sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Gratidão genérica




    Nesta semana, em um papo dos tempos atuais com um amigo, apareceu: Gripe, vacina,  um tico de política,  um pouco do que cada um anda fazendo. Como andava a cerveja, os livros,  as leituras,  de futebol não se falou, esse assunto anda fora de moda entre os torcedores do Sport Recife. 

    Leitor das crônicas quis saber sobre os livros:  
    "Rapaz,  acabei mais um". Ainda Indagou: "É aquele que nunca acabava?" E daí mudou de assunto, falou um pouco sobre a mentalidade entranhada:  "Tu vê, entra doença,  sai doença,  e os caras não mudam, parecem amarrados na desgraça". Só ouvi, evitei comentar. 

    Em certo momento, perguntei: 
    "E Sport?" 
    "Olhe, amigo, deixe esse assunto para o começo da Copa do Nordeste".  
    Para mostrar que ele estava encerrado, me perguntou: 
    "E as cervejas?" 
    "Hoje tá pouca", respondi. Lhe disse que um dos filhos e a nora tiveram Covid-19 e fiquei em quarentena, que testei,  deu negativo,  depois gripei, mais um teste, também negativo. 
    "Eu também gripei", o amigo disse. Então parou, seus olhos reviraram, até pensei,  agora tá com esse tique?

     Era necessário esperar,  então ele contou:
     "Na segunda noite que a gripe me derrubou, fiquei sem forças e me deitei cedo. Eu senti meu corpo brigando com os microbios a madrugada inteira,  suando, lutando, esquentando sem ter febre. Quando foi umas 6 horas levantei me sentindo melhor. Já sentisse uma coisa assim, essa luta para superar os microbios?" 

    Sem pensar muito, respondi: 
    "Amigo, nunca tive essa percepção", então ele completou: 
    "Até aquele dia eu também não tinha tido."

    Senti que aquela experiência foi forte, então silenciei, mas ele, então, se saiu com isso:
    "Eu tenho uma gratidão genérica", não me aguentei: 
    "Como é isso? Que isso de gratidão genérica".
    "Vê, é para o motorista,  que não sei quem é e que levou a vacina. Para aquela mulher que aplicou a vacina no meu braço e nem perguntei o nome. Para  o cientista que ajudou a cria-la. Entendesse? Para os políticos que brigaram para que as vacinas viessem rápido..." 
     Interrompi: 
     "É obrigação deles cuidar da população." 
     "É, pode ser. Pode ser... Pode ser."

     No final, pensei como esse amigo, também reconheci o esforço dos milhões que labutam pelo "bem comum".

     Para essas pessoas vai a minha gratidão e o desejo de um 2022 pleno, de tudo que a imaginação lhe conceber.

    
    Abração, Feliz 2022 para todos.
    Marconi Urquiza

    Uma canção antiga, mas que vale a pena ouvir de novo. Clique no vídeo.



Mais um, não é Abração, é, no link: AQUELE ABRAÇO





    


sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

ME DIZ, AMOR? Saudade agora tem nome.


,
17 de dezembro de 2021.

Junho passou, passou de novo o São João, já vem outro e nele a incerteza é o que de mais certo existe.

O Natal na mesma. O Réveillon vai ser festa ainda mais de família. Nada de aglomerar. 

O Carnaval passou e passará na pisada que se apresenta, sem festa, sem frevo, sem gente na rua.

A saudade das grandes festas populares é a saudade que, me parece, ganhou a voz, um rosto e suas canções. 

Mais ou menos há uns 40 dias eu estive em um bar perto de casa e o dono ligou "Alexia" com esse cantor. 

No "Tik Tok" ele apareceu várias vezes, "Facebook", também. Para quem tem acesso a uma boa Internet, pode busca-lo no YouTube.

Ontem fui na academia,  tava lá a audição dele de novo.

Então, acredito que nessa seca de festas, a saudade virou sinônimo de Flávio José.

    "Me diz, amor, como é que vai   ficar
     Meu coração 
     Sem amor, sem calor, sem   carinho 
     Na solidão..."


    Agora é se deliciar, Clique no Link: 
    
    

    Abração, 
    Santa Sexta.
          Marconi Urquiza 


sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Uma cerveja antes do almoço



                         A Alízio Mosca 
pela brilhante ideia. 


