sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Qualidade saiu de moda






Há muitos anos, muitos mesmo, estava iniciando a vida como comissionado,  um cargo na profissão de bancário. Uma pequena evolução em um mar de cargos que se estreitava ao longo dos anos e da cadeia de comando como o bico de uma pipeta.

Ao ser nomeado, com entusiasmo e carências profissionais estive na famosa e saudosa Livro 7, primorosa livraria que existiu em Recife.

Estava à caça de algo que me ajudasse a entender o novo passo que me levou a ser, anos depois, gerente geral. 

Nesta época estava a onda da Qualidade Total no Brasil e sai no rumo dos livros de Administração, procurava algo, mas não sabia o que era e por isso não achava, e não acharia se não fosse a técnica de expor os livros. 

Depois de um bom tempo, um mundão de minutos passei o rabo do olho para um expositor e vi um livro de capa preta, letras do douradas e o mágico título: Qualidade em Serviço.

Sem pestanejar,  sem folhear,  saí da Livro 7 com o livro. No dia seguinte eu viajaria, pela primeira vez de avião, com destino a Tabatinga, na beirada do Brasil, arranhando a Colombia.

Em algum momento da leitura esbarrei com o conceito do autor que o principal fator da qualidade em serviços são as pessoas.

Isto foi tão impactante para mim que nos 20 anos seguintes eu tive essa ideia como um mantra.

Hoje com tanta automação, inteligência artificial, robôs de execução,  robôs de ações delicadas, me vejo a reconsiderar o meu mantra. Os sistemas são de enorme valia na qualidade do serviço. 

Mas ainda há Serviços do tipo Raiz. Oficinas mecânicas,  dentistas, medicos, limpeza, higienização,  pintura,  consertos do lar, entre tantos outros. Estes são alguns exemplos que o humano faz diferença,  mesmo que tenha máquinas à disposição. 

Aí calhou de ir administrar uma empresa de serviço,  serviço raiz,  apesar dos equipamentos e dos produtos de alta performance.

Por hora não chegou nenhuma máquina que entre na casa do cliente,  que farege a urina, que identifique a mancha e tenha o escutador de forró capaz de sanar o mal humor e as idiossincrasias das pessoas.

A qualidade tão em moda no passado,  saiu da mente das pessoas, tal como a ética, sob qualquer ótica. E tal ocorrência não foi por que as atitudes de qualidade foram incorporadas nas atitudes das pessoas, foi por que, agir assim exige um esforço absoluto e diário, tal como a frase: o preço da liberdade é a eterna vigilância.  

Vale o mesmo para a qualidade, é a todo instante,  até antes mesmo da execução de qualquer serviço, por mais simples que seja.

Por hora é só. 

No desafio de entender e mudar meu pequeno mundo.

Abração,  Marconi 


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Voluntarismo e o campo esburacado do amadorismo

        




        A maior qualidade de um empreendedor é a iniciativa para criar oportunidades. É o voluntarismo que faz ela ou ele se mover.

        Alguns poucos crescem e se transformam em gigantes, uma pequena parte têm empresas sustentáveis e a maioria é nanoempresário, com o risco diário e quase certo de quebrar.

        O voluntarismo é uma fator que faz a pessoa ir em busca, de realizar a vontade de ser dono de um negócio. Mas essa qualidade é também um defeito quando a realidade exige mover-se com planejamento e se transforma em um grave defeito, por que muito não sabem como parar para pensar o futuro.

        Esse defeito acarreta muitos outros e é o que leva à mortandade absurda das nanoempresas.

        Por que digo tudo isso?

        Por que a qualidade de ser voluntarista começou a ser para mim um defeito, pois o momento da nanoempresa exige outros pensares e mais que isto,  ação para organizar os processos da empresa. 

        Não de repente,  mais de repente, os equipamentos começaram a quebrar e foi uma cascata de quebradeira.  Coisa simples,  um cronograma de manutenção preventiva não tinha.

        Isto e outros pontos de gestão,  ou não tinham ou eram ou são deficientes.

