sexta-feira, 3 de janeiro de 2025
As aventuras do Demilton
sexta-feira, 13 de dezembro de 2024
Hoje é aniversário de Luiz Gonzaga - não menos.
sexta-feira, 6 de dezembro de 2024
Hoje é minha vez de ser técnico de futebol
Hoje é
minha vez de ser técnico de futebol
O
motivo de escrever esta crônica foi ter assistido o jogo Fortaleza contra o
Flamengo na Arena Castelão, em Fortaleza no ultimo 26.11.2024. Fui para ver o
Fortaleza de perto e vi mais que imaginava. Vi um estádio cheio, lotado, com
98% das pessoas assistindo ao jogo sentados, uma torcida feliz e estádio imenso
e ainda em bom estado, ainda que tenha 10 anos de uso contínuo deste a reforma
para a Copa de 2014.
Naquela
noite paguei caro para ir e para voltar. Na ida um engarrafamento imenso, a
ponto dos motoristas de Uber recusarem a corrida. Só consegui ir porque a atendente
do hotel me ensinou um artifício. Colocar o endereço do BNB. Foi assim que consegui
o Uber. A viagem de 50 minutos foi ótima, com bom papo com o motorista.
Hoje
eu pensei, um jogo de futebol pela TV para mim é espetáculo. Replay, análise
tática, algumas vezes, comentários da partida. da arbitragem. Um monte de câmaras,
perto, de ângulo aberto, do detalhe, da torcida e por aí vai. No estádio,
dependendo do local, a visão do campo é plena, a movimentação dos atletas total,
com bola, sem bola. Com bola é a visão direta, sem bola, a paralela. Para um
olhar treinado, a mente vai registrando outros detalhes e outros aspectos de
cada time.
Digo
que tenho um olhar meio treinado, metade treinado. Mas não foi sempre assim. Há
20 anos só via a correria dos jogadores, até que me tornei comentarista da
Rádio Tambor, na região metropolitana de Surubim, a convite do ex-jogador profissional,
Neto Surubim. Craque da bola e dono de uma verve esplendorosa. Um dia Neto
Surubim foi convidado a fazer parte da equipe de esportes da Rádio Integração e
me levou junto. O Surubim Futebol Clube iria participar da 2ª. Divisão do Campeonato
Pernambucano de 2004.
Ele
participava dos programas diários e eu nos dias dos jogos. Então veio o primeiro
jogo, Neto Surubim com sua habitual desenvoltura ao microfone deu um baile nos
comentários. Aquilo que ele via, eu nem de longe conseguia perceber. Restou-me
fazer a estatística do jogo. Aí um locutor criou o bordão: Marconi e a matemática
do jogo. Até paguei pela criação de um aplicativo para acompanhar algumas jogadas,
bom programa, mas pouco prático, pedi muitas opções.
Então
depois desse baile comecei a ir a jogos profissionais como nunca. Comecei a
estudar sobre futebol. Livros, blogs, site de cá e do exterior, até que li o
livro Universo Tático do Futebol, de Ricardo Drucsky. Minhas percepções
começaram a mudar. Comecei a ver além das correrias dos jogadores.
Técnico-tático, preparo físico, preparo mental, ambiente de trabalho, mental,
salários em dia, local específico para treinamento, liderança. Tem mais.
Vamos
saltar o presente.
Venho
acompanhando o Fortaleza desde a Série C, na Série B para cá só não assisti na
TV mais jogos que o do Sport. A característica que mais era perceptível para
mim é o ataque em velocidade, pelo meio, pelos lados. No jogo contra o Flamengo
isto apareceu muito forte, mas foi neutralizado na maioria das vezes pelo
Flamengo, se por seu conjunto defensivo (meias, volantes e defensores) ou pela
falta tática. Evitar a jogada antes que virasse um perigo de gol.
O
Flamengo naquele jogo foi posse de bola, passes curtos, o tal de 1 - 2: Domina
e toca, com deslocamento curtos e rápidos. Quando a marcação do Fortaleza não
conseguia bloquear saíram várias jogadas rápidas e de contra-ataque em uma
velocidade espantosa, contrariando o 1 – 2, mais lento. Aqui veio uma percepção
que não via nos jogos pela TV e que também passaram distante do meu radar de observador.
