sexta-feira, 28 de julho de 2023

É mais que futebol, que jogar bem

             

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            Hoje acordei pela madrugada e de repente me lembrei de uma observação feita por um companheiro de pelada em 1995: "Como você é bom zagueiro!" Ela me deixou feliz no momento em que ouvi. Fazia muitos anos que não jogava de zagueiro nas peladas, minha paixão era jogar de lateral esquerdo, posição em que me sentia livre para atacar e tentar fazer uns golzinhos.

         Na década de 1980, de 1982 a 1985 eu jogava na AABB de Afogados da Ingazeira e eu em muitos momentos, por ter um preparo físico e uma capacidade de marcação excelente eu fui muitas vezes o primeiro jogador a ser chamado para uma das equipes que disputaria a pelada noturna. Isto de certo modo me deixou orgulhoso ao me recordar destes fatos, muitos anos depois. Um zagueiro como "craque" de um time. Menos, né, muito menos.

         Aí o tempo passou, já com mais de sessenta anos, sem jogar futebol regularmente, lá vou eu treinar para os jogos de aposentados do Banco do Brasil e um amigo, generoso, saiu com algo assim: "Olha ele, faz tempo que não joga e quando vem treinar joga muito". Qualquer coisa nesse sentido.

         Vou espalhar estas observações para outros pontos da vida. Muitas vezes nós não percebemos como seres com algum talento mais desenvolvido, muitas vezes, não é incomum, vivemos sob a influência de pessoas que dizem cotidianamente crenças limitantes, que terminam por minar, reduzir a nossa capacidade de perceber o que cada um tem de excepcional, minam a confiança própria que podemos ser mais, que em algum momento nos pareceu ser impossível ir adiante.

         Estes três momentos do futebol são para mim, no alvorecer dos 64 anos, um alerta e um despertar que em algum canto de nossa mente, de nosso coração, há um talento excepcional para ser mostrado, não pelos outros, mas por nós mesmos.

           Pois bem, por hora é só.


            Marconi Urquiza

sexta-feira, 14 de julho de 2023

Quem faz do sorriso ...

 

                  Ilustração criada por por mim na IA do Bing

        Hoje depois de acordar, após 10 minutos, veio este impulso de escrever, só com um pensamento. O tempo mudou, bem que cabe um pequeno poema, inacabado, haicai e aforismo de minha lavra:

Tantas vezes chegamos,

Tantas vezes precisarmos ir além,

Quantas vezes pulsamos,

Quantas vezes amargamos,

Quantas vezes desistimos, ...

            19.08.2000

Tantas vezes lutamos,

Quantas vezes vamos além...

            14.07.2023


SORRISO

Quem faz do sorriso

uma regra de vida

alumia sempre a sua alma.

            26/10.2000


Ser eterno enquanto dure, 

uma frase sábia, 

implica em ver os limites das coisas, 

da vida.

           Algum dia de 2003


VENDO DIFERENTE

Meu Deus! Que Dia!

Diga assim:

Meu Deus, que belo dia!

            26/10/2000



Abraço, Marconi Urquiza


Comentário: 

Os escritos de mais de 30 anos estão em um pequeno caderno (Have a Nice Millennium), em que, antes de dormir, durante algum tempo eu tentei escrever um poema por dia, depois vieram os Haicais, inspirado na poetisa paranaense Helena Kilody:

Deus dá a todos uma estrela.
Uns fazem da estrela um sol.
Outros nem conseguem vê-la.

terça-feira, 27 de junho de 2023

Estranhos fogos de São Pedro

        
    

       Hoje é u
ma pequena história que as festas juninas fizeram sair do sono das memórias adormecidas. Estava fazendo uma pesquisa sobre a origem das festas juninas quando um estalo me fez lembrar desse episódio.

     Eu tinha de 16 para 17 anos. Já sabia dirigir. Papai nesse tempo tinha dois veículos,  um Corcel I e uma Rural 1971, cujo apelido era Sofrida.  Ela tinha passado pelas mãos de um primo e quando papai a comprou estava muito maltratada.