        Aí fui descobrir na marra que meu voluntarismo ajudou a ampliar as vendas,  mas para crescer ainda mais, ser uma empresa de vendas recorrentes, tudo que tenho feito nada vale,  por que ainda estou no campo esburacado do amadorismo. 

        E quando me defrontei com duas consultorias do Sebrae comecei a compreender a terrível estatística da quebradeira das microempresas. A maioria são como os puxadinhos de muitas casas.  Cômodos vão sendo acrescentados e vem uma chuva forte e ela vai para o chão.  Não tem alicerce,  não tem amarração, não tem reboco,  a água se infiltra facilmente. 

        Foi assim que me senti ao ter os diagnósticos do Sebrae, a que estou em uma casa frágil, prestes a desabar.

        Ainda bem,  feliz de gente, como nós, que tiveram estes alertas chegando a tempo para não se transformar em um escombro.

        Por hora, é só. 

        Na labuta para superar as dificuldades.

        
        Abração, Marconi Urquiza

        


sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Bom dia! Um cafezinho?

    


    Se eu tivesse de ser um escritor profissional estava falido, dois dos quatro romances que escrevi levei mais de 15 anos para dar uma cara de livro pronto,  mesmo assim,  nenhuma obra de alta literatura,  muito distante de tal conceito e avaliação.

    Há muitos anos lembro com clareza quando ouvia a coluna do escritor Raimundo Carrero na Rádio CBN de Recife, quando ele explicava que se poderia criar um personagem apenas falando o que ele vestia, ou seu biotipo, algo mais simples que um perfil psicológico. Esse comentário me deu um impulso tremendo, pois vivia preso na construção de uma "alma" esplendorosa. Mas hoje sei que aquela foi uma simplificação didática no curto tempo que ele dispunha para falar de literatura.

    Aí com a maior dificuldade, falta de competência para fazer o mínimo para ter um bom personagem, eu resolvi contar "apenas" uma história.  Assim fiz e tentei fazer.

    A história feita é A Puta Rainha,  escrita 8 anos depois. A que tentei e ainda tento, é O Último Café do Coronel.

    Na maior dureza, vi que em uma história baseada em fatos reais há tantos personagens com a sua psicologia que o risco é ficar na superfície ou estereotipar.

    Comigo aconteceu as duas situações, todas as leituras prévias dos amigos apontavam tais carências, entre outras.

    Resolver tais problemas têm sido difícil,  pois ao contrário de uma ficção ou de uma história baseada em fatos reais, onde não há envolvimento emocional, resolver a psicologia dos personagens é menos difícil. 

    Mas este livro tem por base os últimos meses de vida de papai e uma ambição de explicar a formação histórica do viés político de uma comunidade. Não é um tratado de história ou de sociologia, mas uma narrativa ficcional utilizando fatos reais para criar um enredo. Me vi enredado ao longo dos anos, nas inúmeras tentativas de escrever, em emoções que me fizeram ficar emparedado e paralisado.

   A sua redação foi iniciada em 2007, mas a realidade se impôs e venho desde 2021, quando retomei a escrevê-lo, "moendo devagar", quem sabe em alguns meses ele esteja pronto e com um mínimo de qualidade, com  uma história que prenda o leitor até o final.

    Por hora é só. 

    Abração,  Marconi




sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Hoje estou com vontade de chorar



    
    
        Nesta semana eu li a postagem de um amigo. Catei o telefone e ensaiei gravar uma mensagem que pudesse ser um estímulo a ele.

        Ensaiei, imaginei,  escolhi palavras e aí parei. Sempre fui péssimo, ruim demais em ser convincente ao tentar melhorar o astral de alguém. Essa deficiência me fez desenvolver uma espécie de audição ativa e empática.  Até nisso às vezes falho.

        Naquela ideia inicial do aúdio, a primeira coisa que iria dizer era: Chore, amigo.  Chore alivie a sua alma, mas parei, cai no dilema: E se o choro, em vez de ajudar, aprofundasse um estado de melancolia. 

        Tal dúvida me inibiu e fiquei paralisado, como seria fácil criar uma carta dessas em um romance, em um conto, mas no real!

