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pt.pngtree.com Era uma camisa comprada no meio da feira. Cada uma comprava a sua e entregava ao criador do time, que se comportava como dono. Depois cada um arrumava uns trocados para paramentar as camisas. Escudo colorido, número nas costas pintados à mão. Os calções eram encomendos em uma costureira. Os meiões também eram comprados por cada um, com recomendação de comprar na loja certa, que teria boa qualidade. E tinha. O meião aguentava quase um ano de uso.
Terno pronto, era esperar a inauguração do padrão em um jogo do nosso tope.
O material era tão frágil, peba, na gíria da nossa adolescência, que na primeira lavada perdia a cor e esgassava ao menor esforço.
Dia de estréia das camisas era uma maravilha, dava para sentir a satisfação dos atletas, só menor do que a de entrar em campo.
Se o time sobrevivesse, daí a uns seis meses era juntar grana para comprar outra bola, a bola do jogo em nossa casa.
Se o time sobrevivesse e o jogador sobrevivesse no time, daí um ano era hora de substituir o terno, o padrão. Lá vinha nova cota, e muitas cotas eram para comprar o equipamento para o craque que não tinha grana, ou o craque que sabia do seu valor e fazia charme ou exigia a retribuição para continuar no time.
Um dia, com 30 anos, depois de uma seca de quase dois anos sem jogar futebol de campo, organizei um time, o Sport Club Caraúbas. Viajei para Recife, comprei todo o terno, da melhor qualidade, camisa azul, calção e meião brancos, bolas Penalty, da melhor qualidade.
Aventura que nos levou a jogar em Catolé do Rocha (PB), Felipe Guerra, Apodi, Dix-Sept Rosado, Janduís, Campo Grande (Ex-Augusto Severo), acho que Mossoró e a própria Caraúbas, tudo no Rio Grande do Norte.
E um dia se organizou um jogo entre o time antigo da cidade, tradicional, cujo terno era preto e amarelo com listas horizontais, com o Sport Club Caraúbas, novato, a estreia do time. O melhor árbitro da região foi convidado, afinal aquele jogo foi denominado a semana inteira de clássico. Véio, foi demais.
Naquele 1989 foi um evento e tanto, entrevista na véspera do jogo na rádio Caraúbas, jogo narrado para a rádio ao vivo e no carro de som à beira do campo de terra, sem alambrado. Muito gente vendo o jogo. Foi uma maravilha. Foi estranho também ouvir o jogo que todos nós participávamos. Nosso time cansou, mas sustentou aquele 1x1.
Para ser sincero, me senti uma estrela naquela quarta-zaga. Mas a aventura acabou 10 meses depois e deixou essa alegria do auê em uma cidade carente de tudo, até de um evento de um futebol vivamente amador, como foi naquele domingo.
Minhas alegrias de uma paixão que me fez recusar tudo relacionado ao futebol que não seja ser peladeiro.
Por hora é só.
Abração, Marconi Urquiza

Bela crônica!
ResponderExcluirBoas memórias Marconi. Admiro os peladeiros e apaixonados pelo futebol. Por vezes paro nos campos de areia da avenida Boa Viagem para assistir algumas jogadas e também as "brigas" das equipes e dos pitaqueiros.
ResponderExcluirJá tentei enveredar em algumas peladas mas sou ruim pra caramba.
Sua crônica mexeu com minhas memórias. Certa vez, tentei montar um time só dos "pernas de pau" para que eu pudesse jogar, mas sempre aparecia os craques e completavam o time.🤣
Para não dizer que nunca participei de uma disputa organizada, fui escalado por 10 minutos em uma partida entre AABB Garanhuns e Cabo de Santo Agostinho, motivo: como anfitrião e gestor da agência, além de ter articulado o jogo, fui contemplado, mas joguei muito ruim.
Abração e ótimo final de semana.
Arretado⚽️
ResponderExcluirÉ bom relembrar momentos especiais na nossa vida. "Relembrar é Viver..." 😁❤
ResponderExcluirExcelentes recordações.
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