sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Só faltava um defunto.


Foi preciso esperar até o começo do século XX para se presenciar um espectáculo incrível: o da peculiarísssima brutalidade e agressiva estupidez com que se comp... Frase de José Ortega y Gasset.



1 Conheci o filósofo espanhol Ortega y Gasset por acaso, quando um presidente de sindicato utilizou uma das suas frases mais famosas ao iniciar uma assembleia: " O homem é o homem e suas circunstâncias", só não disse a autoria. A frase me tocou tanto que meses depois não a havia esquecido. Era necessário ler o autor, felizmente um filósofo de fácil leitura e aí dei de cara com a versão escrita no livro: "Eu sou eu e minhas circunstâncias, se não salvo a ela, não me salvo a mim." 

2 Nesta semana eu estava tentando diagramar um poema para a crônica Minha Utopia, perdi a paciência e abandonei a ideia, foi quando surgiu, quase pronta esta crônica. Uma narrativa longa em um texto curto, a história dando o seu testemunho e fui atrás de Ortega y Gasset para me ajudar nesta tarefa.

3 Essa história começou bem longe, longe no tempo. 1911. Naquele ano uma violenta eleição saiu de Recife e chegou em Bom Conselho. Foi a briga entre os Dantas Barreto contra os Rosa e Silva e a bala forrou o solo pedregoso da cidade.

Um rancor eterno se instalou no espirito do povo, mas hoje sei que é muito mais que isso, pois aqueles lá de antigamente já se foram todos e esse rancor foi se renovando a cada geração, a cada eleição. Só que eu nunca entendi, o caso esteve acima da capacidade de compreensão até bem pouco tempo.

Cansei de me perguntar, Por que? Por que eram amigos, conversavam, bebiam juntos e no tempo de uma eleição se tornavam inimigos? E não eram poucos.

Em 1968, em plena ditadura militar no Brasil, eu presenciei o primeiro arranca rabo de fazer jus a uma briga fratricida. O coronel Zé Abílio ainda estava vivo, a sua habilidade de liderar fez conviverem perfis tão diferentes quanto os povos que formaram a Iugoslávia. Mas teve um custo, a semente do rancor virou uma pequena árvore agourenta.

Lembro que em primeiro de janeiro de 1969 todo o grupo político do Coronel Zé Abílio saiu da casa do prefeito eleito, Manoel Luna, foi visitar a  casa do adversário derrotado em uma tentativa de apaziguar os ânimos. Mas aquela plantinha estava vicejando.  

8 A eleição de 1968 foi tão crítica, tiveram tantos conflitos que as lideranças se reuniram e decidiram escolher um candidato único em 1972. Uma frustrada tentativa para pacificar a cidade, pois o resultado foi a ascensão de um homem truculento, belicoso, um coronel no espírito vicejante da República Velha. Aquela arvorezinha de 1968 já era uma árvore crescida, bem no meio da praça, sem que ninguém se desse conta que ela estava lá. Ela estava lá, sempre agourenta.

9 Chegou 1976, minha percepção dos conflitos daquela eleição eram difusos, meu pai esteve enterrado nela até o pescoço. Hoje me parece que o grupo político, novamente com a liderança de Manoel Luna, queria lavar a alma pela escolha errada de 1972, era fundamental derrotar o prefeito e seu indicado. Bem, mas, aí a peleja saiu da quase violência para uma violência real, explícita. Só faltou o defunto. Eleição ganha pelo grupo de Manoel Luna, mas o ambiente ficou em eterno suspense. A árvore era agora adulta, viva e incapaz de oferecer uma sombra.

10 Sabe, a violência regada desde 1911, regada em pequenas doses, foi criando um valor para aquela comunidade. Valia mais a truculência que o diálogo, o rancor imanente virou um ódio difuso e escancarado. Bem, eleição de 1982 e o defunto que faltava chegou, chegou com o meu pai, chegou na figura de um pistoleiro, chegou depois que as urnas se fecharam na figura de cidadãos comuns, chegou, finalmente, na figura de um agente público. O Estado agiu, encerrando os desmandos.