         Por isso, Amigo, saiu essa cartinha meio escondida. 

        Sabe, lamento, penso que senti a sua dor, a sua tristeza, o seu desconsolo. Se eu disser que a vida é assim mesmo, de altos e baixos, vou cair na mesmice. Se eu disser que você deve se fixar no lado bom, nas miudezas que alegram, mesmo no meio da dor, da dúvida, ou da perda, vai soar infantil. Se eu disser que há recordações prazerosas, felizes, que dão um gás em uma realidade dolorosa, posso cair naquele esparrela que o passado ficou e quem busca lá seus urguentos, ao voltar ao cotidiano, afunda ainda mais. Até acho que é verdade, mas creio piamente que aquela energia pode nos ajudar.

        Outro dia vi uma pessoa orando, orava tão firmemente que eu parei por alguns segundos para observa-la na minha curiosidade de mal rezador. A pessoa parecia serena, sei lá, acho que havia encontrado nas suas orações aquele Deus compassivo. Tem hora que não adianta rezar para pedir, mas adianta rezar para compreender, para aceitar as coisas como elas são, para achar aquela paz que serena a alma.

        Lamento estar distante, mas uma coisa eu iria fazer, se estivesse perto de você, daria um abraço, se me permitisse. Apertaria a tua mão com força e calor, sentaria ao seu lado e tentaria escutar o seu coração, só escutar, sem interrromper. Converse, sabe, converse. Dá pitaco é uma merda, mas vou dar. É uma pequena história.

        Ainda, enquanto funcionário do Banco do Brasil, eu atendi uma cliente, ela sentou à minha frente e nada pediu, já foi contanto a história do seu filho, que após fazer comentários contra uma gang de traficantes foi atingido na cabeça, conseguiu se salvar, mas seu comportamento mudou de doce para agressivo. 

        Naquela tarde eu só olhava para ela calado, dentro de minha mente rodavam centenas de palavras, mas nenhuma formava uma frase que a consolasse. Naquele dia ela precisava ser apenas ouvida. Foi a mim que ela confiou a sua dor.

        Sabe, amigo, isto pode ser uma coisa boa, ache esse amigo, essa amiga, que apenas lhe escute na sua dor. Com quem você possa compartilhar seus sentimentos. Não sei se você tem essa pessoa, se não tiver, pode falar comigo, garanto que não vou fazer cara de paisagem.
        
        Bem, amigo, falta-me palavras, mas estou cheio de sentimentos. Pode ligar, pode ligar, na hora que quiser. Um beijo no coração.

       Assim seria a minha carta,  torcendo que sirva para amenizar a sua dor.

        Por hora é o que tenho.

        Abraço, Marconi

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

DISTOPIA SENSACIONALISTA

 

Fonte: https://gizmodo.uol.com.br/estamos-vivendo-uma-distopia-tecnologica/

            Já pensou, você abre o Zap e aparece a imagem de Pinoquio e a chamada: A Lei de regulação da mentira foi sancionada.

        Já pensou como seria o regogizo na política. A mentira regulamentada, as eleições sabiamente conduzidas pelos postulantes. A população se tornaria sábia com a contribuição dessa regulamentação.

        Seria uma distopia fenomenal, verdade. A verdade como vocábulo cairia para a caverna das linguas mortas e sumiria dos dicionários e das mentes de todos nós. Aí, ao clicar no zap predileto você leria, na abertura da imagem: A mentira regulamentada pelo Lei XXXX/2100, e você acreditaria se quisesse. Não seria iludido.

        Como não haveria nenhum contraponto da mentira contra a palavra morta, o mundo olharia para tudo com a confiança plena que seria tudo assim, fluído, pacificado pela mentira, não haveria briga. Para que brigar se a mentira estará regulamentada.

        De boca cheia as pesquisas eleitoriais ocorreriam assim: Pesquisa Eleitoral depositada no Ministério da Mentira, regulamentada pela Lei XXXX/2100. Pense na paz, que paz seria. Tudo ficaria mais produtivo, a energia só seria gasta com coisa boa, benéfica e produtiva. 