É
o seguinte. A defesa do Fortaleza é boa, a defesa e o sistema defensivo. Mais
naquele dia foi a defesa que me chamou a atenção, especialmente no mano a mano
(jogador de defesa contra atacante). Os jogadores conseguiram bloquear os ataques
na maioria das vezes, quanto passava o goleiro atua bem demais.
Em
suma, esse é o quadro resumido do Fortaleza. Que ótimo treinador, ótimo ambiente
e uma gestão do clube fenomenal, a ponto de ser uma SAF (Sociedade Anônima do
Futebol) com recursos próprios. Diferente, por exemplo do Botafogo.
Quando
Filipe Luís assumiu o cargo de treinador do Flamengo ele começou a fazer
mudança. Após alguns jogos o comentarista Paulo Vinicius Coelho (O PVC) escreveu
que com Filipe Luís o Flamengo tinha variação de jogo. No jogo contra o Fortaleza
consegui ver três aspectos fortes.
Marcação
compactada, quase o campo inteiro. Quase sempre com 6 jogadores. Onde estava a bola
estavam os jogadores do Flamengo para não dar espaço para os atletas do
Fortaleza criarem as jogadas de velocidade. Quase como um Futsal com seis
jogadores contra quatro. Por causa disso, a defesa do Flamengo naquele jogo
sofreu pouco.
Arrisco
a dizer que o toque de bola curto, com posse de bola quase sempre, é um
tica-taca parecido com o Barcelona de Guardiola ou a seleção da Espanha em
2010.
O
outro aspecto ou variação de jogo foi a virada, a bola saindo do lado direito
para a esquerda, no primeiro tempo. E no segundo tempo, da esquerda para a
direita. O Michael, velocíssimo, jogou no primeiro tempo pela direita e no
segundo tempo, pela esquerda. Várias
caiu pelo meio e com os jogadores do meio campo chutando de fora da área, ajudado
pelos deslocamentos sem bola do ataque.
Mas
tem outro ponto que estava em campo, mas não é visível a qualquer observador à
distância. A assimilação rápida pelos jogadores das variações táticas implementadas
por Filipe Luís. Por que isto ocorreu? Como isto ocorreu?
Pelo
respeito que os atletas do Flamengo têm de Filipe Luís, ela já era uma liderança,
ele tentou recuperar o ânimo de Gabigol, o tratou com consideração pública,
para todos verem, creio que aumentou ainda a percepção de valor pelos demais
atletas do clube. Então, creio, que por isso a sua gestão ficou fácil.
Bem,
por hoje é só.
Abração,
Marconi.
sexta-feira, 15 de novembro de 2024
O SOM DO GOL
Foi na quarta-feira (06.11.24), treino de futebol
preparatório para a Jornada de Integração dos Aposentados do Banco do Brasil,
que será neste mês em Fortaleza.
Nos reunimos no meio do campo para os avisos de costume,
qual seria a estratégia daquele treino, nas palavras do treinador Júnior, uma
simulação de jogo. Então a primeiro tempo foi o time de hipermaster (entre 65
anos e menos de 70 anos) contra uma
equipe de ultramaster (de 70 anos para frente).
Eu fiquei no banco vendo o jogo rolar, aí acabou o primeiro
tempo e se decidiu que dois times do ultramaster iriam treinar, incluindo
alguns jogadores para completar uma das equipes. Eu entrei nessa hora. Fui para a
lateral direita, não digo ala, pois fico mais recuado, avanço pouco. E o jogo
estava pegado, ótimo para participar, com ataques e defesas constantemente
acionados. Eu estava me divertindo, fisicamente não sentia a habitual falta de elasticidade
muscular, que prende meus movimentos.
Estava fazendo tudo que um peladeiro faz: cortar a bola,
acertar passes, errar mais ainda, tentava não dar chance para toma gol. De tanto dribles de corpo, acertei a marcação de um atacante. Nessa hora só jogava e
pensava defensivamente. E o jogo corria com todos em campo se esforçando para
acertar o ataque.
Em alguns momentos avancei um pouco no início do campo de ataque e logo me posicionava, para junto com os demais jogadores defensivos não tomar gol de contra-ataque. Pois bem, nosso time ataca e ganha um escanteio. Era o começo de uma aventura.