11 Li outro dia que o marco de ódio que corre envenenando os brasileiros se iniciou em 2014, foi não, o seu maior incentivo ocorreu bem antes. É uma construção histórica. Pode escrever, desde as primeiras eleições da República. Mas puxando para uma situação bem mais recente, trinta anos, desde que na disputa pela presidência da República se enfrentaram candidatos, um apoiado pela elite brasileira, de qualquer estirpe, e o outro, um candidato sem pedigree.

12 Lembram daquela árvore agourenta que falei no início, ela é agora uma gigante que sombreia com seus galhos secos, mais agourenta que nunca, os nossos dias.

Abraço,

Marconi Urquiza



sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Narrativas em conflito. O caso da CASSI.

     O que ofensiva do Banco do Brasil pelo SIM  na CASSI comunica?

  Acompanho com assiduidade as manifestações das pessoas e obtive algumas impressões acerca de alguns componentes dele.

   A primeira percepção e não é uma percepção que surgiu nas primeiras letras. Essa percepção me diz que no grupo há pessoas fazendo sondagem para avaliar a receptividade do SIM para a aprovação da proposta de alteração do estatuto da CASSI e deve haver muitas outras pessoas sondando os humores dos associados em outros grupos.

  Noutro grupo percebi a exclusão de quem faz oposição ao SIM e é francamente a favor do NÃO. É a estratégia para passar a impressão que o sim é majoritário.

   Na semana passada quando ouvi a notícia que haveria sucesaivas reuniões para mudar o voto do NÃO para o SIM ou capturar os votos doa indecisos eu me pus a analisar. 

    Então deduzi: 

  O NÃO é uma probabilidade real. Se tal perspectiva fosse remota os aposentados continuariam sendo apenas ex-empregados. Um número que não existiria mais para as estatísticas do Banco do Brasil, exceto na CASSI.
  
    A outra percepção. Ainda que não tenha tanta comunicação com os colegas da ativa, deles só obtive flashes de opiniões e principalmente o silêncio acerca da alteração estatutária da CASSI. O NÃO deve estar rodando a estratégia de rolo compressor do BB.

   Por experiência e por diálogo a gente sabe que a comunicação interna do Banco do Brasil é um monólito psicológico e alienante. 

     Mais uma dedução:

   As alterações provocadas pela diretoria do Banco do Brasil desde 2016, agindo como um exército predador contra um inimigo desarmado, provocaram uma enorme desconfiança nos funcionários da ativa.  Bastaria eles para aprovar a alteração estatutária. O NÃO indica uma reação a truculência do BB.

     

    Se estão atrás dos aposentados, tal ação pode ser decorrente  da rachadura do monólito da influência do BB sobre seus funcionários.  Viva o Whatsapp!

     Terceiro ponto:



   É que toda ação do Governo Temer foi para o Mercado, essa abstrata entidade e marcadamente Egoísta.  A norma CGPAR 23 é bem encomendada para servir ao propósito de facilitar a entrada das empresas de saúde de mercado na assistência à saúde do Executivo Federal.

    Aqui nem é mais desconfiança, há certeza que o prejuízo virá para os trabalhadores.

      Quarto aspecto:

 A falta de confiança nos representantes eleitos pelos funcionários em 2018.

    Eu votei e muitos votaram na chapa que foi eleita para a CASSI.  O Grupo MAIS se apresentou como defensor da Perenidade da CASSI e Defensor dos interesses dos funcionários.

    Mas o que vimos, A PROPOSTA CASSI não garante a Perenidade dela e o Grupo Mais não defende os interesses dos funcionários e eles foram os principais interlocutores do SIM, agora o BB  colocou a sua estrutura para derrotar o NÃO.

    
    E agora?

     

  Precisamos ter em mente que acompanhar e auditar a votação dessa alteração estatutária é garantir a fidelidade dos votos, seja para o SIM, seja para o NÃO.


Abraço,

Marconi Urquiza 

      

     

   

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Fedor sem fim

 Resultado de imagem para paródia de perfume

     Pense no sofrimento, meses a fio com aquele fedor sem saber a origem e eu a exigir limpeza constante, cutucando todos os cantinhos da casa, procurando o odor nos sapatos, nos guarda-roupas, nos armários da cozinha. Para evitar a pestilência até empurrei o lixeiro para bem distante, para os confins do quintal e, nada. Nós nunca achamos a fonte do mal-cheiro. 

