Quinteiro não gostava do seu nome, preferia o apelido de Quico. Quando alguém lembrava desse nome em tom jocoso, ele se irritava.
A Páscoa estava chegando e aquele homem decidiu, após muito anos sem ir à cidade onde nasceu e viveu até à adolescência.
Aposentado há muito tempo, pegou o seu carro e saiu com destino certo, mas com paradas aleatórias. Não seria uma viagem curta, pelo menos três dias na estrada se a sua capacidade física permitisse.
Ligou para os filhos, avisou para onde iria. Andava sozinho há tempos.
Arrumou a mala, a bolsa com as roupas que trocaria na estrada. Supriu a nécessaire com os remédios e com os itens de toalete.
Carro sem uso, saía pouco nele, não era raro encontrar teias de aranha nos pneus. Fez uma revisão básica. Faltando três dias para o sábado de Aleluia chegar pegou a estrada. Concentrado e descansado, conseguiu percorrer no primeiro dia 1.100 km, no segundo dia, o cansaço chegou mais cedo e perto das cinco horas da tarde encostou em um hotel com mais 900 km na bagagem.
Faltava cerca de 500 km. Às 4 da manhã do terceiro dia caiu na estrada. Dirigiu rápido, às onze horas ele foi vendo a serra de Santa Teresinha e o coração começou a saltitar.
Entrou na cidade, deu uma volta, reconheceu algumas casas e nenhuma das pessoas que transitavam na rua. "Onde estão meus conhecidos? Morrerão?" Talvez não reconhece mais nenhum depois de 40 anos.
Sentiu sede, lembrou do Bar do Pereira, virou o carro e foi para a rodovia que ligava a sua cidade a Palmeiras dos Índios. Entrou, passou por uma porta, ao sentar chegou o garçom, pediu uma cerveja e uma batata frita.
Daquela mesa ele via a Serra de Santa Teresinha inteira. Estava verde. Havia chovido naquela semana.
Quico levantou o copo e começou a beber, nisso passou um homem, que foi para trás, a 4 mesas de distância. Juntou-se a mais três e sentou. De novo olhou para Quitério, que era servido na segunda cerveja. Lá na mesa do outro homem chegaram mais três amigos, quase todos da mesma idade.
De cabeça baixa o nosso visitante não viu a aproximação do seu vizinho de bar.
Quando deu por si, o homem estava a um metro dele, o olhando fixamente:
— Pois não?
O homem não respondeu e continuou com aquele olhar de quem via um fantasma.
— Diga?
— Venha cá, Quico! Dê um abraço. Ei, turma, Quico voltou!!!
Bem! Hoje é esse continho. Abração a todos.
Marconi Urquiza
sexta-feira, 21 de março de 2025
Viagem de Páscoa
sexta-feira, 14 de março de 2025
Em quase 4 anos
sexta-feira, 7 de março de 2025
Geopolítica - a insensatez com dedo na bomba
Muitas vezes me assaltam preocupações para as quais nada posso fazer, a desta crônica está nesta categoria. Frequentemente tais preocupações ficam apenas comigo, mas hoje não consegui segura-la, segurar a minha percepção sobre este momento em que vivemos.
A respeito do que comentarei há muitas outras percepções para se conhecer, e vale buscar para formar a sua opinião.
Não sou historiador, gosto da disciplina, sou curioso quanto a história e estou acompanhando desde a posse de Trump a sua articulação para demonstrar ser aliado de Putin. Os EUA favorável à Rússia?
Por causa da aparente contradição viajei para uma conversa antiga com um amigo dos tempos do Paraná quando ele alertava sobre conversas, discursos, decisões. Em fim, situações que pareciam claras ou não. Ele costumava alertar: Sempre se pergunte qual a intenção da pessoa; o que "ele" quer de fato. O que está por trás "da sua atitude".
Então vamos a primeira indagação. O que Trump quer de fato com o fim da guerra? Uma coisa parece clara, a parte do leão no acesso as "Terras Raras" que a Ucrânia tem em abundância. Mas por que está tão "empenhado"?
