sexta-feira, 10 de maio de 2019
A boa impressão do deserto
sexta-feira, 3 de maio de 2019
Uma interpretação difícil. Invenção de Orfeu
quinta-feira, 18 de abril de 2019
Montando no Cavalo da Saudade
Hoje com a morte de Aldemar Paiva (outrora famoso apresentador de Rádio, TV e escritor) fui buscar na internet coisas sobre ele, seus causos e fui me deparar com uma homenagem feita por Rolando Boldrin a Luiz Gonzaga e nessa homenagem Boldrin fala de um texto de Aldemar Paiva que nele pesquei um pequeno trecho que dizia assim: " e Luiz Gonzaga montado no cavalo da saudade foi visitar Exu da sua infância por um dia após pedir a Deus permissão."
Assim escrevi a minha viagem montando no cavalo da saudade.
MONTANDO NO CAVALO DA SAUDADE
No mês passado eu montei no Cavalo da Saudade, você já montou um algum dia?
Pois é, montei no Cavalo da Saudade, um alazão castanho e de pelo brilhante, manso e baixeiro que nem parecia cavalgar, parecia flutuar de tão baixeiro ao galopar.
Pois é, montei no cavalo e me vi carregando as minhas chuteiras nas pontas dos dedos, deixando a farmácia de papai com os empregados para não chegar atrasado nos treinos.
Subia a Rua da Lama cheio de esperança e expectativa, era sempre assim, quando chegava ao campo da ABA - Associação Bonconselhense de Atletismo, eita campo careca, poeirento, mas quem se importava, jogar futebol, jogar bola bola era o máximo, era arretado.
Sabe, lá pelas cinco e meia da tarde, descia a ladeira do Alto do Colégio das Freiras e ia novamente para a farmácia, tomar banho pingado. Chegava lá no fundo do prédio e ia para o banheiro rústico, com a porta cheia de frestas e que era um tormento para um adolescente emplumando e então lavava a cara, a cara mascarada pela poeira do campo da ABA e saia com sabão no cabelo pela pouca água que caia do chuveiro.
Pois bem, montei de novo no Cavalo da Saudade cheguei lá em casa e vi a mesa posta e todos nós sentados ao seu redor, meu pai na cabeceira, eu na outra, meus irmãos dos lados, junto a papai estava minha mãe e de repente havia um silêncio, um pequeno silêncio como se agradecesse a Deus, mas nada se dizia e então começávamos a nos alimentar.
De repente ouvi seu relinchar e saí para a calçada, estava lá a turma brincando, jogando bola no pátio da igreja, correndo pelas ruas ladeirosas brincando de se esconder e quando, e quando desciam as belas filhas de nosso vizinho toda a meninada, em um obsequioso respeito a gente parava se jogar, disfarçando a paquera e lançando olhares gulosos em direção das meninas.
Mas o Cavalo da Saudade, eita alazão formoso, e eu montei nele sem destino certo. Passei pelo Colégio Estadual Frei Caetano de Messina, o Colégio do Frei Dimas e senti novo aquele orgulho em vestir a camisa de tecido fino com escudo do colégio no bolso, mas ali foi uma parada rápida, é que com uma velocidade alada voei com o Cavalo da Saudade e a cidade sumiu, tão alto, tão alto fomos e de repente o tempo também voou, olhando para baixo fui vendo aparecer a Praça da Matriz, nela muita gente passeando, muitos jovens paquerando e então o Cavalo da Saudade foi devagarinho se aproximando e me deixando pertinho da primeira paixão, daquela ebulição de sentimentos, daquela energia de se construir um mundo.
Aí eu apelei, alisando as crinas lisas e sedosas, disse: - Cavalo da Saudade me leve para o presente.
Aí o Cavalo da Saudade olhou para mim, relinchou suavemente, e antes de me trazer de volta me levou à Praça João Pessoa, de longe fui divisando seis amigos conversando e quando me aproximei, um deles saiu ligeiramente para me receber e nem disse nada, baixou a minha cabeça e a do meu irmão e nos beijou e o Cavalo da Saudade, levantou as patas e saiu em disparada e naquela viagem ultrassônica cobrou de mim:
- Hoje eu fiz um favor, você me achou com Aldemar Paiva, essa viagem foi curta, espero que me chame para outro passeio antes que alguém morra.