    O tempo passou e o fedor amenizou, já não se sentia tão forte, mas estava por lá. Se fosse uma pessoa, era um ser renitente.

   Mas, com um nariz tão teimoso quanto o fedor, eu quase toda vez dizia: tá fedendo e, tome limpeza, passado o efeito do perfume, a pestilência chegava teimosa.

   Certo dia, na hora do almoço, eu disse para minha esposa: "Vamos fechar as saídas dos ralos dos banheiros, esses sifões estão estragados!" Obra feita, tudo pareceu se acabar, mas pense! Não funcionou. Nos resignamos, o negócio foi conviver com o fedor.

   Já fazia um ano que a pestilência havia surgido. 

   Depois desse ano Paulina foi trabalhar conosco, o tempo passou, eu até que tentei me acostumar com aquele fedor. Só que, um dia eu cheguei em casa e de passagem pelo quarto dos meninos reclamei:  "Esse fedor de novo!". 

  Paciente, ela chegou, deu aquela fungadinha básica e sentenciou: "Isso é fedor do pau de bosta". 

  "Eita, e existe isso?", qual foi a minha surpresa. Aí pus as ventas para trabalhar, corri em direção as camas, retirei os colchões, dei também uma fungada, só que bruta,  e quase gritei: "É aqui de onde vem esse cheiro de merda!" 

   Irritado eu pensei em todos os xingamentos que a minha memória guardou. Foi aí que fui me lembrar que em Barbosa Ferraz eu havia contratado um marceneiro para fazer os três estrados das camas de solteiro, paguei caro por uma madeira que fosse forte, só que ela era mais fraca que seu fedor sem fim.

Abraço,
Marconi Urquiza

https://www.reclameaqui.com.br/probel/box-com-madeira-pau-bosta_4y9futPp511kIfLu/
          

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Abraço sombreado.

e um vaga-lume
lanterneiro que riscou
um psiu de luz... Frase de Guimarães Rosa.



   Em um desses sábados eu corria preguiçoso no carro para ir a um trabalho freelance quando passei na esquina da praça do Derby (*) indo para Boa Viagem e vi uma sucessão de imagens que passam despercebidas no cotidiano, tais imagens me chamaram a atenção e ativou uma busca frenética por outras tantas arquivadas nas minhas lembranças. 

  Nesse trecho da Avenida Agamenon Magalhães (*) há muitas árvores. Naquela hora, perto das oito da manhã, eu comecei a olhar as sombras se alongando na direção do Hospital Português, cruzando a avenida perpendicularmente e mansamente se espraiando no horizonte.

  Passei por elas, segui para os conjuntos de viadutos da Joana Bezerra e outras imagens foram se formando, foi quando percebi:



  Cada árvore se desenhando no solo, Cada uma maior que o seu tamanho natural, Cada uma se multiplicando e Cada uma acolhendo quem cruzava o seu sombrear com um abraço fraternal.


Vai para você meu abraço 

Marconi Urquiza 



(*) Praça e avenida de Recife.

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

CASSI: governança ou tomada de poder?

    Ã¢Â€ÂœO mais importante na comunicação é ouvir o que não foi dito.”... Frase de Peter Drucker.  

   Na última semana recebi outras análises da proposta do novo estatuto da CASSI, também li algumas das mensagens vindas da diretoria da CASSI. 

   Do lado dos associados em geral elas chegaram mudando o perfil da comunicação, da emoção para a razão, buscando mostrar tecnicamente e semanticamente as incongruências do texto apresentado. 

   Por outro lado, as comunicações dos dirigentes da CASSI que estão a favor da aprovação da reforma estatutária vieram trabalhando sutilmente a emoção com um texto suave, grafismo de um azul leve, depois, do que nos parece, comprovar a falta de eficácia do discurso agressivo contra os que não concordam com as mudanças e, essencialmente, diminuindo o discurso do medo, que não vingou, embora tenha permanecido a estratégia de desqualificar quem aborda o tema com visão contrária a reforma. Ora como se a pessoa que postou sua visão fossem todos adversários ideológicos, sindicalistas frustrados pela derrota ou como um desqualificado que só opina besteira, sem uma base de preparação.

