Hoje acordei pela madrugada e de repente me lembrei de uma observação feita por um companheiro de pelada em 1995: "Como você é bom zagueiro!" Ela me deixou feliz no momento em que ouvi. Fazia muitos anos que não jogava de zagueiro nas peladas, minha paixão era jogar de lateral esquerdo, posição em que me sentia livre para atacar e tentar fazer uns golzinhos.
Na década de 1980, de 1982 a 1985 eu jogava na AABB de Afogados da Ingazeira e eu em muitos momentos, por ter um preparo físico e uma capacidade de marcação excelente eu fui muitas vezes o primeiro jogador a ser chamado para uma das equipes que disputaria a pelada noturna. Isto de certo modo me deixou orgulhoso ao me recordar destes fatos, muitos anos depois. Um zagueiro como "craque" de um time. Menos, né, muito menos.
Aí o tempo passou, já com mais de sessenta anos, sem jogar futebol regularmente, lá vou eu treinar para os jogos de aposentados do Banco do Brasil e um amigo, generoso, saiu com algo assim: "Olha ele, faz tempo que não joga e quando vem treinar joga muito". Qualquer coisa nesse sentido.
Vou espalhar estas observações para outros pontos da vida. Muitas vezes nós não percebemos como seres com algum talento mais desenvolvido, muitas vezes, não é incomum, vivemos sob a influência de pessoas que dizem cotidianamente crenças limitantes, que terminam por minar, reduzir a nossa capacidade de perceber o que cada um tem de excepcional, minam a confiança própria que podemos ser mais, que em algum momento nos pareceu ser impossível ir adiante.
Estes três momentos do futebol são para mim, no alvorecer dos 64 anos, um alerta e um despertar que em algum canto de nossa mente, de nosso coração, há um talento excepcional para ser mostrado, não pelos outros, mas por nós mesmos.
Pois bem, por hora é só.
Marconi Urquiza





