em algumas coisas biográficas, minha e de outras pessoas, no entanto, toda a história foi sendo criada à medida em que fui escrevendo.  Eu me divertia imaginando certas cenas, noutras dava até um suador.

Depois de muito pensar, me indaguei. Se os meus primeiros leitores, sete, tiveram a mesma percepção de Ana, então estarei a caminho de conseguir o meu intento de ter transformado centenas de ideias em uma história "crível".

Baseado em fatos reais?  Que seja segundo o conceito de Ernest Hemingway.

Abraço, 
Marconi Urquiza. 


Notas:
1 - O livro que me deixou com a impressão de ser real é: Travessura da Menina Má, de Mário Vargas Llosa. 

2- Dividi os originais de A Puta Rainha, com 748 páginas, em três volumes.  O primeiro eu submeti ao Conselho Editorial da Companhia Editora de Pernambuco (CEPE). Tem 313 páginas. 

Os outros dois volumes estou burilando, para submeter até  fevereiro de 2020. 





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