Aí na volta eu fui cantarolando Arreio de Prata de Alceu Valença;
"Meu cavalo dos arreios prateados
E a namorada, muito amada, agarrada na garupa
Me protegendo dos malefícios da vida
E agarrada, muita amada, na garupa do cavalo ..."
A viagem foi tão rápida que não dei conta e de repente montado no Cavalo da Saudade estava teclando estas palavras e amando a vida.
Abs, Marconi.
04.11.2014.
Obs:
Deduzo esta como uma daquelas pérolas misturadas entre a enormidade de papéis que rabisquei como ofício de escrever.
19.04.2019
quinta-feira, 11 de abril de 2019
Campeãos
Em 1991 foi organizado um tornei de Futsal comunitário na AABB em Caraúbas.
Esta época era o tempo da caça aos marajás no governo Collor. Por isto e por outras coisas históricas a comunidade nos via com pouca simpatia.
Organizado o torneio entramos com o nosso time, faz tanto tempo, que penso que não tínhamos reserva.
O goleiro foi emprestado da cidade. O time era assim: Militão, o pivô, os dois alas; Luiz Augusto (craque no salão), Josafá e eu de parado.
Não lembro se a rádio da cidade divulgou o evento.
Por aqui, acolá, fomos chegando e chegamos à final.
Dia da final, ao redor da quadra, sem arquibancada, estava cheio, toda a cidade torcendo pelo time que iria jogar conosco.
Os torcedores a favor, bem poucos, apenas as nossas esposas, ainda assim, super discretas. Assim mesmo.
Começou o jogo; em certo momento levamos um gol. A torcida vibrou.
Não nos afobamos, continuamos jogando. Ocorreu que o pivô deles, alto, hábil, tinhoso, jogava se escorando no parado, tomou um tombo.
Não sei se antes do nosso empate, mas certeza, antes do segundo gol.
O cara era da minha altura, jogava às costas no meu peito. Era o craque, veterano, do nosso adversário. Jogador poderoso.
Lá veio a bola de lateral, o filho da mãe se escorou em mim e eu me apavorei. Comecei a desenhar o novo gol, acho que uma intuição anulou aquele pivô. Dei um passo para trás e ele desabou sentado na quadra. O inacreditável ocorreu, sumiu do jogo.
Militão empatou.
O jogo era mordido, um lá e cá medonho, já no finalzinho, Militão, 1.80 m, passou por meio time e fez o segundo gol. Se eu fosse descrever estava vendo um virtuose.
Ganhamos, campeões, fui cumprimentar Porquinho, meu colega do Sport Club Caraúbas e ele estava em uma tristeza só.
O tempo é ingrato, trabalhamos a semana inteira, parecia não haver foco, mas estávamos concentrado. Ao tomarmos o gol, não houve discussão, mas um revigorar das nossas vontades.
Luiz Augusto que conhecia salão como ninguém nos organizou. Naquele time havia zero de vaidade, Cem de união.
Só isso.
Não, mais isso.
Não havia nem medalha.
Era um querer, Vencer.
Marconi.
sábado, 6 de abril de 2019
Estou obsoleto
Foi assim que me senti há cerca de três meses quando pensava a respeito da tecnologia da informação: estou obsoleto.
Nesta época eu completava três anos e meio de aposentadoria. Foi uma contastação ruim, pois durante grande parte da vida profissional eu era capaz de discorrer com propriedade sobre vários temas.
Eu estava, sem perceber, entrando em uma síndrome que acomete os aposentados, a perda de sua relevância relativa no seu entorno e a pior de todas, a sua auto referência nesta sociedade que acelera constantemente.
Leitura, faço, leio sobre economia, sobre política, sobre eventos literários, vejo documentários, entrevistas e por aí vai. Para que tudo isso? Para saber do momento e formatar uma percepção.