Nisso o treinador Júnior, disse: Vai Marconi. "Eu dei uma corrida curta para a intermediária, quase de frente para o gol, mais pela direita."
Atenção, o escantei vai ser cobrado, é sempre uma jogada pouco aproveitada. Marconi avançou, o que será que vai acontecer. Ele não é de ir para ataque. Ele olha para trás, viu Zé Maria dando cobertura, do lado esquerdo, marcando alto, esta Renazico. Araken, Araken dá dois passos para trás, dois passos, levantou a cabeça, escolheu para quem cruzar. Ele tocou, tocou para trás! Quebrou toda a defesa! O ataque não entendeu.
"E a bola veio serena, queimando a grama, nem devagar e nem
muito rápida, no ponto. Quando vi a bola na minha direção eu corri, corri e
peguei ela em cheio, com o pé direito, com todo o impulso do corpo. Não vi a
bola voando, apenas vi o goleiro Edvaldo levantando as mãos e a bola já
empurrava com força a rede. Quase instantaneamente."
Lá vem a bola rasteira, rápida para Marconi, ele vai dominar e lançar pelo alto para ver se encontra uma cabeça que faça do gol. Ôxe, o que ele fez, isso não foi um chute, foi uma explosão. Torcedor, você ouviu? O microfone captou a explosão, quase atômica, da bomba do chute de Marconi. Repórter, encosta nele e pergunta como foi isso.
Sim, Osvaldo, assim
que terminar vou perguntar o que ele sente por fazer um golaço.
O repórter chegou e eu disse:
— Olha, fiquei contente. Tinha mais 3 anos que não fazia um gol.
— E como foi isso? Você fez algum sinal para Araken passar a bola?
— Nada, fiquei até surpreso da bola vir para mim, só não fiz o normal, que era parar a bola, mas me deu um impulso. Para ser sincero, não lembro se pensei em alguma coisa, apenas agi. De repente era para chutar e eu chutei. Foi assim.
— Você tem ideia da velocidade do chute?
— Eita rapaz, sei não. Rápida, né?
— No minha experiência de repórter esportivo, foi mais de 70 km/h.
— Isso tudo?
— Tudo. Não arrisco dizer que foi mais para não passar por mentiroso.
Sabe, muitas coisas na minha vida eu tive desejo. Alguns realizei, a maioria ficou pelo caminho, mas um tinha um sonho. E esse era fazer um gol de fora da área em um campo grande e fiz perto dos 40 anos lá no campo do seminário de Terra Boa (PR), depois de mais de 20 anos de peladas. Tanto que a partir dele acreditei que poderia chutar de longe, esse gol da quarta, vem desses 24 anos em que o sonho se tornou uma alegria em um domingo frio do inverno paranaense.
Por hoje é só, Marconi Urquiza
sexta-feira, 25 de outubro de 2024
A violência que atravessa os corpos - Édouard Louis
Édouard Louis é escritor francês, 32 anos, seis livros publicados, livros de autoficção, que é o gênero literária como uma autobiografia ficcional. Foi ele que disse que a violência ser como um fluxo, como uma corrente elétrica, repassando a violência para outros!
Ele esteve na FLIP - Feira Literária de Parati e na última segunda-feira foi o entrevistado no programa Roda Viva da TV Cultura. Foi lá que o conheci. Vi na quarta-feira e repeti ontem.
Quis ouvir de novo suas reflexões a respeito da violência como um sistema, especialmente contra os pobres e precarizados.
Falou de um paradoxo que sua mãe revelou, que um livro era para ela uma agressão, de algo que seria inatingível e que ela se sentia humilhada e tinha raiva quando ele aparecia com livros em casa, mas, ao mesmo tempo, sonhava em ter uma casa como a Donald Trump, ainda mais inatingível. Mas mesmo assim, com tal sonho se sentia feliz.
Já na primeira vez que ouvi Édouard Louis o tema da violência ganhou outra dimensão nas minhas reflexões, nas minhas quase autoficções dos três romances que escrevi em que isto é muito forte, dois publicados e um no prelo.
Há tempos que eu perguntava a razão de, ao escrever romances, me voltei para retratar a violência, no sentido amplo do termo. Pois uma violência física também vem acompanhada de uma psicológica e esta pode ser sútil quando for, provoca tanta dor quanto um tiro na barriga.