   Tratar de sutilezas é muito mais difícil que mostrar números, números são fáceis de visualizar e também fáceis de manipular, então nesta semana a dificuldade de achar o tom foi imensa, pois tudo que tenho são palavras, para as quais foi necessário pensar em contextos para tratar dos temas abaixo.

   
   Estes são mais alguns pontos comentados sobre o novo estatuto.

NOVO PERFIL PARA SE CANDIDATAR - CLÁUSULA  DE BARREIRA

     A primeira alteração observada é a seguinte:  estabelece para quem quer concorrer aos cargos eletivos da CASSI a experiência comprovada de, no MÍNIMO cinco anos, nas áreas: financeira, administrativa, contábil, econômica, jurídica ou atuarial. Tanto para Conselho Deliberativo quanto para a Diretoria Executiva. Na redação do estatuto atual a exigência é apenas de comprovação da experiência, sem prazo mínimo. 
   
   Intuo que a maioria dos que já concorreram a alguma eleição da CASSI oriundos dos sindicatos não atendem a este novo perfil. 

(Art.77-a-V e art. 77-b-V)

 A NOVA ELEIÇÃO PARA A PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DELIBERATIVO

    O Art. 40 do estatuto em vigor prescreve que tanto o presidente quanto o vice presidente devem ser escolhidos pelos pares DENTRE OS MEMBROS ELEITOS pelos associados. Com nova redação esta exclusividade acabará
  
  O regime será diferente, um rodízio será instaurado. Durante dois anos ocuparão os cargos os indicados pelo Banco do Brasil e nos outros dois serão os eleitos que ocuparão os cargos. (Art. 41 do novo estatuto)

AUTONOMIA ADMINISTRATIVA DA CASSI AFETADA

  Qualquer submissão de tema para o Corpo Social  (Assembleia de Associados) escolher sempre dependerá de anuência prévia do Banco do Brasilcom exceção do controle social pelos associados.
    
   No estatuto diz que a CASSI tem autonomia administrativa (Art. 83-V), mas na prática não terá integralmente, é só ver o teor dos artigos 81, § 1º e 82 do novo estatuto, que diz que alteração no estatuto e no regulamento do Plano de Associados são serão submetidos ao corpo social depois do BB autorizar.

CONTROLE SOCIAL PELOS ASSOCIADOS, EXISTE, NUNCA USADO.

   Há uns poucos pontos de controle social de difícil implementação pelo Corpo Social e que na prática não são utilizados, por exemplo, REPROVAÇÃO DO RELATÓRIO ANUAL (Art. 29-V e parágrafos 1º e 2º)

   
   Se isto ocorrer, será submetido ao Corpo Social a destituição, ou não, dos membros da Diretoria Executiva, do Conselho Deliberativo e Fiscal que aprovaram o relatório e as contas anuais.


GOVERNANÇA
O VOTO DE MINERVA ABSOLUTO E O PARCIAL NA NOVA GOVERNANÇA

    Um dos aspectos mais tratados na questão da alteração do estatuto social da CASSI tem sido a Governança, dentro dela o voto de minerva, sob o argumento que na gestão da CASSI se enfrentou muitos episódios de NÃO DECISÃO. Bem que gostaria de ter acesso a estas atas.

NO CONSELHO DELIBERATIVO O VOTO DE MINERVA É PARCIAL

  Para resolver isto no âmbito do Conselho Deliberativo as seguintes alterações foram redigidas.  No entanto, o voto de minerva pode ser da Assembleia de Associados, apenas se o Banco do Brasil autorizar. 

   Se não houver aprovação do Banco, poderemos jamais saber se houve NÃO DECISÃO (Art. 82), assim parece letra morta, há a perspectiva de um voto de minerva pelos associados, mas com tendência  do filtro vai ser tão grande que na prática será pouco utilizado.