"Uma cerveja antes do almoço é muito bom pra ficar pensado melhor." De onde Chico Science tirou essa ideia?

   
        Ontem encontrei-me com o amigo Alízio Mosca e lhe falei que estava sem ideia para escrever a crônica, ele entrou com a frase acima, de Chico Science.
       Estava a tomar um chope à tarde. "Uma cerveja antes do almoço..."
       Para quem está sem ideia, imaginei as agruras de quem compõe canções,  de quem escreve,  de quem precisa fazer um discurso  e está a zero. "... é muito bom pra ficar pensando melhor"
        Ou, no extremo, precisa dizer algo assim: Você quer namorar comigo? Anacrônica.  Com certeza.
        O melhor é ir se insinuando,  se chegando e ver até aonde pode ir para namorar.
       Flertar,  criar aquela chama transcendental que transforma a paquera em namoro.
       Vamos voltar  para a cerveja de Chico Science, aquela que aclara as ideias.  Tal cerveja pode ser um bate papo, um comentário,  uma frase dita por alguém passando ao lado.
       A grande questão é quanto se estar atento para tirar de algo fortuito uma ideia.
       Uma ideia é uma mistura de conhecimento prévio,  um olhar atento  e o desejo  de encontrar uma solução.
       No dizer de Chico Science,  pode ser um simples relaxar. Tirar da mente as coisas pesadas e torna-las leve. Aí a cerveja  é imbatível.  É para relaxar. 
       Mais que imbatível,  é amorosa aquela cerveja tomada com os amigos!

       "Um amor antes de amar

      "Uma cerveja antes do almoço
      "Um papo antes do jantar
      "Um abraço antes de dormir 
      "Um querer antes de deitar
      "Um cheiro ao amanhecer
      "Um amar ao acordar

         Abração, 
         Marconi Urquiza 
    

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Hoje não tenho uma crônica

 


        Hoje não tenho uma crônica, até tentei escrever os sentimentos que me tomaram o coração após a morte do amigo Sérgio Ribczuk.  Ficou em amontoado de letras, abandonei a ideia.

        Nem sei o que terei. Sem sei. Em 2007, como se quisesse limpar a alma das dores da morte de papai, em 1982, eu comecei a rascunhar um livro. Inventei tanta coisa, coloquei tanta história imaginada, pesquisei em vários livro sobre o coronelismo político e quatro anos depois, achando que a ideia estava madura, parei de escrever.  

        Encostei esse projeto, quase enterrei o desejo. Desde 2011 repousava em uma gaveta, ora em um armário e por fim, em um guarda-roupa todas as ideia para escrever O Último Café do Coronel.

        Havia de tudo. Anotações soltas, um protótipo que imaginei que seria apenas reler e continuar. Três roteiros, uma enormidade de personagens, outro tanto de cenas e cenários. Tudo muito e tudo tão pouco.

        2021, setembro. Fui reler o que escrevi entre 2007 e 2011. Na releitura, desisti mais uma vez. Mas em  um dia de outubro, eu acordei com uma ideia, para minha sorte tinha comprado três cadernos, fáceis de manuseá-los e comecei. Segui uma ideia que me foi dita pelo escritor Raimundo Carrero. Por que não faz o narrador como um fantasma?

        Comecei a escrever e dezoito dias depois eu concluía o rascunho de um novo livro, pareceu-me que todos esses anos a narração foi se ajustando, se juntando, se formando em alguma parte da mente. Mas não foi um livro de quem escreveu rápido, pois ele levou 14 anos e dezoito para ficar pronto. E é apenas o primeiro rascunho.  Vários meses levarei para ter uma história arrumada.

        Não é uma biografia, não é um romance histórico. É ficção, essa dádiva que permite mulheres e homens contarem e inventarem suas histórias e por vezes, ajudarem outras pessoas em suas vidas.

        Sim, consegui finalmente largar as pesadas correntes que me prendia para falar dessa situação trágica que pegou todos da família, amigos e conhecidos e deu um nó nos corações dessas pessoas.

    

    Por fim, um grande abraço.

    Marconi Urquiza

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

De uma hora para outra, o amigo se foi

        


        De uma hora outra o amigo Sérgio Ribczuk se foi e se foi sem aviso prévio. 