Então, voltando. Há tempos que eu me perguntava por que essa tendência de escrever romances em que a violência é o personagem oculto; se nos contos e nas crônicas isto não ocorre, são textos suaves, alguns idílicos, como o poema Decreto do Carinho. Este é o meu paradoxo, o confronto com a realidade que me atingiu em diversos momentos da vida e o desejo de que tudo fosse de uma paz imensa.
Enquanto tenta prestar atenção na legenda das respostas do escritor eu me ausentava pensando nas violência percebidas ao longo da vida. Naquela que conduziu minha vida nos últimos 12 anos de trabalho no Banco do Brasil, aquela de minha adolescência, sendo fustigado por ter um espírito independente e de certo modo altivo. Na defesa que achei no silêncio, ora para não sucumbir, ora para não agredir.
Era ele respondendo, e era, sobretudo, eu viajando nas minhas reflexões. Foi tanto que esbarrei nos tempos iniciais que comecei a jogar futebol. Grosso, perna de pau, de levar drible e ainda ser gozado. Da minha imitação, quando me defini com peladeiro defensivo, que para ser respeitado era preciso ser caceteiro (gíria do futebol que indica que o cara bate dos demais jogadores), até que em algum momento eu mudei, comecei a imitar os jogadores mais técnicos da defesa.
Ontem conversando sobre jogar futebol com o Personal da academia eu achei a resposta: para ser respeitado era preciso jogar bem e não necessariamente violento ou viril, na nomenclatura enviesada do futebol. O fato é que me tornei um peladeiro melhor e surpreendentemente para mim, mais técnico. Nunca me imaginei dotado de alguma técnica, mas aprendi a dominar bem a bola, dar um bom passe e outras coisinhas a mais.
Aí Édouard Louis falou: a violência como fluxo... que atravessa os corpos... violência que recebe e faz nos outros como uma corrente elétrica. Nesse momento tive um curto-circuito.
Pela primeira eu tive consciência de que o personagem Aleixo, do romance Decisão de Matar, sou eu e que as suas ações foram as minhas fantasias de vingança pela morte de papai.
Imaginei uma pequena bomba estourando um pneu em uma curva de alta velocidade no caminho de Garanhuns e lá do lado uma ribanceira esperando o carro para despedaçá-lo.
Aleixo criou uma arma, a partir de um tanque de guerra de brinquedo com controle remoto, para poder matar o personagem Carlos Rivera, que nem sequer o havia feito mal, mas havia feito mal a muitos com sua cobiça e desonestidade.
Nisso a entrevista prosseguia enquanto eu fazia tais reflexões, em certo instante ele disse que fugiu daquela situação que o oprimia, ser diferente do sonho que seu pai tinha dele. Das pessoas que o agrediam com palavras, da pobreza e da precariedade em que vivia no norte da França e da literatura que o salvou de alguma forma.
Não posso dizer que escrever o personagem Aleixo e sua história no romance Decisão de Matar me livrou de fluxo de violência, não. Isto ocorreu por que meu próprio pai que nos educou evitando a cultura e o pensamento de vingança, de não cultivar um espírito de rancor, apesar de ter dito que se fosse morto era para nós nos vingarmos. Mas seguimos em frente, juntando os cacos, evitando os encontros que pudessem ocasionar o desejo insano de se vingar.
O que Aleixo fez para mim foi a oportunidade de sepultar aquelas lembranças que um dia tive, com ele enterrei todas as minhas fantasias de ser um vingador e as transformei em uma narrativa ficcional.
Posso afirmar que isto foi maravilhoso, pois não teria tido nenhuma chance de ver os filhos crescerem e de conhecer agora, os nossos netos.
Enfim, Édouard Louis me fez um enorme favor ao me estimular a escrever estas reflexões.
Por hora é só.
Abração, Marconi Urquiza
sexta-feira, 4 de outubro de 2024
Três amigos adoeceram
sexta-feira, 20 de setembro de 2024
Viva os amigos!!!
O poder revela ou transforma uma pessoa?
imagem: Orlando/UOL. Um papo na última segunda-feira entre aposentados do Banco do Brasil que tiveram poder concedido pela empr...
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