   As matérias abaixo poderão ser submetidas a Assembleia de Associados na nova regra de tratar as NÃO DECISÕES no Conselho Deliberativo (Art. 42, parágrafo 2º):

1)Planejamento Estratégico;
2)Alterações do Regulamento do Plano de Associados; 
3)Destituição de membros da Diretoria Executiva 
  e do Conselho Deliberativo; 
4)Alteração Estatutária e 
5)Alteração do modelo de custeio do Plano de Associados;

   Há um aspecto que causou estranheza.  Os itens IV e V acima estão escritos separadamente, como se fossem independentes e não são. O modelo de custeio do Plano de Associados está totalmente absorvido pelo Estatuto. (ver Art. 15 em diante da proposta do novo estatuto).

   Por que então ele foi escrito separadamente? 

  Não sei porque isto se deu. O que sei é que esta nova redação me levou a reforçar o argumento que o VRD - Valor de Referência por Dependente e VRF - Valores das Faixas Salariais, analisados na semana passada, são de fato, uma autorização aberta. Eles não têm nenhuma trava estatutária que limite seus reajustes.

   Pode ser decidido novo parâmetro de valor-base do VRD - Valor de Referência por Dependente a qualquer momento. 

  Por exemplo: Em vez da Faixa 1 do CASSI FAMÍLIA II, como escrito nas justificativas do novo art. 26,  passe a valer a FAIXA 5. O modelo de custeio estará preservado. Com isto a parte variável da nova proposta, 3,5% da renda bruta, pode rapidamente atingir o teto.
         
    No caso do Conselho Deliberativo ainda há uma hipótese de limite  para agir com a NÃO DECISÃO, embora dependa na anuência do Banco do Brasil. No entantopara Diretoria Executiva o céu é o  limite.


O VOTO DE MINERVA ABSOLUTO NA DIRETORIA EXECUTIVA

      Aqui parece que o laço da forca aperta. 

    Diz o art. 56, parágrafo 3º que se houver empate (NÃO DECISÃO) na votação de um caso na Diretoria Executiva a Presidência avoca para si o poder e lavra na ata a sua decisão isolada.  

    Não há neste artigo qualquer menção sobre quais assuntos a Presidência pode avocar para si, NÃO HÁ LIMITES. Assim qualquer matéria de competência da diretoria executiva, em caso de persistência de empate, pode ser decidida isoladamente.

     A questão é que essa regra, abertamente sem limitações, pode gerar uma ditadura, basta manter sob um intenso conflito a convivência entre os membros da diretoria executiva da CASSI.

      A experiência profissional me fez lembrar que muitos comitês de gestão são pro formes, especialmente por causa do viés  autoritário existente na cultura corporativa. 

   Podemos está a caminho de uma autocracia e do esvaziamento das prerrogativas dos diretores, creio, que especialmente dos eleitos, pois em tese deveriam equilibrar os interesses dos associados com os do patrocinador.
    
     
ESCRITO PARA SER VAGO 

      Há outros pontos que carecem de aprofundamento jurídico. 

    Dentre as várias competências do Conselho Deliberativo estão (Art. 38 do novo Estatuto):

- Deliberar sobre a instituição e alteração de planos de assistência à saúde ... (Art. 38, Inciso XIV), o Plano de Associados é uma modalidade de plano de assistência à saúde (Art. 7º).
   O artigo autoriza a alteração do Plano de Associado  apenas por voto do Conselho Deliberativo?

- Decidir (...) sobre os casos e situações que sejam omissos ou carentes de interpretação este Estatuto, e Regimento Interno e os Regulamentos. (Art. 38, Inciso XXII).
      E nesta omissão no Estatuto. Como vai arbitrar e preencher a lacuna que já existe previamente acerca da regulação do VRD e VRF? 
  
- E o Inciso XXII do Art. 38 (item anterior) vai ser aplicado sobre o voto de minerva? 
     A lacuna já está evidenciada. Será utilizado ou não para limitar o poder de decidir isoladamente (voto de minerva) da Presidência Executiva?

      
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     Permitam-me esta pequena parábola, o Coronel foi uma figura real e a sua frase também, que usava para mandar recados aos seus adversários políticos.     