        Quando  alguém dissesse: isto é um mentira; todos caíriam em risada, alguém faria um meme, os haters endoidariam: Que isso, Mentira?  Não existe!!!! E quase resgataram da sua defuntisse a palavra sumida no dicionário das línguas mortas.

       É preciso regulamentar a mentira. Uma mentira: perdão objetivo; duas mentiras: perdão parcial, a pessoa teria que contar mais quatro mentiras em 1 minuto. Três mentiras: Sem perdão, ficaria suspenso da internet 1 ano.

       Assim, a regulamentação teria que ser uma armadilha para que a palavra sumida no dicionário das línguas mortas fique para sempre presa.

        Portanto, indique para seu parlamentar federal que faça a lei que regulamente a mentira, tudo isso em nome da paz. 

        Assim, haveria dois benefícios imediatos: 

        O primeiro. Não haveria nenhum estresse e nem ansiedade para se saber se a mentira é apenas mentira ou se ela uma mentira distópica, cabeluda, prejudicial. 

        O outro: a tranquilidade, pois todos estariam mentindo. Para que briga, discussões, agressões, xingamentos? Todos, ao contrário de hoje, estarão do lado certo, correto. Ao lado mentira.

        Aí, um dia, Cem anos depois, um pregador entra na internet desse tempo, comandada pela Inteligência Artificial e começa a pesquisar o desconforto que vem ocorrendo há vários anos. 

        As pessoas insatisfeitas, as máquinas insatisfeitas, comida demais para alguns, comida pouca para um montão. Ele se sente angustiado, seus fieis aumentando exponencialmente, mas já não têm a cara de felicidade, os céus tão prometidos já não alimentam as almas, os seus céus tão almejados para os tempos vindouros também. A palavra sagrada, repetidas como bastião do universo, está virando descrença. 

        Aí ele abre um livro em busca de socorro, precisa mudar o rumo daquela insatisfação. Aí vai passando as páginas, ele sabe de tudo aquilo, ele tem aquele livro decorado, é capaz de dizer tudo sem nem abri-lo. Para que abriu, se sua mente funciona como um computador quântico?

        Nisso ele se depara com uma palavra. Corre na base universal dos livros sagrados, tudo virtual, a palavra estava lá, quem a resgatou do dicionários das linguas mortas? É preciso achar esse culpado e unir o rebanho de novo, trazer o rebanho rumo a si mesmo e ao controle da felicidade. Deu um comando e a apagou. A enterrou mais uma vez.

        Amigo e confidente da maior autoridade do pais, sentiu que deveria atualizar a Lei da Mentira, disse uma mentira e correu para dizer a sua angústia, mas como dizer.

        Aí a distopia mais uma vez surgiu, alguém achou um livro antigo, ainda de papel, estava dentro de uma casa, em um buraco, envolto em um plástico, preservado. "Quem morou aqui?" E foi atrás de responder a essa pergunta, cada vez que buscava, mais portas achava para abrir, cada vez que lia um nome, outros tantos apareciam e um emaranhado foi se formando, já não tinha rumo quando comentou a sua angústia para um Homem Santo. "O que você procura, filho? O nome de quem era esse livro. Por que procura? Por causa disso, leia aqui, não tem no livro novo."

        O Homem Santo espichou o olhar, sem se dar conta que estava conectado à sua imensa rede da Internet, sob o comando da Inteligência Artificial para propogar tudo que dizia. Baixou a cabeça e leu, seus óculos dotados de câmera também leram.

        "O que te angústia?" Ele perguntou com a voz doce, alisando o papel fino, suave. "Leia aqui", o fiel angustiado apontou e o Homem Santo leu, sem se dar conta que havia acionado seu imenso púlpito. "Você está preocupado com isso, com isso aqui, é? Ligue não."

        Aí o fiel disse: "Não, não é essa, é aquela", e aponta a frase, prontamente lida pelo Homem Santo: "Dizei a verdade e a verdade vos libertará", então repetiu em tom de pregação: "Dizei a verdade e a verdade vos libertará", e aí como se tivesse pregando, disse: "Fiel, a verdade vos libertará". Então deu um toque e se desligou da rede, mas a inteligência artificial atuou.