A Rússia ganhando a guerra pode ter acesso a esse mineral valioso (e raro) para a indústria da transição energética, pois quem mais tem esse mineral ´"Terras Raras" é a China e o Estados Unidas importa dela. Não custa lembrar que a Rússia tem hoje "grande amizade" com a China. Esta é uma leitura. A Rússia abastece a China de gás natural.
A outra leitura, bem especulativa, vem da história. Em 1939 a Alemanha Nazista firmou um acordo com a URSS, cujo líder era Stalin, acordo que permitiu a Alemanda e a URSS invadirem a Polônia, fatiando o seu território. A Alemanha saiu invadindo toda a Europa, menos a URSS, em 1941 ela rasgou o acordo e invadiu a URSS (Hoje Rússia).
Então me pus a pensar. A Rússia guerreia com a Ucrânia, que tinha o apoio dos Estados Unidos para se defender. Agora Trump expôs que quer recursos minerais que a Ucrânia tem e ele cobiça. Intermediar o fim da guerra diretamente com a Rússia, excluindo dessas conversas a Ucrânia e a Europa, me pareceu com aquele antigo acordo da Segunda Guerra Mundial e o país a ser fatiado desta vez é a Ucrânia e não a Polônia. Por outro lado, a corrida pelas "Terras Raras" é também uma competição dos Estados Unidos com a China.
Naquela conversa ruidosa de Trump com Zelensky (Presidente da Ucrânia) ele falou que este pode ser o responsável pela Terceira Guerra Mundial. Depois de muitos dias fui reinterpretando aquela arenga, que muitos cientistas políticos dizem que foi uma armação para humilhar Zelensky. .
Além da pressão e da humilhação a Zelensky, para mim havia ali dois recados ou intenções. O primeiro recado foi para Europa: Olhe, cuide de si mesmo, não vou proteger se a Rússia te agredir. Mas penso que tem uma mensagem oculta e ela é a seguinte: Estamos dispostos à ir a guerra pelo precioso recurso das "Terras Raras" e não ficar atrás e nem dependente da China. O acordo secreto, se que existe, dos Estados Unidos com a Rússia me parece ser: Encerre guerra, fique com os territórios ucraniamos invadidos e eu tenho acesso às "Terras Raras".
Aí nessa guerra de interesses, Trump queria ressarcir os gastos americamos com a Ucrânia sem garantir uma paz duradoura e entrar com as empresas americanas naquele país com a anuência de Putin, mas a expectativa, pelo menos é que vazou na mídia, é que as "Terras Raras" seriam compradas.
Então vamos aguardar os acontecimentos e ver se esse pacto, Trump com Putin, não virará uma traição de um dos lados e no fim, o que ninguém deseja, vire uma Terceira e catastrófica Guerra Mundial.
Em tempo, a China declarou que está pronta para guerrear em qualquer dos campos que os EUA quiserem. Então! Então?
Vamos acompanhar e torcer que não ocorra a catástrofe que o livro Nunca, de Ken Follet, narrou. Uma guerra mundial nuclear.
Por hora, essa é a minha preocupação.
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025
Aventura perigosa no Galo da Madrugada
Fonte: Google
Completa 20 anos de uma aventura perigosa no Galo da Madrugada.
Quem só ouviu falar o Galo da Madrugada não tem a menor ideia do gigantismo. Quem viu pela TV tem uma ideia da quantidade de gente que brinca nele. Mas entrar ao meio da multidão se perde a noção do todo, mas ganha na pele o suor e os encontrões que os foliões dão uns nos outros.
Era sábado de Zé Pereira de 2004. Acordei com a vontade de conhecer o Galo da Madrugada, chamei Cida e os filhos, toparam ir Raphael e Philip e também convidei o amigo Alexandre Negri, que topou. Não lembro a hora exata que saímos de Surubim (PE), a 126 quilômetros de Recife.
