Fiz algumas leituras nestas duas semanas que me deram uma certa saudade. A primeira leitura foi o romance Em Agosto nos Vemos, de Gabriel Garcia Marquez. Uma história tão curta e tão boa que fiquei com a sensação de "quero mais". Outras duas leituras foram textos em que os escritores falam de um ponto dos seus passados que os alegrou, deixou um que de saudade como o sabor da rapadura sugada lentamente.
Terminei o livro e me pus a folhear as informações sobre a carreira de Gabo, a lista dos seus livros e fui cair em um final de semana de 1984, que por falta de grana não fui para Recife, onde todos os colegas solteiros viajaram e fiquei só todo o final de semana na república. Mas naquela sexta-feira um colega havia me enprestado Cem Anos de Solidão, leitura finda no domingo à tarde. Dois dias de leitura, sem precisa de um dicionário. Fiquei ao mesmo tempo contente e desapontado, "como é que uma família se acaba em 100 anos?".
Alguns dias depois da leitura voltei a passear pelas páginas do Em Agosto nos Vemos e parei na página da enumeração das obras do autor. Aí fui contar. São vinte romances. Li 13. Imaginava que havia lido apenas 10 romances. São eles.
- O amor em tempos de cólera - livro lindo sobre o amor que persiste até a velhice;
- Cem anos de solidão - famoso;
- Crônica de uma morte anunciada - ao ler parecia que via a um filme, tamanha a perfeitção narrativa;
- Em agosto nos vemos - as aventuras amorosas de uma mulher na meia idade;
- Os funerais de Mamãe Grande - li em espanhol, levei 6 meses. A maior teimosia com um romance;
- O veneno da madrudaga (A má hora) - li, também espanhol, mais 90 dias teimando. Onde a fofoca e a mentira tira um povoado do prumo.
Estes três romances me parecem com uma temática parecida, a velhice, a perda do poder e um certo abandono que os personagens têm quando idosos, são eles:
- O general em seu labirinto;
- Ninguém escreve ao coronel e
- O outono do patriarca.
Sabe, anos depois quando comecei a escrever romances, o estilo de Gabriel Garcia Marquez havia se impregnado na minha alma e eu, sem perceber, escrevia em um estilo que se assemelhava ao dele. Não digo por mim, mas de opiniões de amigos que leram os meus romances me deram. Claro que fiquei feliz, muito feliz. E também sendo sincero, fiquei surpreso. Hoje penso que entendo, depois de ler 13 livros dele, 11 dos quais em poucos anos, alguma coisa haveria de ficar, além do enorme prazer de passear por todas as suas histórias.
Ao ler Em Agosto nos Vemos voltei a passear pelas vidas emanadas pela maestria de Gabriel Garcia Marquez. Se não leu, escolha um, se não tem paciência para romances grandes, leia Crônica de uma morte anunciada ou Em Agosto nos vemos, se o amor lhe atrai, vá em O amor em tempo de cólera. Mas leia, o Gabo é bom demais.
Por hoje é só. Abração.
Marconi Urquiza
Em tempo:
Os abaixo não lembro os enredos:
- A incrível e triste história de cândida Erêndira e sua avó desalmada;
- Memórias de minhas putas tristes;
- Notícias de um sequestro;
- Do amor e outros demônios.


