quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Nós, a CASSI e o dilema do prisioneiro

O que eu penso, não muda nada além do meu pensamento, o que eu faço a partir disso, muda tudo!... Frase de Leandro Karnal.


O BB decidiu desembarcar da CASSI?



Não sei quantos sabem do que se trata o "dilema do prisioneiro".  

Em resumo: 
Ele é uma tática de interrogatório onde um detido não sabe ou não tem contato com outro membro da gangue ou envolvido no mesmo crime. Um é interrogado e recebe informações que o comparsa lhe dedurou. Mas está incomunicável com o outro. O mesmo ocorre com os demais membros da organização criminosa. Aos poucos vão revelando os segredos.  Uma vez que um abriu a boca, todos estarão com o seu dolo provado.


Nós, em relação à situação da CASSI, estamos nesse tipo de dilema. O "sim" dá uma sobrevida, o "não" pode afundar de vez a CASSI. Todos os indicadores apontam para a sua quebra no próximo Janeiro. 

Toda a extensão do impacto do "sim" a gente não alcança, o "não" é uma incógnita. Uma parte deste dilema diz respeito em saber qual será a atitude do Banco do Brasil se o "não" vencer. Neste ponto eu vou opinar:  O BB parece sinalizar a sua intenção de desembarcar da CASSI. 

O primeiro sinal que percebi foi no PAI - Plano de Aposentadoria Incentivada de 2015, quando a diretoria mudou a nomenclatura de "aposentado" para "pós-laboral". 

Depois veio, ano passado,  a desistência de pagar a sua parte para os novos aposentados empossados à partir de março de 2018. 

Os outros sinais vieram bem antes. 

À partir de 2011, a CASSI teve o primeiro problema sério de caixa.  Nesta época ocorreu o primeiro acordo, reforço de caixa aprovado.

Por que o BB com a sua administração técnica,  rica em pessoas capacitadas,  riquíssimo em instrumentos, softwares e máquinas de gestão deixou o barco correr à deriva?

Veio o BET. Mais grana e o déficit real continuou com barca chamada CASSI passando pelas corredeiras de um rio turbulento chamado "mercado de saúde", tão corrupto quanto muitos outros negócios identificados como tal.  

A gestão foi displicente?

Com o BET ocorreu um deliberado "auto-engano"? Do BB também? Não creio.

Chegou 2016 e o pacto de salvação da CASSI previsto para durar até 2019, já abriu o bico em 2017 e ficou muito grave no ano passado. 

Uma projeção financeira tão mal feita assim. Mais um engano do BB? Não acredito. 

Desde 2018 estamos sendo chamados a aumentar a nossa contribuição,  com prazo previsto e curto. Em 2022 já teremos que aumentar de novo a nossa contribuição.  

Hoje,  para aumentar o meu dilema, eu imaginei algumas coisas, bem poucas .

A primeira:  
Ninguém sabe como o BB vai se comportar, mas há comentários que ele vai vender a carteira da CASSI. 

Dentro deste dilema, já na primeira proposta de alteração do estatuto do ano passado um bocado de alterações não foram comunicadas honestamente e a nós apenas foram apresentados e enfatizados os números de um balancete pouco confiável. Os bodes na sala não fediam, estavam inodoros, até o momento em que o BB colocou toda a sua estrutura de poder para forçar a aprovação do sim, aí eles federam, se denunciaram e foram removidos pelo "não." 

Talvez o BB quisesse mesmo que o "não" ocorresse, talvez fosse o contrário? Mas a realidade posta é que agravou ainda mais a situação da CASSI.

Para mim, ele desembarcar da CASSI é questão de tempo.

Quem sabe ele contrate um plano como a Bradesco Saúde,  Sul América,  Amil, etc? Ou nos pressione de tal modo, forçando irmos buscar um plano mais em conta, com menos opções para reparar a saúde do que o temos na CASSI.

Na realidade, para mim este é um aspecto de uma estratégia montada há muito tempo. Ela não tem nada a haver com o governo de momento, pode ter ganho outros elementos como a indicação que a empresa será privatizada.  

Partindo desta hipotética situação,  se tivermos que ir ao mercado,  é possível que um casal venha a pagar o dobro do que se paga hoje em um plano de saúde verticalizado, como a Hapvida. 

A outra ponta desse dilema é que, se aprovada a mudança estatutária, em dois anos a CASSI voltará a ser bombardeada. Os custos deverão continuar a pressionar e teremos contínuos aumentos dos nossos custos pessoais. 

Sem ser oráculo,  creio que autogestão como ela está hoje vai deixar de existir.

Como fã das palavras apenas compreendidas nas estrelinhas, no contexto da economia do BB, é possível que a empresa queira passar para nós a sua bola de ferro amarrada pelo estatuto, como o benefício definido, entre outras amarras. Tal coisa, pode ser um daqueles bodes inodoros colocados nas entrelinhas da proposta do novo estatuto.

Acho que alguém pode ter razão. Essa obrigação que implica em custos maiores pode  atrapalhar, não a venda do BB, mas o seu maior valor de mercado. 

Não me decidi pelo Não ou pelo Sim. O fato é que  continuo com o meu dilema.

Abc
Marconi Urquiza
Aposentado do BB em 2015.











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