Viemos em uma Doblô. Para entrar em Recife pegamos a BR 232 na altura do bairro Curado, em Jaboatão dos Guararapes, e seguimos direto para a Avenida Abdias de Carvalho. Logo após cruzarmos a Avenida San Martin tive o primeiro estranhamento. Imaginei, como no Paraná, de onde tinha vindo a menos de um ano que até meio-dia as lojas estivessem abertas. Fui observando a cidade quase sem trânsito e as lojas fechadas, todas.
Seguimos para a Boa Vista, fui por ali procurando um local para estacionar o carro e que não ficasse longe da Rua do Sol. Terminei estacionando na Rua José de Alencar, perto de dois restaurantes. Era cedo, talvez 8 horas, 8 e 30. Dali fomos andando pela Rua da Imperatriz, passando pela ponte de ferro e viramos na direção do palco, que ficava em frente ao prédio dos Correios na Avenida Guararapes. Fomos caminhando até uma posição confortável, com sombra e uma posição ótima para ver o show de abertura. Nenhum de nós sabíamos de nada, sequer buscamos informações.
Pouco a pouco as pessoas iam chegando, o espaço ficando menor, mais apertado e aí Alceu Valença abriu o desfile do Galo da Madrugada cantando no palco. Ao vê-lo cantar dançamos junto com outros foliões. A gente se empolgou e esqueceu tudo ao redor. Lembro até que quando chegamos lá nos posicionamos embaixo do camarote onde estava o meu chefe no Banco do Brasil, Valdenir Diniz. Ele falou alguma coisa, mas pouco entendi que quis dizer.
Em certo instante, Negri levou um encontrão de um mala que queria lhe roubar a câmara fotógrafica, estava chegando a hora de sair. Alguns minutos depois eu senti um frenesi na multidão e olhei para trás. Ainda distante, cerca de 200 metros, vinha o primeiro trio elétrico percorrendo a estreita Rua da Concórdia, se aproximando da Praça Joaquim Nabuco.
Então decidimos sair dali, olhamos a Ponte Duarte Coelho e nos pareceu ser o caminho mais lógico, por que era a saída mais próxima de onde estávamos.
Formamos uma fila indiana. Negri seguiu na frente, como abre-alas, eu em segundo e segurando na mão de Philip, bem pequeno, depois Raphael e Cida. Eu até imaginei que a saída fosse ser fácil, com a urbanidade das pessoas permitindo que crianças pudesse sair dali normalmente. Mas um tsunami humano vinha em sentido contrário. Era gente com o único objetivo de ir para o meio da múltidão e nos viam (intuitivamente) como obstáculo para seu objetivo de brincar no Galo.
Ao final de muitos minutos (20 ou 30 minutos) conseguimos chegar ao meio da ponte e pudemos respirar mais tranquilos. Cruzamos a barreira policial e seguimos pela Avenida Conde da Boa Vista até onde estava o carro. Em daqueles restaurantes almoçamos e depois voltamos para nossos lares, são e salvos.
Ótimo carnaval para todos.
Abração, Marconi Urquiza
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
EXPLOSÃO DE UMA PAIXÃO
Na última quarta-feira estava ouvindo o programa com Geraldo Freire na rádio CBN Recife. Geraldo Freire com Wagner Gomes no quadro Acerto de Contas a partir das 9.00h. É um ótimo programa, diversificado, há momento que é divertido. Muito informativo. São mais 4 debatores, todos eles advogados atuantes.
Logo no início, se a memória não falha, Geraldo Freire colocou para discursão o caso da denúncia da Procurador Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e mais 33 pessoas.
O debate parecia que se encaminharia forte, mas tranquilo, com bons argumentos, tanto a favor quanto contra ao que se colocou o PGR. Maurício Rands abriu o debate, informou aos ouvintes que leu a denúncia até 2 horas da madrugada e que ela contém fundamentos probatórios que justificam a denúncia.
A primeira contrariedade de um dos debatores, a favor de Bolsonaro, foi ao comentar o que o comentárista da CBN Wálter Fanganiello Maierovitch, no seu comentário do dia anterior, já definia Bolsonaro, antes mesmo do julgamento, como culpado. Da denúncia em si nada falou. Achei, enquanto ouvia o rádio, que esse debatador não lera o documento. Nesta hora, apesar da serenidade aparente havia contrariedade na voz desse debatedor.