        Papai era festeiro e eu um adolescente para lá de tímido, fugia das festas e só me entrosava fácil ao jogar futebol.

        Um dia papai colocou como meta, imagino, me estimular a participar das festas e do meio festeiro. 

        Na época em Águas Belas (PE) havia uma baile de São Pedro que atraia gente das cidades vizinhas. Sei que papai e mais alguns amigos fizeram uma caravana para ir nessa festa. Era meados dos anos 1970.

        Na véspera do São Pedro os homens adultos e casados foram para esse baile sem as esposas e fui junto, convidado por papai.

        Sabe, passei a noite sentado vendo papai e seus amigos dançando e bebendo. Só não beberam eu e os motoristas.

        No dia de São Pedro, amanhecendo o dia, a banda acabou o baile e papai saiu na Rural com o outro carro atrás, onde estavam seus amigos, acompanhando a Rural Sofrida.

        Tudo ia tranquilo, carro saindo da cidade devagar,  já distante do centro, bem pertinho da rodovia, papai resolveu ter a última comemoração daquele São Pedro.

        De surpresa ele abriu o porta luvas e pegou o revólver e deu vários tiros para o alto, em uma estranha comemoração de final de festa junina e; não sei foi o eco dos disparos, ou se foi a memória reproduzindo, mas eu ouvi mais disparos do que os feitos por pai, não sei se algum amigo no outro carro o imitou com esses estranhos de fogos de São Pedro.

        Abração, Marconi 

        



terça-feira, 20 de junho de 2023

DAS PROFUNDEZAS DO SEU CORAÇÃO

 

Arte: Munique Brum

                                                                                 A Arnon Pinheiro ✝✝


        A Arnon Pinheiro pelo momento único, especial e profundo que nos proporcionou.

        Tive com ele uma curta convivência, um ano, dois anos, se muito, logo ele foi trabalhar como Menor Aprendiz no Banco do Brasil e por isso mudamos de sala no Colégio Estadual. Assim chamávamos o Colégio Estadual Frei Caetano de Messina. Depois saí de Bom Conselho e mal lembro tê-lo encontrado em mais de 5 minutos de conversa nos 50 anos seguintes.

       Aqui, ali, espaçados eu ouvia alguma notícia dele. Nesta altura éramos colegas efetivos do Banco do Brasil e ele havia tido dificuldades trabalhando na empresa. Apenas isso sobre ele. Família, filhos, onde residia, onde trabalhava, se conseguiu se aposentar. Nada, nada de informações.

        No entanto, todas, todas as vezes que seu nome era lembrado, qualquer coisa que citasse Arnon eu recordava daquela manhã no Colégio Estadual.

        A canção era conhecida e havia se espalhado pelo Brasil inteiro, ela contava uma história dolorida e deixava antever um amor imenso. Houve até filme, também de sucesso, a narrar aquela história. Era uma sensação recente naquele tempo.

        Aí naquela manhã. A lembrança do que houve antes e depois é fugídia, então vou criar.

        Pode ter ocorrido na aula de Português ou na aula do professor Clívio Cavalcanti ou na apresentação dos alunos. Na vez de Arnon ele pediu licença, levantou-se e então começou a cantar à capela, afinadíssimo, aquela canção emocionante, que com sua voz límpida entoou:

    "O maior golpe do mundo

      que eu tive em minha vida

      foi quando com nove anos

      Perdi minha mãe querida."

        Acho que todos nós, alunos e professor nos surpreendemos e o silêncio imperou durante a canção. Depois que ele encerrou, bem que merecesse minutos de aplausos, mas foi o silêncio que perdurou.

        Não tenho como dizer o que ele sentia ao cantar Coração de Luto, sei apenas o que senti, que ele entoou aqueles versos com o amor das profundezas do seu coração.

        50 anos é tempo suficiente para apagar quase tudo na vida, mas essa lembrança não apagou. Está vívida.


        Feliz São João. Abraços.

        Marconi Urquiza

        (1973 - 2023)

LINK:

Coração de Luto

quarta-feira, 31 de maio de 2023

Aventuras no caminho para Palmas


Às vezes uma viagem se transforma em uma aventura ruim.  

