
Passei a semana oscilando, arranhando os sentimentos depressivos, catucando a angústia, escapando pela literatura, puxando as lembranças dos momentos de resiliência e tentando achar o novo normal nessa Quarentena.
Essa mistura de estados emocionais me deu um excesso de assuntos e como tem tanta gente se manifestando ....
Nem sei mais que é pré da pré crise, pré da pandemia leve e o que é atual. Tudo isto, por incrível que pareça me deu uma escassez sobre o que escrever. Sobre o que mesmo?
Era o dilema do personagem Mário, do romance A Puta Rainha, que no meio da enormidade de posts das redes sociais via uma enorme escassez de profundidade. Para um jornalista como ele, que tinha a missão de escrever "histórias humanas", tudo era muito raso.
Agora eu vi no dilema inverso, tudo parece ser muito profundo. As explicações dos médicos e profissionais da saúde. As implicações da economia e na economia, as implicações enormes para as pessoas, da doença à fome, passando pela angústia do desemprego, da doença e do medo. Tudo é muito sério. Uma seriedade que não cansa, embora tenha pessoas, que em sua "santa" teimosia, teima contra o óbvio. A certeza que vai adoecer.
Antes a gente só tinha a morte como certeza absoluta na vida, parece que Deus colocou essa outra certeza, pelo mesmo menos por enquanto: Você vai adoecer do novo coronavírus.
Essa certeza, por falta da cura, é estampada nas expressões de todos. Não tem ninguém, nenhum que vai passar salvo por ele, até que a vacina seja criada e espalhada pelo mundo.
Uma outra coisa que veio rebolando na minha cabeça é como os países se prepararam para essa pandemia. Os Estados Unidos tripudiaram, Trump, né. Tripudiou do efeito do coronavírus. Tá aí, arriado de joelhos para seus efeitos pesados.
Trouxe esse exemplo por me lembrado de uma frase que li no departamento de pessoal da Prefeitura de Igarassu, aqui perto de Recife. A frase dizia, mais ou menos assim: "QUANDO NÃO SE FAZ A TEMPO, TUDO É URGENTE." Sábio, né?
Há nove anos eu cursava um mestrado na UFPE e tive aulas de inteligência competitiva. Em uma das aulas, o professor Abraham Sicsu mencionou um indicador de nome "Sinais Fracos". É que tais sinais, se não forem bem interpretados poderão ficar fortes e se tornarem um problema muito sério.
Sabe, desde de então, a lembrança do assunto sempre volta. O primeiro sinal do COVID-19 foi feito por um médico chinês e o estado chinês tratou ele como caso de polícia. Quando a China disse que enfrentava um problema sério de saúde pública, as nações dormiram diante deste sinal, que não era tão fraco, mas era geograficamente muito longe. Faltou uma coisa assim: COMO É MESMO ESSE NEGÓCIO? VAMOS VER.
Voltando para gestão da crise. A lógica da prevenção é a seguinte: RETARDE O SEU CONTÁGIO, SENÃO ALGUÉM PODE ESCOLHER UM MAIS NOVO (E PRODUTIVO) PARA VIVER.
Captou a lógica. Captou a dureza dessa lógica. Captou a lógica demográfica. Mais novo tem mais tempo de vida, mais tempo para produzir para a economia. Não é só a questão de ser mais saudável e o organismo ter mais resistência.
Sabe, tem um paradigma da Ciência Econômica que diz, mais ou menos o seguinte: Os recursos são escassos e as necessidades humanas ilimitadas. Este é o momento em que isto está mais sendo percebido e de modo muito mais doloroso.
Pelos menos, por enquanto, temos que conviver com essa outra certeza. Essa outra certeza tá fazendo eu perceber certos hábitos: cutuco o nariz, por fora e dentro dele, constantemente. O ressecamento provoca um incômodo, devo perceber quando começar a ocorrer. Não consegui ainda essa disciplina, mas evolui na percepção que poderia espirrar. Durante dez dias eu controlei a renite e não espirrei.
Agora venho pensando nos passos para otimizar a lavagem das mãos. É tudo tão inconstante, caótico, que muitas vezes eu lavo a mão cinco, seis vezes em dez minutos.
Bem, fiquem aí com estas duas certezas. O novo normal.
Abraço #FIQUEEMCASA
Marconi Urquiza