Logo depois surgiu o primeiro sinal da paixão. Começou a haver interrupções na fala uns dos outros. São dois de direita e dois de esquerda. Não gosto dessa nomenclatura, mas ela é facilita a comunicação.
O programa prosseguiu e nessa altura estava passando pela fábrica da Jeep em Goiânia (PE). O sinal da rádio flutuava de ótimo a mediano, mas ainda era audível e principalmente compreensível.
Então Geraldo Freire lançou outro ponto para as reflexões e análise dos debatores. Vou frisar: homens, creio que passado dos 50 anos, advogados. Estou excluindo Geraldo Freire e Wagner Gomes.
O ponto agora foi uma análise e opinião sobre uma pesquisa recente sobre as instituições brasileiras. Geraldo Freire informou que entre dez brasileiros, sete desaprovam o Exército.
Nisso indagou se isto deveu-se ao 8 de janeiro e aos acampamentos na frente dos quartéis.
Um dos debatedores se posicionou que aqueles acampamentos só existiram porque os comandantes das guarnições militares permitiram, ao ouvi-lo me pareceu ponderado, mas senti uma ponta de ironia, como se sutilmente provocasse um dos debatedores. Nem teve tempo de concluir, foi interrompido com argumentos bem distantes do assunto colocado por Geraldo Freire. Esse debatedor trouxe, nessa altura, cheio de raiva, uma "invasão do MST" ocorrida durante o governo de Temer. Naquele momento pensei: mas o MST não foi pesquisado e não era o foco da pergunta, era o Exército.
A coisa começou a desgringolar no ar e a transmissão saiu do ar para mim, segundos depois voltou e já se ouvia os comerciais. Fiquei com a impressão que Geraldo Freire deu um jeito de encerrar aquela virulenta manifestação no ar.
De certo modo aquela explosão me assustou, acho que ainda mais por se tratar de profissionais que tem em suas vidas o debate e o contraditório como regra.
Nada havia naquele minuto qualquer lembrança da voz pausada de quando faz suas análises com equilíbrio, era como se quisesse abafar qualquer pensamento contrário à sua paixão. Essa "insanidade" tão frequente nos humanos e que provoca desastres e destruições de vidas.
Não deixei de pensar em parte do livro de Jessé Souza, quando analisa a elite de São Paulo. Aquele homem é da elite brasileira, muito diferente do que o autor trata em Pobre de Direita, mas o que senti, tanto lá como cá, que o que moveu o cidadão, pela reação verbal bruta, foi a moral. O sentimento.
Será que ele é um ressentido e humilhado, motor da adesão à direita do pobre brasileiro?
Bem, a minha fase é de reflexão.
Abração, Marconi Urquiza.
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
1978 - O primeiro desafio
Spoiler:
Você vai ler um tema delicado. O contexto e a opinião são meus, a história e a percepção também, mas pode ser que arranhe a sua própria história de vida.
Meu primeiro voto e desafio foi em 1978, em eleição para deputados e senadores. Naquela eleição poderia se votar para senador de um partido diferente dos votos para deputados estadual e federal. Eu, como muitos jovens naquele período queria votar no MDB. Papai que era da Arena já tinha dado o recado. Para senador eu estava livre para votar, mas para deputado tinha que votar nos que ele apoiava. Não lembro qual foi o candidato a deputado federal, mas o estadual foi Carlos Caribé.
No instante em que entrei na cabine de votação o mundo parou para mim. Fiquei dois, três minutos para votar, resistindo ao que papai queria e à minha própria vontade. Depois que o mesário me chamou à atenção, terminei de votar e saí do prédio e fiquei da rua parado, desapontado por ter votado no Carlos Caribé. E ali parado no meio do sol no rosto, "com aquele gosto de sabão na boca."
Desde 1976 percebia um sentimento que crescia na cidade nas épocas das eleições e se espalhava feito água miúda, que a princípio é apreciada e depois afoga a terra. Não era um fenômeno explosivo, que surge como uma erupção vulcânica. Está mais para uma semente adormecida que viceja quanto a chuva chega.
