sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Gameização - E quando tudo é um jogo?




E quando tudo é um jogo.

Política é jogo?
Futebol é esporte e é jogo?
Estratégia é jogo?
Medição de desempenho é jogo?
Opinião pública é jogo? Quem joga com ela?
Algoritmo faz jogo? Quem é o pato?
Incitar fanáticos ou fanatizados, é jogo?

         Eu já havia iniciado esta crônica e nem imaginaria que iria haver uma exemplo mais pronto e mais recente para ilustrar a minha percepção: a invasão do Senado dos Estados Unidos, nesta quarta-feira, pelos apoiadores de Donald Trump, na tentativa de evitar a homologação da eleição de Joe Biden.

      Muitos anos atrás cansei de ouvir: "Seguir a regra do jogo". Era isso mesmo, quem jogava segundo tais regras tendia a ser vencedor, independente de qualquer ética envolvida e menos ainda de qualquer princípio moral. Nesse grande anfiteatro que é a política, necessária, execrada, mal vista, mal afamada, de muita gente que vai pelos interesses pessoais, das corporações, as quais defende. Corporações entendida como empresas, classes profissionais, religiosas, facções. Tem de quase tudo ou tudo. O baixo clero tenta sobreviver nessa gameização e os que mandam de fato, nem aparecem. Mas tem o alto clero, dotados de grande poder de decisão. Mas tudo é um grande game.

     E o povo em geral, fica, quando fica na arquibancada. Na gigantesca maioria, somos meros passageiros, à mercê de qualquer "motorista".  Tem várias pessoas que falam de espírito republicano, a quem interessa isto?

    Queremos o resultado, a sociedade deseja que a sua vida melhore. É por isso que a política existe, para equilibrar as forças. Mas não equilibra, os tais ideais republicanos somem no meio dessa gameização. Soa, para nós comuns, como um termo sem sentido, coisa de academia, de mestrado ou doutorado. Um termo que para virar prática e tornar a vida das pessoas melhores, tem que sair do ideal e ir para o dia a dia.

    Parece com uberização? Tem o mesmo sentido. É um neologismo.

    Tudo é um jogo. Há muito tempo. 

    E quando tudo é um jogo?

    Aí vem a propaganda, os algoritmo sendo usados para nos incutir e desperta os nossos sentimentos mais ruins, regressivos: como rancor, ódio, mal querença, insatisfação, barriga vazia, falta de oportunidade, frustração. A culpa é do outro. Criando um efervescência que nos impede de ver a manipulação. É jogo, quer aceitemos ou não. A maioria de nós é pato nesse game. Só entra para perder.

    Outro dia eu estava lendo sobre a corrupção em um livro sobre comportamento coletivo. Neste livro, já no final, o autor* se expressa mais ou menos assim: Aí vem o sistema e oferece uma vantagem, a pessoa recusa. Vem outro dia, e oferece outra vantagem. Muda o canto e abre uma brecha para a pessoa aceitar. Mais uma vez há a recusa. O sistema desta vez mistura o doce com o amargo, mistura a vantagem com uma perda. Ganho e perda no mesmo prato. Aí, a resistência é quebrada. A pessoa aceita ser Serva do sistema. Quem é o sistema? Melhor, o que é o sistema?

    Pensou nisso: Quem é o sistema? O que é o sistema?

    Vale para qualquer circunstância da vida em uma sociedade organizada. Muitas vezes, mesmo sem querer, as pessoas se transformam em "bois de piranha". O bode expiatório, o besta que se fode. É jogo.

    Ruim é reconhecer que viramos peão do jogo do outro. Quando cremos, piamente, que fizemos o melhor e apenas somos uma mera engrenagem. Terrível.

    Às vezes, muitas, na verdade, nada se pode fazer isoladamente, por isso ter sindicatos fortes, entidades da sociedade civil fortes, ONG fortes, movimentos civis atuantes. A questão esbarra, que para isso ocorrer se precisa de recurso. Estrangule a fonte de dinheiro e tudo isso se enfraquece. Não é a toa que a força policial vai em cima dos recursos das gangues internacionais, é para matá-las por falta de dinheiro.  Por exemplo: o Imposto Sindical tinha muito mal uso, e agora? Alguém já ponderou o que vem ocorrendo com a defesa sindical para as categorias profissionais?

    Todas foram cooptadas por não terem fonte de receitas. Os trabalhadores do Brasil não aderem fácil às entidades de classe. É uma realidade a se tentar alterar.

    Isto que ocorreu, esse sufocamento financeiro, não foi uma jogada magistral?

    É importante entender e se perguntar constantemente: A quem interessa algo que aparece na redes sociais, mídias, na boca das pessoas? Quem vai ganhar com isso? A quem interessa o incitamento que ocorreu nos Estados Unidos? A quem interessa incitar comportamento radicais?

   Feito isto, vamos viver. 

   Semana Iluminada.


(*)

        Autor: Philip Zumbardo. 





5 comentários:

  1. O jogo é jogado desde a época que os irmãos venderam José como escravo. Negar isto é der cego sem guia. Custoso é ficar do lado vencedor, muitas vezes custa a dignidade.

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    1. Sim. É inerente do lado político da humanidade. A alma não me toma, já pensei assim. Foi a minha resistência ou resiliência.

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    2. Sim. É inerente do lado político da humanidade. A alma não me toma, já pensei assim. Foi a minha resistência ou resiliência.

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    3. Sim. É inerente do lado político da humanidade. A alma não me toma, já pensei assim. Foi a minha resistência ou resiliência.

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