Há uma semana,  sem aviso prévio e nenhum piu, a Azul mexeu em nosso voo, transformou uma viagem de 11 horas em 24. 

Era para sair na quarta 14h, foi para 17:40h e findaríamos em Palmas (TO) na quinta às 17.30h.

Sabe, aquela indignação, "não é possível!!" Foi possível, ou aceitava a imposição da Azul ou desistia.

Não desistirmos, sabequei telefonemas, chats, até que reli o aviso da Azul: Comprou em agência? É ela que pode alterar seu voo.

Na maravilha da comunicação atual, fui no chat da Zupper, em 10 minutos a ida veio para terça 17.40h e chegamos 24 horas depois. 

Queríamos ir aos jogos dos aposentados do Banco do Brasil em Palmas. E víemos. Dormimos em Campinas, como vivedor em cidade grande, fomos a um shopping e não vimos nenhuma rua de Campinas,  só as belas rodovias paulistas. 

Duas e meia da tarde o bichão voou, repleto de colegas indo jogar no CINFABB de Palmas.

Quando chegamos no hotel,  lotado,  uma falha na comunicação,  nos deixou sem hospedagem.   Acionei a reserva moral normal,  apelar para o hotel arrumar um local para dormirmos.  Nada feito. Fui atrás de sair do sufoco,  achei um apartamento no AIRBNB, deu BO, a dona estava viajando.

Pronto, voltamos a ficar sem teto, então o atendente deu o quinto telefonema, desta vez certeiro,  tivemos onde dormir.

O resto dos dias foi curtir o evento e os amigos de agora e de outrora,  como se as coisas difíceis não tivessem ocorrido. 

Não filosofo,  vou andando e andando desejando solver as energia da vida. 

Nem quero falar do drible que a bola que deu em mim. 

Vocês conhecem o ditado: "Da-lhe bola!"?

Ano que vem vou fazer ela amiga.

Até lá!!

Abração,  Marconi Urquiza 

sábado, 15 de abril de 2023

RESULTADO RAIZ NOS TEMPOS DE CHAT GPT




Um dia, em 2000, na metade da aula, um professor, juiz aposentado, falou em Advocacia de Resultados. 
Aquilo soou doce aos meus ouvidos. Foi mel. Meus olhos céticos deram atenção imediata à sua palestra. 

Foi uma situação que não é possível generalizar, ele citou algumas circunstâncias em que o advogado teria de se vestir como gestor de empresa e entregar resultados. 

Lembro que ele trouxe outro exemplo, a do médico que faz cirurgia plástica. 

Este profissional deve ou não entregar ao cliente a expectativa que este tem antes do trabalho do médico?

Ao perguntar o professor silenciou.  Nos olhou e ficamos aguardando seu comentário. 

Eu lá no fundo da sala, perto dos 41 anos, me indagava sobre essas duas questões, pois vivia sob a filosofia, crença e a prática radical da gestão por resultados e havia aprendido que Advocacia e Medicina, na época, não estavam sob o guarda-chuva dos resultados, como se vivia na empresa. 

Se vivia sob pressão, compressão e desespero. Quando os resultados que a empresa queria não chegava, era um Deus nos acuda. Mesmo chegando ao resultado exigido, a gente apenas enxergava papéis e telas. Papéis e telas. 

Algumas vezes faltou um fiapo para 105% da meta, mas faltou e o tratamento era com frequência uma ameaça à degola.

Mas o tinlintintin no caixa passava longe, eram os relatórios, as telas.  Algumas vezes se via os balancetes.  As despesas eram regradas, controladas, mas as despesas correntes eram pagas distantes da nossa vista. 

Era um resultado real, mas não raiz. 

Resultado raiz, vi agora como é.  Correr diariamente para fechar a conta do dia e obter algum lucro. Deixar de comprar algum insumo, por ainda restar uma "laminha". Olhar ávido para ver se no Whatsapp tem um mísero pedido de orçamento. Cutucar o Instagram,  olhar as suas métricas,  tentar adivinhar os humores da rede social, do público e dos concorrentes. Ser manipulado, sim, ser manipulado pelas redes sociais,  que alteram os algoritmos e empurram as postagens para não serem visualizadas pelos potenciais clientes. Ficar nervoso porque a empresa contratada para fazer o Marketing Digital não entrega seu trabalho com mais resultado através do Instagram.