Aquele sentimento vinha, sumia, ao sumir permitia que quase inimigos nas eleições pudessem se encontrar, conversar e até beberem juntos como pessoas civilizadas. Daqueles que admitem pensamentos contrários aos seus.
Mas esse sentimento me parecia ser como uma erva daninha que ia tomando o coração de muita gente. Uma erva daninha imensamente resistente às secas, até que com um pouquinho de chuva voltava cada vez maior, até tomar conta do manancial de afeto que fica no "coração".
Como leigo, tentar descobrir a causa disso foi o maior desafio, a partir das minhas reflexões sobre este sentimento e os comportamentos derivados dele na minha cidade. Isto enquanto por lá vivi e pude conviver periodicamente. Dos 15 aos 22 anos. Depois sumi da cidade.
O tempo passou e comecei a escrever um romance, O último café do Coronel. Enquanto desenvolvia o texto o sentimento e a busca por uma explicação lógica, vou enfatisar: lógica. A busca por uma explicação voltou, achei uma, digamos assim. Depois li um livro, Guerreiros do Sol - o banditismo no Nordeste do Brasil, que deu-me outra ideia para o que ocorria em Bom Conselho (PE) na época das eleições.
Com as minhas reflexões e a leitura do livro de Frederico Pernambucano de Mello entendi que a resposta para a causa daquele ressentimento entranhado na alma de muita gente da cidade estava explicada.
Chega 2025, andei vendo vídeos onde o sociólogo Jessé Souza é entevistado. O primeiro e mais longo foi em Reconversa (You Tube), com entrevista de Reinaldo Azevedo e Waldrido Warde. A entrevista versou especialmente sobre o livro Pobre de Direita - a vingança dos bastardos. Comprei o livro.
Li 80% dele, estou naquela fase de refletir sobre o contéudo para poder continuar com a mesma atenção e tentativa de neutralidde diante da leitura e do que contem o livro. A fase da leitura é a das entrevistas e reflexões que o autor coloca diante das respostas dos entrevistados.
Durante a leitura voltei ao meu sentimento sobre as causas daquela mágoa poderosa, daquele ressentimento entranhado durante o tempo que vivi e convivi em Bom Conselho, e nessa última reflexão, a partir do que Jessé Souza observou, vi que estava ali parte da causa, o poderoso sentimento de Humilhação, que se tornou um catalisador político no Brasil. De certo modo que já estava lá em Bom Conselho há 60 anos. Menos a virada moralista que ocorreu a partir de 2018.
É um livro poderoso, que se puder, se deve ler com calma, tentando não deixar as impressões e preferência de voto interferirem na compreensão do texto.
Bem por hora, é o que tenho.
Abração, Marconi Urquiza
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025
Ai que saudade d´ôce
Naquele sábado, 09 da janeiro de 1982, era uma da tarde, saí de uma pequena rua só com entrada, por trás do edifício Garanhuns, na Boa Vista, no Recife. Virei à esquerda, ela estava na calçada, levantei a mão e balancei a minha saudade, uma saudade feroz que só não foi maior naquela viagem por que eu ia rumo ao desconhecido. Viajei sozinho. Era preciso concentração.
Durante uns 100 quilômetros, até Bezerros, bem que a frase da canção foi meu lema, sem nem conhecê-la:
Eu chorando pela estrada, mas o que eu posso fazer?Eu gosto mesmo é d'ocê
Estava a caminho da posse no Banco do Brasil. Tudo novo, uma vida nova, um despontar para a descoberta do mundo do trabalho, o que me obrigou a me virar pelo avesso, criar amizades, vencer a timidez e a lentidão ao datilografar, uma enorme exigência daqueles tempos.
Não se admire se um dia um beija-flor invadirA porta da tua casa, te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade d'ocê
Faz tempo que eu não te vejo
Quero matar meu desejo
Te mando um monte de beijo
Ai que saudade sem fim
Eu gosto mesmo é d'ocê.
O poder revela ou transforma uma pessoa?
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