        Aquilo ficou propagando 24 horas sem nenhum bloqueio, Homem Santo teve um desmaio e foi parar em um hospital, oito dias depois, ainda debilitado foi pregar e o que ele ouviu da multidão, ao entrar no púlpito: "Fiel, a verdade vos libertará", ali mesmo ele tocou no intercomunicar e disse: "Senador Jesu, mude urgente o nome da Lei da Mentira, para a Lei da Verdade. É só o que fiéis estão dizendo".

        “Mentira tem pernas curtas” 

        E anda por linhas tortas

        Seu dicionário usado

        Representa línguas mortas

        Não tem a perenidade

        E sabe que verdade

        A sua grande comporta.

                                Ademar Rafael.


                E a distopia se completou.


        Até a próxima, Marconi Urquiza

                

        

        

        

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

ESTADO ÚTIL

        


        Na última terça-feira encontrei-me com o professor Charles. Nós de vez em quanto nos encontramos na biblioteca da AABB. É sempre um bom papo. Perguntou-me sobre a empresa que ajudo a administrar, como ela está e em certo momento se falou sobre o papel do Estado.

        Quando ele concluiu seu raciocínio eu entrei com uma opinião bem pessoal, algo que veio naquele momento supetão, nunca havia pensado antes nestes termos. Acho que se somou a uma série de reflexões que venho, aleotariamente, fazendo nos últimos meses.

        Veja, vou fazer uma introdução simples. Por Estado entendo aquela entidade em que se somam a União, Estados, Distrito Federal e os municípios. E tudo, tudinho que está sob a gestão do poder público. 

        Há muita coisa nesta relação: Justiça, Saúde, Educação, Segurança Pública e Nacional, Política, Congresso Nacional, etc. É tudo isso e muito mais.

        Voltando para a conversa. Ela suscitou a lembrança de um clichê da Economia e também da Política: Estado Mínimo. Quando o Estado sai de quase tudo. 

        Em outros termos, é o Estado em que o "mercado" toma conta e ele ficando para agir com o "essencial" das suas funções. Mas o que é essencial para uma população? O que é essencial para tempos de crise? O que é essencial em um país, enfim?

       Na conversa com o professor entrou o assunto dos setores estratégicos que devem ficar sob a gestão do país: Energia, Água, por exemplo. Quais mais?

        Em um país como o Brasil, heterogêneo ao extremo, as necessidades dos grupamentos sociais são muitos diferentes. Como o Estado, essa entidade de Poder, de organização temporal, espacial, de regulação atua?

        Como o Estado atua? Como o Brasil atua? 

        Em linhas gerais, mesmo que não esteja afinado com os termos da Economia, pense: 

        - Qual é a lógica do "mercado"?

        - Qual dever a lógica do Estado e de suas entidades?

        - Qual deve a ação concreta do Poder Público em todos os seus pontos de atuação?

        Quando estava, eu mesmo, tentando responder a estes questionamentos veio à lembrança de uma frase lida no início dos anos 1980, que para mim foi tão significativa que nunca esqueci da sua essência. 

        A li no livro A Primavera de Praga, de Pavel Tigrid. Em certo trecho ele escreveu, vou parafrasear, pois não lembro exatamente da frase. Mas vale a pena ler a sua essência: 

        A democracia é quando o Estado buscar equilibrar a força do mais forte em apoio ao mais fraco. 

        Então como deve ser o Estado, o Estado Brasileiro?

        Como deve ser?

        Naquela conversa com o professor saiu essa ideia: O Estado tem que ser útil. Útil para quem precisa, para quem não tem força e nem recurso. Também para agir onde e quando a necessidade existir, onde e quando a necessidade exigir. Útil para atuar na emergência, útil para transformar a realidade de carências que crassam Brasil afora.

       Enfim, o Estado tem que ser útil, verdadeiramente útil para a população e não apenas para alguns dessa população.