        Contente,  nos veio visitar e voltou para o Paraná carregado de comida nordestina. A mais desejada e aguardada foi a buchada de bode. Não deu tempo degusta-la.

        Ficou a lembrança de uma pessoa que nos ajudou em 2003, acolheu nossa família quando vim na frente de volta a Pernambuco. 

        Alguns anos depois lá vem ele e sua amada Maris nos visitar. Depois eles vieram,  mais suas três filhas a Natal (Priscila, Paulinha e Bia). Metemos o pé na estrada e fomos vê-los.

        Mais alguns anos, recebemos o convite para o casamento de sua filha Priscila.  Lembro que pensei assim: "Ôxe, não falto de jeito nenhum". E fomos. Que viagem ótima. 

        Aí foi a vez deles receberem o convite para o casamento de Philip. Vieram, curtiram,  conversamos, tomamos cerveja.  Perguntei um monte de coisas sobre os contemporâneos de Araruna (PR).

        Aí o tempo remonta,  lá do início da amizade, nossos filhos brincando com suas filhas pequenas. Do nosso cão,  Bob, um gigante da raça Boxer, invadindo o quintal dele.

        Da enorme consideração de nos apoiar na transição da volta ao Nordeste, acolhendo nossa família em sua casa.

        O melhor de tudo é rever,  nas fotografias, o seu sorriso com as filhas,  com o neto, com os nossos netos, na hora da boa conversa e guardar na alma a amizade que aguentou o tempo e a distância de quase 3.000 quilômetros.

        
        Assim, assim mesmo: 

        Com saudade, a gente vai.
        Com saudade, a gente fica.

        Com carinho, enche a lembrança,
        O carinho lembra a querença.

        De gente, sentimos saudade.
        De gente, recebemos carinho.

        Do amigo fica a querença 
        e o
        carinho da presença n'alma.




            Abração,
          Marconi Urquiza

        

        

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Óculos para ver o mundo

 

        Óculos de ler o mundo, este é o título de um livro de poesia que meu subconsciente modificou para o transformar em: Óculos para ver o mundo. A frase me encantou tanto, que ao comentar com um amigo, veio-me à mente a capa desse e-book, e mais, o sentimento de tentar ver o mundo com outros olhos. E, agora, ao escrever, percebi que tinha modificado a frase. Se ele for procurar o livro por este título não vai achar.

        Óculos de ler o mundo x Óculos para ver o mundo. Tudo tão diferente. Minha subjetividade modificou completamente algo tão objetivo quanto o título do livro.

         Vamos imaginar o seguinte: Descemos ou saímos para a calçada e nesse momento passa um carro vermelho, digamos que seja um Ferrari, nem se precisa saber qual o modelo. O carro é um ícone de esportividade. Como objeto, ele é facilmente identificado. Tudo muito objetivo. Depois disso é só subjetividade, podemos pensar que é de uma pessoa rica, podemos imaginar que o dono ou dona, seja uma pessoa vaidosa ou mais que isto, também exibicionista. 

         Uma pessoa se associa a um clube pensando em praticar esportes, o homem prefere o futebol e sua esposa irá à natação. Ela se entrosa com outras mulheres e nos intervalos conversam sorrindo, ele joga com vinte outros homens. Ora dá um bom dia ou boa noite, termina o seu exercício, recolhe os seus objetos e vai para casa. Alguém pode dizer naquele grupo onde joga que ele não gosta de se enturmar. Talvez não pense que tenha dificuldade em se entrosar, que implica, se doar. Há pessoas que simplesmente não querem. A subjetividade rola total.

         Ao acordar de um sonho, onde pegava uma carona, nada menos que com Paul McCartney, em que ele pilotava com total imprudência, em alta velocidade e terminava sendo preso por isso. O que essa mensagem tem a me dizer? Acordei tentando achar qual é o recado do meu subconsciente. Onde estará a objetividade dentro da subjetividade do sonho?

        Nós todos somos levados pela subjetividade e precisamos estar atentos. Nem sempre será possível, mas se precisa ter uma atenção permanente, porque há pessoas, grupos, profissionais todo o tempo tentando captura-la e não é na porrada, é na sutileza. É entendendo o que valorizamos, o que gostamos, o que sentimos. Nem requer que tenhamos consciência disso tudo, estes e vários outros aspectos rodam em nossas mentes no modo automático. Modo que abre as portas para que a subjetividade seja sequestrada.