Mesmo assim é uma tarefa difícil pelo aspecto de ter objetivos. Antes a força e a pressão do trabalho me levava a estudar as concepções da Ciência Administrativa e da Liderança mais aqueles outros temas, mas hoje esta pressão não existe.
Aí eu comecei a buscar alternativas, quis ser professor, mais o mestrado é pouco, precisa-se dominar mais de uma disciplina e ter o network. Atender a primeira exigência foi um esforço que durou pouco e a segunda inexistia. Parei.
Fiz vários cursos e tentei uma nova profissão, ser corretor de imóveis, depois de sete meses parei. Não me identifiquei com ela.
Durante vinte anos eu tinha "o desejo" de escrever um romance de ficção, intenção que iniciei com um rascunho chamado Decisão de Matar, iniciado em 1999 e interrompido dois anos depois sem conclusão.
Em março de 2016 eu escrevi um pequeno texto e o acomodei sobre uma estante, mais alguns dias depois aquelas palavras começaram a me cobrar continuidade. Depois de seis meses de um desejo de me ocupar virou um projeto e como projeto tinha tantos furos quanto uma peneira.
Imagine a dificuldade de fazê-lo andar.
O quero dizer com toda essa peroração, que as pessoas se preparem para se aposentar desde cedo. Primeiro a grana, junto prepare projetos para uma vida que lhe dê sentido nos últimos anos de vida.
Sabe, a ansiedade acaba com a grana e com a saúde.
Além do mais, junto a estes projetos coloque foco na atividade física, regular, faça que nunca mais você abandonara. A saúde vai responder com alegria.
A história do livro ainda continua, agora como um projeto regular, para publicar até dezembro.
Estou naquela fase de enxugar o texto, buscando me inspirar em Graciliano Ramos, "Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício."
Abraço a todas, abraço a todos.
Marconi Urquiza
Agora posso me intitular, escritor.
quinta-feira, 3 de janeiro de 2019
2019 - Para você escrever um livro
Amigos leitores dei uma olhada ontem para ver quando iniciei este blog. A primeira crônica foi publicada em 23.12.2016. Ao longo destes dois anos eu publiquei 79 crônicas e deixei em rascunho outras 69.
É difícil fazer isso, pois exige muito de um escritor amador, melhor é contar uma história. Foi o que fiz, não sabia fazer tal preparação, mas queria contar uma história, então imaginei a história e me pus a escrever. Pelo que sinto, não é o caminho mais fácil, mas saiu.
Incluirei alguns livros para serem lidos na ordem da sua apresentação. Pois obedecem a uma lógica que seja: primeiro conhecer a língua e a linguagem, depois a forma como um escritor deve se preparar para o ofício e a depuração, o refinamento da técnica para um trabalho profissional:
Este livro oferece um estudo dirigido ao leitor para o conhecer e seu aprimoramento como escritor à partir da base gramatical orientada ao ofício de escritor. O livro, por si, é quase uma pós-graduação.
Este dois livros de complementam. O primeiro é voltado para a formação do escritor, o segundo também é, mas voltado à construção do texto literário e de seus componentes. Os segredos da ficção é um livro que foi concebido à partir da oficina de escrita criativa do autor.
Neste livro Mário Vargas Llosa trás toda a sua experiência como escritor renomado, propiciando ensinamentos que possibilitam um escritor em construção entender a técnica do romance moderno.
Este livro é um refinamento para o trabalho do escritor, embora seu exemplos sejam todos do cinema. Nele encontramos ensinamentos que vão além da boa técnica literário e da linguagem. Há neste livro lições de como o escritor deve construir um livro que atraía o leitor deste a primeira página. O conhecimento de suas técnicas facilita a escrita de uma boa e atraente história.

Tanto este livro, quanto os demais da coleção são livros básicos, mas muito instrutivos. Se eu puder recomendar, toda a coleção pode ser utilizada como uma obra de referência para verificar se o rumo de um livro de ficção estar correto.
ROMANCES ESPECIAIS:
Alguns romances que reputo como magistrais, que nos ajudam a escrever um livro de ficção. Mais que uma leitura, se deve estuda-los.

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