     A situação da associação de pais e mestres está caótica, a escola diz que vai cair fora e deixar que a secretaria de educação intervenha. Com muito custo, trabalhando a estratégia do medo da perda ocorre a aprovação do regimento da associação de pais e mestres. Em pouco tempo, lá de longe o alinhamento é comemorado, vantagens foram ganhas, mandato longo, cá na planície e nos grotões as queixas começam a se levantar, é só buchicho e alguém resolve reclamar, quando a resposta chega, escrita na mais educada prosa, informa que o que se reclamou está previso no artigo 126 do regimento, aprovado também pelo reclamador.

     
Lá longe, alguém pensa, vá reclamar com o bispo! Cá nos grotões alguém comenta com o Coronel Zezé, que passa a mão no queixo, empurra os óculos Ray Ban para cima e finalmente olha para a cara do angustiado homem, antes de sentenciar: 


"Não adianta o sujeito gritar para Santa Luzia depois da cobra picar!"


Abraço, Marconi Urquiza
       

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

A NOVA MENSALIDADE DA CASSI

                   Resultado de imagem

      A questão da CASSI exige serenidade para analisar e decisão para escolher. 

   Para algo tão sério como a alteração de um Estatuto Social se requer uma leitura mais ampla que a leitura dos posts no Whatsapp, das inserções de vídeos, textos e análises oriundas dos dirigentes da CASSI como de outras fontes. As que recebemos da CASSI ou por meio de contatos que estão lá direcionam para o sim, há várias outras que indicam o não. Há sim e não convictos. 

    No entanto, há uma quantidade significativa que estão no imenso oceano da dúvida, como eu.

   Um ponto crucial. Nenhuma análise mais aprofundada foi apresentada da proposição do novo estatuto, eu fiz e fiz dentro da minha visão, cultura e conhecimento. Foi um estudo de quase duas semanas, até que uma pequena frase me assustou, não a havia percebido, e ela muda tudo em relação ao custeio da CASSI para os associados, beneficiários no novo estatuto.

    Algumas modificações anotadas:

 I - Modificações na denominação do plano e do associado:

  No artigo 4º a alteração é justificada com o prosaico: "a inclusão desse dispositivo tem efeito meramente didático." A questão é: O que é meramente didático em um estatuto? 

   Neste artigo o nome atual é Plano de Associados da CASSI e a proposta é para Plano de Associados. Some o nome CASSI.
      Qual é o efeito jurídico dessa nova nomenclatura e do teor do caput do artigo?

   No artigo 14º há uma restrição para se observar com atenção: No caso de falecimento do titular original, só terá direito ao plano de associados se for PENSIONISTA PREVI, exclusivamente.

II - POSSIBILIDADE DO BANCO DO BRASIL SOCORRER PROVISORIAMENTE A CASSI.

    Não haverá mais.

  No artigo 25 do "antigo Estatuto" (ainda em vigor) diz o seguinte: "Eventuais insuficiências financeiras do Plano de Associados da CASSI poderão ser cobertas pelo Banco do Brasil S.A.- exclusivamente sob a forma de adiantamento de contribuições." Este artigo foi excluído na proposta do novo Estatuto Social da CASSI. 
   
   Esta alteração ISENTA o Banco do Brasil de socorrer a CASSI, implica que a gestão da Caixa tem que ser muito sobrenatural, sabendo-se de antemão que o projeto de financiamento do custeio proposto fecha com uma economia nas despesas de TREZENTOS MILHÕES DE REAIS sem sabermos como será realizada e que, bem pior, já se sabe que acabará em 2026. A partir da aprovação do novo estatuto se houver pedido de socorro vai ser via contribuição dos associados.  

III - MODELO DE CUSTEIO.

 O novo modelo de custeio introduz a contribuição adicional por dependente, tendo o percentual máximo de contribuição total de até 7,5% da renda bruta (Art. 17 do Novo Estatuto). 
      
   4% de contribuição mensal básica  sobre a renda total e até 3,5% sobre a renda total a título da contribuição adicional por dependente. 

   A contribuição básica mensal do Banco do Brasil é de 4,5% sobre a renda bruta total regular, excluída outras vantagens extraordinárias, o mesmo vale para os empregados e ex-empregados com direitos adquiridos.