        Se o título do livro é Óculos de ver o mundo e disse antes, não foi a primeira vez que alterei para Óculos para ver o mundo, qual foi a razão para eu modificar?

        Posso tecer várias explicações, achar uma que eu aceite como a mais lógica, n entantoainda não sei a razão que mudei o título. Pode ser que ao ler tenha feito, sem prestar atenção uma interpretação e alterado a frase para que ela justificasse o que pensava naquele momento e até mais, o que sentia. 

        Posso afirmar, sem ter certeza, que a minha subjetividade modificou a frase porque era esse o sentimento que tinha há três meses, quando vi a capa e li ao título pela primeira vez. 

        Que se precisa de óculos para ver o mundo com as suas nuances, com todos os tipos de pessoas, com as dores e alegrias que rolam por aí. Com todas as necessidades e suportes que as pessoas precisam nos seus sufocos de vida.

        Ou se ter de usar Óculos de ler o mundo para capturar e entender todas as sutilezas que os olhos em estado normal são incapazes de notar.

        Vou parar por aqui, já filosofei demais, e mais que isso não sou capaz de escrever. Para encerrar, vou repetir uma frase que capturei de um livro de Gilberto Freyre e uma estrofe de um poema que escrevi: 

        Não foi tanto, decerto! Mas foi quanto.

        Decerto! Foi quando o coração 
        se abriu para querer e 
        resultado é mais que 
        uma soma percebida 
        é mais uma conta sentida, ...


         Abração,
         Marconi Urquiza

       

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Um benfeitor silencioso

        

        Faz tanto tempo que ele se foi. Nem posso dizer que conhecia bem meu pai.  Algumas situações eu sabia,  outras ouvi comentários, exemplos de fazer o bem, presenciei algumas vezes.

        Lembro que meu avô se irritou com ele por ter ajudado um notório aproveitador,  nesse tarde vovô disse: Quem tem besta não compra cavalo.

        Hoje acho engraçado,  era como um sujo falando do mal lavado. Duas pessoas que amavam ajudar o próximo. Mas não sei porque vovô se irritou.

        O tempo passou e um dia falaram, perguntando sobre eu sentir saudade de papai, calei-me, eu não sinto mais saudade dele, isso se esgotou ao longo do tempo.  Foi se depurando para ficar nos bons exemplos,  no humor sutil e nas tiradas que faziam sorrir.

        Tempos atrás quis escrever um livro sobre seu perecimento, parei por falta de condições psicológicas. 

        Neste Dia de finados,  mais uma vez mamãe se preocupou que o túmulo dele estivesse limpo e pintado. 

        Em alguns momentos pedimos aos familiares da minha esposa para fazer a gentileza de contratar alguém para cuidar do seu túmulo.  Mas todas as vezes o túmulo estava cuidado, um benfeitor anônimo já tinha feito.

        Não sabia a quem perguntar, comecei a especular,  depois desisti e deixei a vida correr.

      Outro dia um amigo falou que papai ajudou uma família a voltar de São Paulo. O filho mostrou a sua gratidão.  Eu não sabia disso, fiquei surpreso.

      Houve ocasiões em que a feira na sua casa de alguém só ocorreu porque papai emprestou o dinheiro. 

        Desconfio que em uma dessas ocasiões eu estava por perto,  pois papai se justificou sem eu pedir nenhuma explicação. 

        Foi como se diz: Se me pagar sem juros já está muito bom, mas papai tinha certeza que nunca receberia aquele dinheiro. 

        Essa história do cemitério me trouxe a certeza, que no silêncio, papai ajudou a muitos em Bom Conselho.

        Esse era um segredo dele, para ele mesmo. Nunca vi arrotar a ajuda que prestou, apenas ajudou.

        Apenas ajudou.

        E quando uma pessoa ficava se derramando em agradecimento, ele dizia: 
       - Olhe, vá cuidar de suas coisinhas, se não você me deixa vaidoso. 

        Bem, esse era seu modo de ser, de certo modo copiei isso dele.

        Abração, 
        Marconi Urquiza, 

        filho de Marne Geordemar Urquiza Cavalcanti.

O poder revela ou transforma uma pessoa?

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