quinta-feira, 7 de setembro de 2023
O Rato
sábado, 26 de agosto de 2023
Guerreiros do Sol e minha ignorância
quinta-feira, 24 de agosto de 2023
O jogador reclamão
quarta-feira, 16 de agosto de 2023
O Luto, O vazio
sábado, 5 de agosto de 2023
"Deus proteja de mim" *
sexta-feira, 4 de agosto de 2023
Enigma de uma vida
Sabe um desejo de uma explicação, até mais que isso, da descoberta de um enigma que está aí na vida, na minha. Certa vez, adolescente, caminhando para ser um adulto jovem comecei a prestar atenção na intrigas que pareciam ser fruto das posições políticas locais antagônicas. Via apenas por este ponto de vista.
Nesta época observava os arranca-rabos da política da minha cidade natal, o que também ocorria em muitas cidades circunvizinhas. Havia um padrão. Após muito refletir e observar, acreditei que fosse ódio. Um ódio enraizado, uma raiva entranhada.
Desde esse tempo procurava entender esta situação, só não sabia por onde procurar, de onde provinha esta raiz.
O comportamento flutuava, para mais raiva a menos raiva fora das eleições. Fora das eleições, naqueles anos de minha estranheza, muitos contendores até pareciam amigos, quando a rinha da eleição era colocada no meio da praça, a raiva voltava com toda a sua insanidade.
Passei anos refletindo sobre muitos acontecimentos, muitos diálogos e casos que chegaram até a mim, das leituras que fiz, especialmente do fenômeno do coronelismo nordestino e até dos barões do café no Sudeste.
Até que esta inquietude foi aos poucos se transformando na busca incessante por uma resposta, mas ela não vinha completa, eram fragmentos de compreensão que aportavam na minha mente, mas não explicava a razão fundamental daquela raiva entranhada.
Para mim uma liderança forte, com sabedoria, pode provocar mudanças comportamentais em muitos homens, mas hoje vejo que é uma parte da realidade, até esse líder (o coronel José Abílio d`Ávila Albuquerque) foi influenciado por uma cultura em que a mediação de conflitos que não passava apenas por uma vingança ou em impingir no desafeto a força da sangria.
Como resposta para mim mesmo, escrevi em livro de ficção, nele contei a minha percepção a partir do estudo da biografia do coronel José Abílio e também me baseando em conflitos reais. Tem muito daquela história não escrita, colhida como nos ancestrais que não sabiam escrever, tudo oral.
A partir de um narrador, esta realidade foi sendo mostrada nas páginas do livro. Misturando realidade e ficção, fazendo amálgama que aos poucos foi me dando convicção que havia encontrado o conforto para minha inquietude. Tanto que parei de pensar a respeito.
Feito isso relaxei, a minha versão de uma parte da história de Bom Conselho estava explicada, ponto final.
Mas o que pensei que estava encerrado em mim, não foi bem assim!
Há anos que queria ler um livro e ele estava esgotado, quando pesquisei na internet, seu preço estava exorbitante, abandonei a busca e fiz uma em alguma biblioteca, mas não achei o livro. Meses atrás ele foi relançado, por circunstância adversas não pude ir ao lançamento, acabei esquecendo. Nesta semana ao passar próximo ao Museu do Estado em Recife, lembrei que a Editora CEPE tem nele uma livraria, e ela havia lançado um nova edição daquele livro desejado, então fui até lá e comprei o livro.
Horas depois comecei a ler, cheio de ansiedade quis pular a introdução para ir para as partes iniciais que estão relacionadas no sumário. Mas resisti e fui ler o prólogo do autor. Longo, por vezes me cansei, mas muito rico de informações.
Ao continuar lendo Guerreiros do Sol - o banditismo no Nordeste do Brasil, de Frederico Pernambucano de Mello, fui me aproximando de uma perspectiva para aquele ódio entranhando que eu sentia em Bom Conselho da minha infância e juventude. Não procurava nenhuma resposta, pois para mim isto estava respondido nas páginas do romance O Último Café do Coronel.
Então pela curiosidade de conhecer o cangaço continuei a leitura, estava perto de terminar este início do livro quando li sobre uma parte sociológica, histórica e da formação da cultura dos homens do sertão.
De uma população que entrou para o sertão no início da colonização e descobriu que não podia voltar para o litoral por falta de recursos, que 100 anos depois deste início era uma população isolada, mantendo os costumes e valores medievais. Além disso, criando uma cultura própria para superar a escassez de recursos (água e alimentos, principalmente), que caracteriza aquele região, de resistir a uma economia destroçada a cada seca.
Valores que induziam a resolver divergências com a violência. A macheza, o destemor, a valentia e principalmente a resolução de conflitos de forma peculiar, fora dos parâmetros legais. A Justiça lá, como conhecemos, não tinha seu espaço no sertão mais antigo, nele os ritos eram feitos pelos costumes apenas, desconectados do ambiente do leste, da área costeira.
Foi então que compreendi que aquela raiva entranhada em Bom Conselho e que se mostrava por inteira nas eleições era resquício do padrão de conduta da cultura do sertão ancestral e que para mim é ainda forte em alguns bolsões do sertão dos dias atuais.
Não sei o que mais encontrarei no restante do livro, mas conhecer um pouco da história pode nos permitir compreender nuances que ficam em nossas mentes como nozinhos a serem desatados. Acho que destei um desses.
Abraço, Marconi Urquiza
PS:
A linda capa da 1ª edição.
Link da CEPE Editora a 6ª edição atualizado do livro para quem pretender ler - Maiores de 60 anos tem desconto.
sexta-feira, 28 de julho de 2023
É mais que futebol, que jogar bem
Hoje acordei pela madrugada e de repente me lembrei de uma observação feita por um companheiro de pelada em 1995: "Como você é bom zagueiro!" Ela me deixou feliz no momento em que ouvi. Fazia muitos anos que não jogava de zagueiro nas peladas, minha paixão era jogar de lateral esquerdo, posição em que me sentia livre para atacar e tentar fazer uns golzinhos.
Na década de 1980, de 1982 a 1985 eu jogava na AABB de Afogados da Ingazeira e eu em muitos momentos, por ter um preparo físico e uma capacidade de marcação excelente eu fui muitas vezes o primeiro jogador a ser chamado para uma das equipes que disputaria a pelada noturna. Isto de certo modo me deixou orgulhoso ao me recordar destes fatos, muitos anos depois. Um zagueiro como "craque" de um time. Menos, né, muito menos.
Aí o tempo passou, já com mais de sessenta anos, sem jogar futebol regularmente, lá vou eu treinar para os jogos de aposentados do Banco do Brasil e um amigo, generoso, saiu com algo assim: "Olha ele, faz tempo que não joga e quando vem treinar joga muito". Qualquer coisa nesse sentido.
Vou espalhar estas observações para outros pontos da vida. Muitas vezes nós não percebemos como seres com algum talento mais desenvolvido, muitas vezes, não é incomum, vivemos sob a influência de pessoas que dizem cotidianamente crenças limitantes, que terminam por minar, reduzir a nossa capacidade de perceber o que cada um tem de excepcional, minam a confiança própria que podemos ser mais, que em algum momento nos pareceu ser impossível ir adiante.
Estes três momentos do futebol são para mim, no alvorecer dos 64 anos, um alerta e um despertar que em algum canto de nossa mente, de nosso coração, há um talento excepcional para ser mostrado, não pelos outros, mas por nós mesmos.
Pois bem, por hora é só.
Marconi Urquiza
O poder revela ou transforma uma pessoa?
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