    Da introdução da  contribuição adicional por dependente vieram duas siglas, VRD e VFS, interligadas e com impacto financeiro tanto para os ativos quanto para os aposentados. (Art. 26, incisos I e II do novo estatuto, vale a pena ler)

   VRD é o Valor de Referência por Dependente, fixado na propositura do novo Estatuto Social em R$ 342,54. 

   A outra sigla é VFS - Valores das Faixas Salariais, também inicialmente fixados na propositura do Estatuto da CASSI nas seguintes faixas: Até R$ 5.000,00; de R$ 5.000,01 a R$ 15.000,00 e acima de R$ 15.000,01 de renda mensal.

    Uma das questões sobre este novo artigo é que os valores indicados não estão amarrados por artigo, parágrafo ou inciso na proposta do novo estatuto. Aparecem meramente no campo justificativa, sequer há citação que serão regulados no regulamento do Plano de Associados. Os limites estão soltos, a qualquer momento podem ser alterados seus parâmetros, onerando ainda mais os funcionários da ativa e os aposentados.

   Esta é uma cláusula em aberto, entendo que juridicamente é uma autorização sem limites. Serve tanto para o VRD quanto para o VFS.

IV - MODELO DE CUSTEIO - REAJUSTE DO VRD (Valores de Referência por Dependente).

   Você se lembra que no início comentei que li uma frase curta que me assustou?

    Pois bem, quase passo batido por ela. Eu estava fazendo anotações para este ensaio, relendo as observações feitas ao lado de vários artigos, quando algo me chamou a atenção ao reler o artigo 26, inciso I da proposta do novo Estatuto Social. 

   Isto ocorreu na última quarta-feira e não vi na primeira leitura, lá pela terceira é que vi a frase, tão pequeninha, tão impactante. De tão discreta, uma leitura rápida, até normal não alcança o seu teor e impacto financeiro. Veja:


O Conselho Deliberativo definirá, anualmente, o Valor de Referência por dependente (VRD) levando-se em consideração, para fins de reajuste, os cálculos atuariais do Plano de Associados.


   Sabe qual a implicação disso aí? Dissocia completamente o reajuste da parcela VRD do reajuste salarial do associado da CASSI.

   A perspectiva com a aprovação do novo estatuto é que rapidamente possamos estar pagando o percentual máximo de 3,5% para os dependentes.

    Para ilustrar relaciono os percentuais de aumento do Plano CASSI Família II:                        
- 2010:   6,73%        
- 2011:   7,69% 
- 2012: 13,57% 
- 2013: 15,42%  
- 2014:   8,81%  
- 2015:   9,45%  
- 2016: 13,50%  
- 2017:   9,05% 
- 2018: 17,38%  
  Fonte: Relatórios anuais consultados no site da CASSI.

    Nos utilizando da analogia, vejamos como poderá evoluir o valor do VRD.
    
   Com base nos cálculos atuariais do CASSI FAMÍLIA II e nos índices do INPC, que reajusta as aposentadorias da PREVI, projetamos como deveria ter sido a curva se o VRD tivesse sido aplicado à partir de 2010. A linha AZUL é a curva ascendente da projeção de como teria evoluído o valor do VRD e a linha AMARELA como teria crescido o reajuste da aposentadoria e também do salário
.
                              Projeção por analogia para aposentados


                        Projeção por analogia para funcionários da ativa

                        Nota: Gráfico construído pelo colega Walmir Mamede

   Na próxima eu vou trazer minhas observações sobre a nova governança da CASSI.

Abraço,


Link da proposta do novo estatuto para você consultar:
http://www.cassi.com.br/images/hotsites/suaescolha/pdf/estatuto-depara.pdf

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

O embróglio da CASSI

                      As verdades diferentes na aparência são como inúmeras folhas que parecem diferentes e estão na mesma árvore.... Frase de Mahatma Gandhi.
    Começo perguntando, pois primeiro me perguntei: 

    O que deu errado na comunicação das medidas de ajuste para as contas e da gestão da CASSI?

    Não sei. 

    O que percebo é uma enorme desconfiança com as soluções apresentadas, calou muito a mensagem que estaremos, com o SIM, entregando a CASSI ao Banco do Brasil e a tudo que pode estar por trás do novo estatuto. 