É correr desesperado,  tentando não canibalizar o próprio preço, e se a gente canibaliza temos o risco de não ter recursos para repor equipamentos e por aí vai. Ter o  risco de falir em algum momento, como se a empresa enfartasse.  Por causa disso ou simplesmente por que as vendas são insuficientes.

A busca pelo resultado raiz é como fazer "piquenique na beira do abismo." Às vezes é como estar correndo em cima de um muro estreito.

E não tem nada de sofisticação,  é uma batida no prego a cada minuto. Assim é o resultado raiz. É situação radical, ou tem ou quebra em um mês. 

Deduzo que é este o dilema de milhares de nanoempresas nos tempos do Chat Gpt. 

Tem uma coisa. Você notou o que não reclamei nesta reflexão?

Bem, por hora,  é só. 

Marconi Urquiza 


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Qualidade saiu de moda






Há muitos anos, muitos mesmo, estava iniciando a vida como comissionado,  um cargo na profissão de bancário. Uma pequena evolução em um mar de cargos que se estreitava ao longo dos anos e da cadeia de comando como o bico de uma pipeta.

Ao ser nomeado, com entusiasmo e carências profissionais estive na famosa e saudosa Livro 7, primorosa livraria que existiu em Recife.

Estava à caça de algo que me ajudasse a entender o novo passo que me levou a ser, anos depois, gerente geral. 

Nesta época estava a onda da Qualidade Total no Brasil e sai no rumo dos livros de Administração, procurava algo, mas não sabia o que era e por isso não achava, e não acharia se não fosse a técnica de expor os livros. 

Depois de um bom tempo, um mundão de minutos passei o rabo do olho para um expositor e vi um livro de capa preta, letras do douradas e o mágico título: Qualidade em Serviço.

Sem pestanejar,  sem folhear,  saí da Livro 7 com o livro. No dia seguinte eu viajaria, pela primeira vez de avião, com destino a Tabatinga, na beirada do Brasil, arranhando a Colombia.

Em algum momento da leitura esbarrei com o conceito do autor que o principal fator da qualidade em serviços são as pessoas.

Isto foi tão impactante para mim que nos 20 anos seguintes eu tive essa ideia como um mantra.

Hoje com tanta automação, inteligência artificial, robôs de execução,  robôs de ações delicadas, me vejo a reconsiderar o meu mantra. Os sistemas são de enorme valia na qualidade do serviço. 

Mas ainda há Serviços do tipo Raiz. Oficinas mecânicas,  dentistas, medicos, limpeza, higienização,  pintura,  consertos do lar, entre tantos outros. Estes são alguns exemplos que o humano faz diferença,  mesmo que tenha máquinas à disposição. 

Aí calhou de ir administrar uma empresa de serviço,  serviço raiz,  apesar dos equipamentos e dos produtos de alta performance.

Por hora não chegou nenhuma máquina que entre na casa do cliente,  que farege a urina, que identifique a mancha e tenha o escutador de forró capaz de sanar o mal humor e as idiossincrasias das pessoas.

A qualidade tão em moda no passado,  saiu da mente das pessoas, tal como a ética, sob qualquer ótica. E tal ocorrência não foi por que as atitudes de qualidade foram incorporadas nas atitudes das pessoas, foi por que, agir assim exige um esforço absoluto e diário, tal como a frase: o preço da liberdade é a eterna vigilância.  

Vale o mesmo para a qualidade, é a todo instante,  até antes mesmo da execução de qualquer serviço, por mais simples que seja.

Por hora é só. 

No desafio de entender e mudar meu pequeno mundo.

Abração,  Marconi 


O poder revela ou transforma uma pessoa?

  imagem: Orlando/UOL.            Um papo na última segunda-feira entre aposentados do Banco do Brasil que tiveram poder concedido pela empr...