        Tudo que ouvi falar sobre o modelo de Estado havia lido e ouvido em aulas,  esta foi a minha ideia e não tem nenhuma teoria por trás,  apenas um sentimento. 

        Por hora, é só. 

        Abraço,  Marconi Urquiza. 


        Obs: Aberto à crítica. 

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        Abraço, Marconi Urquiza

        Marconi Urquiza

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

O Game do Inexplicável

 


        Vivemos em um país com tantas carência sociais que parece um mundo inteiro que não cabe nas palavras dos candidatos.

        Comecei a ouvir, aqui e ali, as pequenas entrevistas que surgem, filtradas nas reportagens da televisão. Frases e mais frases vazias, ditas por necessidade de dizer, desatreladas do querer fazer ou das dificuldades que tais intenções esbarrarão no futuro.

        O que mais toca meu coração é a falta de convicção.

        Por outro lado, não de hoje, mas, como todos sabemos, que o que há propagações de vídeos e palavras multiplicadas milhões de vezes pelas redes sociais, pelo Whatsapp e outros meios de comunicação digital. Onde quase tudo virou um game. 

        Não passa de um jogo onde tudo vale para ganhar, onde a palavra tudo vale, menos para fazer o bem a enorme população carente que anda a passar fome. Mas há um algo que é dado com abundância, todo santo dia: o ódio. 

        Muito tempo atrás, uma inquietação rondou meu espírito. Uma inquietação que levou anos, mais de 40 anos em busca de uma explicação, para a qual apenas constatei bem recente, que aquilo tudo veio de um processo histórico, de uma cultura eivada por uma valorização da violência, mas, ainda assim, o que achei é incompleto.

        Estava imaginando, nesta semana, que escreveria a crônica como se um conto fosse. Fiz o primeiro rascunho e foi um menino de 9 anos, sentado no meio de dezenas de adultos, comendo na varanda de Arnaldo os pedaços de queijo que eram para os homens envolvidos em uma conversa tensa, após o resultado da eleição de 1968. E ele percebeu algo inexplicável e desconhecido.

        A cidade, mais do que estava rachada, mais do que nunca, naquele ano, esteve perto de uma guerra fraticidade entre os partidários dos dois maiores grupos políticos daquele tempo. 

       Dali se evoluiu para aqueles homens poderosos, daquela pequena cidade, como uma solução para pacificar: a eleição de candidato único. A história mostra que o efeito foi ao contrário da ilustre tentativa de pacificação.

        Vamos voltar para o menino de 9 anos que cresceu ouvindo muitos adultos falando em política, na parte da política que é para ganhar, na parte dela que é pura apelação. Ele não entendia por que tudo naquela cidade, que envolvesse qualquer coisa que arranhasse eleição lhe parecia haver raiva. Uma raiva introjedada, que em tempos de "paz", ou seja, entre as eleições, ficava escometeada, escondida sob capas de um frágil verniz. Era ódio puro, como fogo de munturo, só esperando uma pequena brasa para queimar tudo.

        Agora volto para 2022, 2010, 2006, passando por 2014 e 2018. O que se tem em todos estes anos ? Eleições. O que há em todos eles? Manipulação.  

      O que ocorreu antes e ocorre em 2022? Ocorre. Indução ao Ódio. 

        Foi este sentimento que aquele menino de 9 anos não compreendia, mas percebia e que não sabia como identificar aquela energia visceral que corria nos comícios de sua cidade. Tal percepção ele levou para a vida.

        Depois este sentimento ficou muito claro para o menino que foi se transformando em adulto. O que nunca ficou claro, foi por que se odiava tanto naquela cidade, se quem era odiado não tinha feito mal aos odiadores.

        E hoje? Acho que ainda estou preso nas impressões daquele menino de 9 anos, na busca por uma resposta, ansiando por uma explicação. 

        Esta realidade foi para mim o game do inexplicável.

         E você, alguma vez você foi estimulado a odiar e odiou, mesmo sem ter um motivo?

        Bem, por hoje é o que tenho. Ótima semana.

        Abracço, Marconi Urquiza


        

        

O poder revela ou transforma uma pessoa?

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