   Nesta semana, mais uma vez a intensidade da comunicação esteve voltada para os aspectos financeiros da proposta de ajuste da CASSI, mas as soluções passam invariavelmente pela alteração do estatuto da CASSI e de novo regulamento do Plano de Associados, que não passa pela aprovação do Corpo Social ou como se coloca na proposta do novo estatuto, Assembleia de Associados.

  Também nesta semana eu tive a oportunidade de conversar com quatro colegas, dois da ativa e dois aposentados. Apesar da discussão forte e constante nos grupos que envolvem os aposentados aqui em Recife, penso até, que em todo o Brasil, os dois colegas não leram nada da proposta do novo estatuto.  Da conversa com os dois colegas da ativa, um comentou que o assunto sequer era tratado na unidade onde trabalha, uma unidade com mais de cem profissionais. Dias depois recebi o link de uma colega sobre a ação judicial  a ser promovida pela ANABB contra a Resolução 23 da CGPAR do Ministério do Planejamento. Aproveitando a oportunidade perguntei a ela como as pessoas estavam agindo com relação a questão da CASSI, ao me responder disse que no horário do almoço este éo assunto. Isto me animou. No curso da conversa eu perguntei sobre o VRD e sobre o VFS, "não sei o que isso", respondi que escreveria sobre isto.

      Anteontem eu contestei um argumento que algumas das verbas projetadas para o Banco do Brasil contribuir para a CASSI eram temporárias e coloquei nesta projetação, aproximadamente um terço do valor a ser pago pelo cairia à partir de 2022 e fui contestado pelo Satoru, que me apresentou a projeção de DRE da CASSI consolidada. Gostaria de ter acesso a base dos cálculos. Fica para depois.

    Voltando para a conversa com os quatros colegas, deu-me a impressão que parte do SIM, parte do NÃO está enxergando todo o contexto com base em suas experiências profissionais vividas na empresa, outros estão enxergando a situação com base na perspectiva de perder o plano de assistência e a CASSI deixar de ser aceita pelos médicos e hospitais. Mas a imensa maioria das intensões de NÃO ao projeto de ajuste da CASSI está imensamente desconfiada do que pode haver por trás da CGPAR/23 e da própria direção do Banco do Brasil e do Governo Federal atual.

    Alguns colegas aposentados até lembram do que ocorreu com  a PREVI plano 1, quando se abriu a possibilidade dos executivos do BB serem aposentados com valores bem acima da média de contribuição, os estatutários.

    Nesse pequeno universo de colegas que conversei durante a semana deu-me a percepção, com base na cultura organizacional, na qual vivi 33 anos e 8 meses, de que coisas mais complexas, que exigem um pensar mais aguçado e uma leitura mais efetiva, lenta, gradual e reflexiva, são tratadas sem a profundidade necessária. Nos da ativa sinto que ocorre pela comunicação desviante do Banco do Brasil e imagino que nos aposentados, há um refluxo emocional e o desejo de libertação das amarras que o banco nos coloca ao longo da vida lá dentro, aprofundar nestas questões da CASSI não parece ser interessante.

  Bem, eu estava seguindo a corrente normal, me baseava apenas pelos comentários do Whatsapp, até que percebi, certo modo de comunicação padronizada, termos que foram utilizados na reunião que presenciei na AABB Recife, termos e argumentos iguais aos colocados pelos palestrantes, sequência do assuntos, argumentos, etc. Aí eu parei, estão querendo me convencer. A velha magia da comunicação, para o bem e para o mal. Lembrando disso eu resolvi agir, fui pesquisar sobre a inflação médica e achei um pequeno desvio nas contas projetadas.  Dias se passaram, vi alguns vídeos contestando as mudança da CASSI e resolvi estudar, ESTUDAR a proposta do novo estatuto da CASSI, estava até pronto para escrever mais algumas coisas a respeito, em detalhes, quando ontem, mais uma vez recebi o link tratando das críticas e alertando para as Fake News sobre a CASSI. Por causa disso resolvi concluir o estudo do novo estatuto. Mais alguns dias eu o termino e então posso escrever as minhas impressões a respeito dele. Se puderem, deem uma lida. Só faz bem para formar a sua opinião.


Abraço,
      

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